Numa inversão de papéis, o Metrô de São Paulo agora está em dívida com o Consórcio CEML, formado pelas construtoras OAS e Queiroz Galvão e a fabricante Bombardier. Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo neste domingo, a companhia acumula R$ 10 milhões de pagamentos desde abril que prometeu desmobilizar os canteiros de obras na Linha 15-Prata a partir de amanhã. Há alguns dias, o Metrô havia se comprometido a quitar o valor, mas nada aconteceu.
A obra em questão é a extensão das vias após a estação Jardim Colonial, necessária para permitir que os trens de monotrilho possam fazer a manobra de retorno sentido Vila Prudente. Ela é parte de um aditivo de R$ 66,3 milhões assinado pelas duas empresas no ano passado e também inclui outra extensão, na aveninda Anhaia Mello. O CEML é responsável pela construção das vias do ramal, pátios de manutenção e toda a parte de sistemas, incluindo os trens Innovia 300 que passaram por uma situação vexaminosa em fevereiro quando houve o estouro do pneu de uma das composições.
Sem entender as causas do incidente, o consórcio solicitou ao Metrô que suspendesse a operação na linha até resolver o problema, o que só ocorreu em junho, causando prejuízos imensos à companhia e aos passageiros. O governo do estado, inclusive, pleiteia uma indenização por parte das três empresas.
Agora, a situação é oposta. De acordo com fontes do jornal, a suspensão dos pagamentos foi tomada pelo secretário de Gestão, Mauro Ricardo, que está revendo todos os contratos do governo por conta da queda na arrecadação causada pela pandemia. Ainda segundo a reportagem, tanto o Metrô como a Secretaria dos Transportes Metropolitanos estariam incomodados com a dívida por serem alvos de críticas pelo problema.
O CEML possuía 120 funcionários no trecho em obras, na região da avenida Ragueb Chohfi. Apesar da suspensão dos trabalhos, o avanço é grande e não deve refletir em grande prejuízo caso o governo Doria resolva o impasse nas próximas semanas.
Vale dizer que as obras da estação Jardim Colonial, contradadas com outra empresa, a Somague, seguiam normalmente até a semana passada.