Dez dias após o secretário Alexandre Baldy visitar as obras da estação Varginha, da Linha 9-Esmeralda, e prometer sua entrega no ano que vem, o cenário no canteiro da Engibrás, empresa responsável pela sua construção, permanece desolador.
Imagens aéreas gravadas pelo canal iTechdrones nesta segunda-feira (1) mostraram um pequeno movimento de funcionários no local, mas sem qualquer sinal de retomada, como previsto pelo chefe da pasta dos Transportes Metropolitanos.
Entre as poucas mudanças estão a instalação de andaimes e suportes para uma futura concretagem de viga da cobertura da plataforma, um trabalho que a construtora havia iniciado em setembro do ano passado.
Há material como ferragens e blocos espalhados pelo canteiro, mas no geral os prédios seguem praticamente na mesma situação há vários meses.
Desentendimentos
No dia 22 de janeiro, Baldy esteve no canteiro acompanhado do presidente da CPTM, Pedro Moro, e da presidente da Engibrás, Elaine Ferreira. Em vídeo publicado em seu Instagram, Baldy afirmou que a “obra está sendo retomada de acordo com todas as tratativas que foram realizadas entre o governo do estado, a CPTM e a Engibrás para que nós possamos ter aqui as pessoas trabalhando”.
O secretário ainda solicitou a Moro que as obras fossem acompanhadas semanalmente para que o compromisso do governo, de entregá-la até 2022, seja cumprido. O presidente da CPTM reconheceu o prazo apertado enquanto a dirigente da construtora declarou que a entrega da obra seria feita “dentro do menor prazo factível”.
Por fim, Baldy garantiu que não há custos adicionais para isso, apenas a retomada do contrato, sem explicar a razão de a Engibrás ter feito tão pouco nesse período já que está à frente do projeto desde maio de 2019.
Dias antes desse encontro, o secretário havia sugerido que medidas drásticas seriam tomadas por conta da paralisação. A lentidão da retomada, no entanto, ainda não corrobora as afirmações de que a situação está de fato resolvida.
O site questionou o governo a respeito dos problemas, mas não obteve qualquer resposta desde a publicação do artigo que revelou que as obras estavam paradas. O contrato entre a CPTM e a Engibrás tem valor de R$ 87 milhões e realmente não recebeu nenhum aditivo até aqui. O prazo de vigência é de 18 meses, ou seja, já ultrapassou o cronograma sem que houvesse uma evolução mínima das obras.
O que se vê nas imagens são apenas duas estruturas, a plataforma e o prédio de salas técnicas, ambos praticamente levantados pelo consócio anterior da obra. Deduz-se que possa existir algum tipo de desentendimento quanto ao escopo do projeto, como diferenças entre o que a CPTM afirmou e o que a empresa encontrou, por exemplo, algo comum em contratos públicos. Ou, então, algum problema de repasse de pagamentos, entre outros.
Nada disso, no entanto, explica porque a obra da estação não avança se não há impedimentos burocráticos, aparentemente – vide a evolução de Mendes-Vila Natal. Talvez Baldy tenha que visitar Varginha com mais frequência para que a obra saia mesmo do papel.