Sem aviso, CPTM entrega o último trem chinês da Linha 13-Jade

Ramal passa a ter oito composições da Série 2500 exclusivas, mas que ainda precisam corrigir algumas pequenas falhas
Último trem chinês entregue (Carlos Vitor)

Apesar do atraso do cronograma original, a CPTM realizou nesta quarta-feira, 03, na estação Luz, a entrega da oitava e última composição da Série 2500, trens encomendados da fabricante CRRC exclusivamente para a Linha 13-Jade. Considerado um dos trens mais modernos da companhia e dotado com itens especiais pensados para o conforto dos passageiros que vão ao aeroporto, o trem ainda acumula algumas pendências que deverão ser resolvidas com o passar do tempo.

Os trens foram adquiridos ainda na gestão do antigo governador Geraldo Alckmin. As oito composições de 8 carros cada uma saíram pelo valor de R$ 316,7 milhões. Apesar de encomendados, não tiveram a oportunidade de realizar a operação na estreia da Linha 13-Jade em março de 2018, que desde então conta com frota de outras linhas para operar, cenário que deverá mudar de forma definitiva conforme os trens asiáticos forem apresentando melhores índices de confiabilidade.

Apesar da celeridade da fabricante chinesa, apresentando o trem pronto praticamente depois de dois anos de projeto e fabricação, as composições tiveram que aguardar bastante para operarem de forma regular pela linha que serve ao aeroporto internacional. O motivo é que, como todo o grande projeto, falhas existem e precisam ser corrigidas. Algumas podem ser constatadas de forma mais visível como a soldas de ponto com sinais de ferrugem (vale lembrar que o trem é produzido com aço inoxidável, o que deveria evitar essas ocorrências), riscos, erros cromáticos em comunicação visual, erros de tradução e a icônica, porém, bizarra voz eletrônica de anúncio ao passageiro totalmente fora dos padrões que se espera de uma empresa do porte da CPTM.

Adesivos com cores fora do padrão foram encontrados nos primeiros trens (Jean Carlos/SP Sobre Trilho)

Outras falhas mais invisíveis são aquelas relacionadas ao sistema de controle do trem, o ATC, que vez ou outra pode apresentar instabilidades, segundo apurou o site. Alguns passageiros que já usaram os novos trens podem ter reparado em frenagens bruscas ou até mesmo paradas fora de marco, ou seja, não respeitando os limites da plataforma. Isso muitas vezes ocorre por alguns desajustes neste sistema, vital para que os trens possam operar de forma segura pelas linhas da companhia.

A propósito, o trem também com o sistema ATO (Automatic Train Operation) embarcado, porém, não comissionado, o que faz com que o Série 2500 ainda não possa ser explorado em seu pleno potencial. Para que isso ocorra é necessário que a CPTM possa finalizar de forma definitiva o contrato para implantação desse sistema nas vias da Linha 13-Jade, o que por enquanto não tem data para ocorrer. A mesma coisa ocorre com o sistema de abertura de portas por parte do passageiro através de botões dentro de fora do salão. O sistema, até onde é possível constatar, está isolado e não há previsão para que seu funcionamento ocorra.

Botões para abertura de portas não estão em funcionamento (Jean Carlos/SP Sobre Trilhos)

Cabe ressaltar o esforço da companhia em prover para a população bons serviços, e com isso trens que atendam às expectativas dos passageiros. Apesar das falhas que possui, e que serão sanadas em tempo hábil pelas equipes de manutenção, os trens apresentam bom nível de conforto, salão amplo, boa comunicação visual e inclusive um sistema inédito de contador de passageiros. Para uma linha que completará neste ano de 2021 três anos de idade, certamente é um grande presente ter uma frota própria para operar neste importante trecho da malha ferroviária da CPTM.

O sistema de contador de passageiros foi uma das principais inovações dos trens (Jean Carlos/SP Sobre Trilhos)

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