Com tempo de viagem 55% superior à Linha 18 do Metrô, corredor BRT ABC será lançado nesta sexta-feira

Corredor de ônibus que será implantado pela Metra fará a viagem entre São Bernardo e o Sacomã em 40 minutos no serviço expresso. Ramal de monotrilho cancelado por Doria previa viagem mais longa em menos de 26 minutos até o Tamanduateí
Vendido como equivalente ao metrô, corredor da Metra demorará ao menos 15 minutos a mais que Linha 18 (GESP)

Vinte meses após anunciar o cancelamento da Linha 18-Bronze do Metrô, num retrocesso até então inédito em mobilidade urbana em São Paulo, o governador João Doria apresentará nesta sexta-feira, 7, o projeto do ‘BRT ABC’, corredor de ônibus que será implantado e operado pela empresa Metra.

A má notícia (entre tantas outras) para a população do ABC é que o prometido sistema de transporte “equivalente a um metrô” levará nada menos que 40 minutos para percorrer o trajeto entre os terminais São Bernardo e Sacomã, um dos destinos do corredor, que também deve atender a estação Tamanduateí, como faria o ramal de monotrilho.

O tempo de viagem é 55% superior ao estimado para a Linha 18-Bronze, que partiria de uma distância maior (estação Djalma Dutra) e levaria pouco menos de 26 minutos para percorrer 15 km. A grosso modo, serão perdidas cerca de 10 horas mensais, ou mais do que um dia de trabalho no caso dos usuários do futuro corredor que pretendem chegar à rede metroviária de São Paulo no modal substituto.

Mas pode ser pior: a viagem de 40 minutos, segundo o governo, é o tempo que levará o serviço expresso, ou seja, ônibus que venham a parar em mais pontos demorarão ainda mais para chegar ao seu destino.

Segundo a gestão Doria, o corredor exclusivo terá 18 km, 20 paradas, três terminais (ao menos dois deles existentes) e uma frota de 82 ônibus elétricos articulados com ar-condicionado. Pouco provável que se tratem de trólebus já que o custo de implantação seria mais alto, portanto é esperado que sejam modelos com baterias.

Linha 18-Bronze: viagens de 15 km em 26 minutos (Fernandes Arquitetos)

Nem tão capaz, nem tão barato

As diferenças entre os pretextos levantados pela gestão Doria e a realidade do projeto do corredor não se resumem ao maior tempo de viagem. No final de abril, o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, um dos maiores defensores do projeto, divulgou cifras maiores para tirar o BRT do papel, de “mais de R$ 1 bilhão” e que os ônibus transportariam diariamente 115 mil pessoas.

A despeito desse valor ser bancado exclusivamente pela Metra, trata-se de mais um argumento falso usado para justificar o cancelamento da linha de metrô já que na época estimava-se um custo de apenas de cerca de R$ 680 milhões.

Outra falácia dita em julho de 2019 era de que “O BRT pode ser implantado em 18 meses, a partir do início de sua construção, e tem capacidade para transportar até 340 mil passageiros por dia”, segundo comunicado do governo à época. Ou seja, somente 115 mil usuários equivalem a um terço da promessa de Doria.

Talvez esteja aí a única informação confiável sobre o BRT, o fato de transportar menos pessoas. Com mais tempo de viagem, num veículo menos confortável e seguro e não conectado à rede sobre trilhos, o corredor de Doria naturalmente deve atrair menos passageiros.

O monotrilho, ao contrário, teve sua capacidade estimada em 340 mil obtida por estudos oficiais e públicos, algo que nesses quase dois anos a Secretaria dos Transportes Metropolitanos, comandada por Alexandre Baldy, não ousou apresentar, apesar das seguidas promessas.

Sobre o prazo de implantação exíguo, mais perguntas do que respostas. Segundo Morando, o BRT ficará pronto em dezembro de 2022 (quando se encerra o atual mandato de Doria), com as obras “começando nas próximas semanas”.

Resta entender (se é que existe alguma explicação plausível) como um projeto que ninguém viu e que terá reflexos por onde passa pode começar a ser implantado de uma hora para outra. Além disso, ser concluído em apenas 18 meses já que a assinatura da extensão do contrato de concessão da Metra foi assinada no final de março, portanto há apenas 40 dias.

Será realmente bastante ilustrativo ver a partir de agora na prática o que governador tucano preparou para a população do ABC Paulista após tirar o metrô dos planos da região.

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  1. SINCERAMENTE, isso tudo não passa de um teatro apenas para ganhar dividendos políticos, vão fazer um corredor de ônibus meia boca para a METRA expandir suas linhas e faturar mais só isso (fora todo o esquemão que montaram para as demais linhas de ônibus no ABC que se Deus quiser o MP vai conseguir anular), no fundo o projeto do metrô deverá ser desenterrado, quem está desenvolvendo esse projeto do BRT já sabe que a população não irá se utilizar desse transporte ridículo que será disponibilizado, vai levar uma hora para se chegar no terminal sacoman (com sorte e se não chover) com a linha convencional, nesse mesmo tempo você vai e volta de carro a esse ponto, ABSURDO, FORA DÓRIA SEU “JESTOR” DE M***A!!!!!

  2. eu fico perplexo como nosso povo em geral está acomodado com tantos desmandos.

    já nao bastam os pedagios caros e lucros absurdos de concessionarias. os contratos que o governo de SP faz na area de transportes metropolitanos sao dignos de uma CPI que nunca saiu.

    o monopolio que está se formando com a CCR nos trilhos, com concessoes desnecessarias, com contratos de avó para neto, que causam prejuizo ao erario publico, com pagamento de multa bilionaria as vesperas de um leilao, q misteriosamente ninguem contestou, ainda tem a desculpa no imaginario de algumas pessoas da ideia de “privatiza que melhora”, visto o sucateamento proposital nas estatais, para causar tal impressao.

    no entanto a mudança de monotrilho para BRT causa mais estranheza ainda. primeiro porque o monotrilho já era uma PPP, ou seja, já teria investimento privado. segundo porque a desistencia vai cobrar do erario prejuizo uma multa bilionaria, praticamente o valor q se espera gastar com o tal do BRT. e terceiro, porque é um “downgrade” imenso, principalmente agora q já está se dominando a tecnologia de construçao e operaçao do monotrilho, q está tendo como cobaia a linha 15. um contrato de concessao estendido para a metra, q em troca de um investimento no BRT ganha o dominio de toda a regiao do ABC. sem explicaçao, sem estudo, sem nada. tudo na canetada, tudo debaixo dos panos. como se fosse uma mafia com a qual nao se pode mexer.

    tudo muito estranho nesse BRT, principalmente o silencio da grande maioria em nao questionar minimamente este absurdo: midia, ALESP, MP, oposiçao, populaçao, midia especializada …

  3. E lamentável. Dizer que o metrô, ou monotrilho, seria caro demais, ao passo que o BRT seria mais barato. Isso só me cheira um lobby para beneficiar um grupo que já dominava o transporte público do ABC, Agora com um presente para este grupo com a renovação da concessão por mais 30 anos e ampliação da área de atuação, podendo eles terceirizar o serviço. Jogou-se fora todo planejamento e estudo para implantação de um sistema de transporte que poderia ser muito melhor, só nao mais do que o metrô convencional. Agora tem-se uma multa que o governo terá que paga para o consorcio Vem. Essa conta não será fechada por menos do que o valor que o governo deveria investir nas desapropriações.

  4. É um erro atrá de outro.
    Quando pensamos que não poderia ficar pior, esse BRT fica.
    A linha 152 da EMTU, com todos os problemas possíveis, faz o trajeto Sacomã-Centro de SBC em 30 minutos.
    É impensável pensar que um trecho de 14km leve tudo isso! Meu Deus!

  5. Tudo não passa de pura armação e uma trapassa contra a população para privilegiar os empresários da Metra, amigos do João Dória, que não passa de mais um empresário ganancioso e ávido por poder que se mete na política apenas para defender os interesses de seus parceiros de negócios e passar a mão no erário público.

  6. Uma tremenda falta de respeito com a região do ABC, esse modal já vai nascer saturado e ineficiente naquilo que se propõe, o tempo de viagem deveria junto com a capacidade de trasportar pessoas ser o ponto de partida de qualquer projeto de mobilidade urbana. A implantação de um sistema com maior capacidade e velocidade de deslocamento agregaria qualidade de vida pois economizaria o tempo preciso de milhões de pessoas. Não sei se ainda é possível a alteração dess projeto espero que alguém tenha q desencia de rever a substituição do monotrilho por esse ônibus articulado que será batizado com um nome moderninho.

  7. Isso é só propaganda eleitoral dos tucanos Doria , Orlando e Carla Morando…. O prefeito de Santo André nem quis participar da apresentação do projeto , mandou o vice. Como obras podem começar em poucos dias se nem aquele favela da beira do Ribeirão dos Meninos foi retirado?

  8. Parabéns aos comentários. Muito lúcidos . Concordo plenamente, e acrescentaria a situação de caos que a construção e a operação deste BRT trará ao viário por onde será construído. Não sobrará espaço para carros ou demais linhas de onibus

  9. Vão pintar só as faixas e colocar os ônibus. E lamentável.. tudo muito obscuro…cadê o ministerio público pra investigar?

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