Depois da polêmica sobre a derrubada de árvores numa praça na Zona Leste, que atrasou as obras da Linha 2-Verde em 10 meses, na semana passada uma nova manifestação com prerrogativa ambiental surgiu em relação ao Metrô, desta vez na Linha 6-Laranja.
Moradores do Bixiga denunciaram ao Conpresp, Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo, a remoção de vegetação da encosta localizada na rua Almirante Marques Leão, onde será construído um poço de ventilação do ramal.
Segundo afirmou um integrante do movimento “Salve Saracura” ao site G1, o local é uma área de nascentes e encostas verdes. Chamada de Grota do Bixiga, a encosta foi tombada em 2002, mas o próprio Conpresp já autorizou a construção de edifícios residenciais na mesma rua.
A Acciona, responsável pela construção e operação da Linha 6 chegou a fixar uma placa com a autorização da Cetesb. A construtora afirmou em nota ao site que “o projeto contempla a construção do VSE Almirante Marques (Ventilação e Saída de Emergência), que ficará localizado na Rua Ulisses Paranhos, 78. Até o momento não foi realizada nenhuma obra na região citada, exceto a fixação da placa de Autorização de Supressão Vegetal (ASV) com a emissão no dia 29/04/2021, pela CETESB da autorização nº 20972”.
A construtora explicou ainda que “as demais autorizações seguem cronograma conforme o avanço das obras”. Ao G1, o Conpresp disse não ter recebido nenhuma solicitação de intervenção na área. No entanto, o órgão, analisou o projeto da Linha 6-Laranja em diversas ocasiões.
Em 2012, por exemplo, a entidade enviou o ofício nº 1.599 ao
Metrô em que se mostrou favorável à concepção do projeto. Em 2015 e
2016, o órgão também seguiu autorizando a evolução do projeto desde
que observadas algumas exigências: “Adequar os projetos às
diretrizes já
estabelecidas para os imóveis ou lotes situados no perímetro da
Resolução 22/CONPRESP/2002 – Tombamento do Bairro da Bela Vista, e
identificar o contribuinte e o endereço dos lotes que formam as
estações: VSE Almirante Marques e Estação Praça 14 Bis”, diz texto
publicado no Diário Oficial em março de 2016.
Nessa época, a obra estava sob responsabilidade da concessionária Move São Paulo, mas que suspendeu os trabalhos seis meses depois.
Córrego Saracura
O site tentou encontrar mapas que mostrassem com clareza a localização do Córrego Saracura, motivo do protesto dos moradores, mas os documentos observados não mostram com precisão essa informação.
Causa estranheza, no entanto, que a mobilização ocorra cerca de uma década depois que já se sabe que o terreno tem previsão de receber obras. Assim como no caso da Linha 2-Verde, houve tempo para discussões e propostas que visassem reduzir o impacto ambiental ou histórico.
Foi o caso, por exemplo, da futura estação Bela Vista, próxima ao local. Em 2012, para evitar a demolição de pelo menos 30 imóveis com importância histórica para a cidade, o Metrô mudou o projeto que previa acessos em endereços tombados, após pedido do Conpresp. Situação semelhante ocorreu na estação São Joaquim, onde haverá a ligação com a Linha 1-Azul.
Embora seja primordial minimizar impactos negativos, é inevitável o impacto de uma obra do porte de uma linha metroviária subterrânea. Mas é importante colocar nessa conta o benefício ambiental e social que ela trará.
No caso da Linha 6, por exemplo, estudos da época de sua concepção estimavam a eliminação de quase 110 mil toneladas de poluentes por ano graças à redução do uso de veículos a combustão. Argumento mais favorável ao meio ambiente do que esse é difícil de encontrar.
Não me parece que o metrô vai construir na encosta, e o córrego saracura e um córrego que forma o córrego do Anhangabaú e esses córregos infelizmente não correm mais a céu aberto
E falsa essa notícia do G1 sobre a linha 6 vc não acha nada sobre essa reportagem no Google nem no g1
Aqui, Tiago, último parágrafo: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/06/17/metro-de-sp-inicia-construcao-em-area-tombada-no-bixiga-sem-autorizacao-do-conpresp.ghtml
Sobre a obra em si, temos que lutar por qualquer centímetro verde nessa cidade, mas os benefícios de uma nova linha de metrô para a população são imensos e devem ser considerados. Então será preciso encontrar um meio termo, porque por mais que se deva preservar cada centímetro, como eu escrevi acima, nós vivemos numa cidade com quase 13 milhões de habitantes e o que for melhor PARA TODOS deve se sobrepor ao que for melhor para poucos.
Sugiro que o Sr. pesquise novamente sobre essa questão. Não levei nem 2 dois min e encontrei a reportagem mencionada. Será que fez a pesquisa de forma correta? conforme o nobre jornalista mencionou publicou na plataforma.
Tudo ben que isso não tem nada a ver com a questão abordada mas uma dica para as próximas postagens.
Os autores do site MetroCPTM poderiam colocar o link da reportagem que serviu de base para o tema abordado no final da página.
Oi Aparecido, você tem razão, faltou colocar o link para o G1. Acabei de acrescentar, além do leitor Denis ter postado nos comentários. Obrigado.
Mais uma vez a ideologia ambientalista atrapalhando a vida das pessoas, colocando a natureza acima do ser humano.
Uai, e vc sobrevive do que? de poluição? é graças a natureza, as arvores que vc respira seu oxigênio e sobrevive. Tira todas as arvores para tu ver o que acontece…..
Nunca li tanta besteira junta de um ignorante!!
Gente, mas como assim.. rsrsrsrs
A natureza sempre tem que ficar acima de nós, como é que você acha que sobrevivemos? rsrsrsrsrsrs
Olá, Ricardo Meier. Apenas queria contribuir aqui com uma questão sobre compensação de serviços ambientais. Não sei o tamanho e a importância da área em questão em relação aos recursos de fauna, flora e hídricos que apresenta. Porém, um erro muito comum é achar que compensação por supressão de áreas verdes pode ser feita apenas com sequestro de carbono ou mesmo evitando sua emissão, que é o caso da obra. Mas esses “serviços ambientais” (ou seja, sequestro de carbono, fornecimento de água e ar limpos, entre outros) não são equivalentes e não deveriam ser substituíveis entre si, apesar de as normativas o colocarem assim via de regra.
Há ecossistemas, mesmo que sob alguma alteração antrópica, com valores intangíveis e que sua supressão nunca poderia ser compensadas por carbono, por exemplo. Plantar árvores e construir o metrô resolve o problema de emissão, mas não evita o desaparecimento de espécies e recursos hídricos que já não existirão naquele local, compreende?
Além disso, eu vejo sempre essa discussão de que o pessoal só agora reclama, mas acho que o metrô e órgãos públicos poderiam ser mais ativos e chamar todas as partes para a discussão no momento do projeto. Tudo é muito mal divulgado e não são todos que têm tempo para investigar diários oficiais e chamamentos públicos. Enfim, acredito que poderia haver formas mais didáticas e participativas para atrair uma população que muitas vezes não é ativa politicamente e é pega no susto com essas decisões.
Olá, Edegar, agradeço seu comentário esclarecedor e produtivo. E concordo que não se trata, a grosso modo, de uma questão matemática, mas a despeito disso é preciso ser pragmático em certos assuntos. Se entrarmos nesse debate de ecossistemas então talvez fosse preciso retirar São Paulo do mapa tamanho o impacto que milhões de pessoas e suas atividades causaram e continuam causando malefícios à natureza. O problema é que muitas vezes por trás de argumentos válidos estão interesses econômicos ou ideológicos que acabam prejudicando boas iniciativas, seja de qualquer parte, o governo ou a sociedade.
Infelizmente, São Paulo é uma cidade extremamente poluente, carente de áreas verdes e que ainda valoriza demais o transporte individual. E ainda por cima usa ônibus poluentes fazendo papel de transporte de massa em seus corredores congestionados de veículos. Por isso acho um tanto irônico que surjam ambientalistas dispostos a atrasar a implantação de uma linha de metrô, com todos os seus reflexos positivos para a população como um todo.
Mas sim, você tem razão quando cobra maior transparência e diálogo do poder público. Existem fases de consulta pública nesses projetos, mas creio que seria possível fazer melhor. Um trabalho conjunto que consiga evitar prejuízos definitivos para algumas áreas urbanas, mas sem que isso incorra em grandes atrasos para o projeto. O problema é que nem sempre há gente disposta a dialogar de ambos os lados.