Sem perspectivas de ver o consórcio Move São Paulo, responsável privado pela PPP da Linha 6-Laranja, obter empréstimo do BNDES para retomar as obras, o governo de São Paulo revelou que estuda a possibilidade de vender a participação privada para outras empresas. ” Infelizmente, as empresas não estão conseguindo financiamento do BNDES por questões ‘reputacionais’, como diz o banco”, explicou Clodoaldo Pelissioni, secretário de Transportes Metropolitanos a agência Brasil.
Pelissioni participou de um seminário de mobilidade urbana realizado pela revista Carta Capital nesta semana onde reconheceu que o governo paulista está analisando o contrato a fim de saber se é possível que o atual consórcio seja assumido por outras empresas não participantes da licitação – o certame, apesar de vários grupos terem retirado o edital, teve apenas uma proposta feita.
A revelação do secretário mostra que as chances de a Move São Paulo conseguir destravar o financiamento é muito pequena. O grupo é formado pelas empresas Odebrecht (19,6%), Queiroz Galvão (19,6%) e UTC (13,1%), todas envolvidas na operação Lava Jato e que por isso estão com dificuldade no mercado – completa o grupo o fundo de investimentos Eco Realty com 47,7%.
Até então, a gestão Alckmin tentava ajudar a concessionária a obter o empréstimo junto ao governo federal e até admitia que num caso extremo romperia o contrato por abandono da obra.
Canteiros parados
A Linha 6-Laranja teve as obras interrompidas em 5 de setembro. A Move São Paulo alegou que já havia investido uma grande soma na obra, mas que não poderia seguir com os trabalhos com recursos emprestados de bancos privados. Desde então, os canteiros foram esvaziados e maquinário, retirado. O consórcio divulgou nota afirmando que tem cumprido as obrigações contratuais e que 15% das obras foram realizadas até o momento. “Trabalhamos para retomada do projeto, tão logo seja obtido o financiamento de longo prazo e aprovado o reequilíbrio do contrato de concessão”, disse a empresa em nota enviada à EBC.