No dia 17 de fevereiro completaram-se seis meses desde que uma estrutura metálica da passarela de ampliação da estação Santo Amaro (Linha 5-Lilás) desabou no Rio Pinheiros, ferindo levemente dois funcionários da obra.
Apesar do longo tempo, a ViaMobilidade, concessionária que opera o ramal de metrô e que é responsável pela implantação do projeto, ainda não sabe o causou o acidente. O site questionou a Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM), a quem a empresa responde, para entender a situação do caso.
Como se sabe, a ViaMobilidade deveria ter concluído a expansão da estação Santo Amaro no dia 25 de janeiro deste ano, como parte dos requerimentos assumidos na contrato de concessão das linhas 5-Lilás e 17-Ouro – esta ainda em construção.
A primeira pergunta feita ao governo foi sobre o laudo contratado para esclarecer o que levou à desestabilização da estrutura metálica e seu colapso. Segundo a Comissão de Monitoramento de Concessões e Permissões, órgão da STM que acompanha a concessão, “o relatório está em fase de conclusão, assim que finalizado as partes relacionadas serão informadas“.
Da mesma forma, o governo estadual condicionou a retomada da obra à conclusão da investigação. “Informamos que o prazo para retomada da obra depende, ainda, da conclusão do relatório final das causas“, acrescentou a nota.
Sanção à ViaMobilidade pode demorar
A implantação das passarelas que irão ampliar as plataformas da estação (construída em uma ponte estaiada) assim como as novas áreas de conexão já mostravam sinais claros de atraso embora tanto a ViaMobilidade quanto o governo mantivessem a promessa de entregá-la em janeiro.
O site tentou saber se há uma nova previsão para a entrega da expansão, mas novamente a STM disse que “o novo cronograma com os marcos de conclusão será objeto de tratativas entre CMCP e Concessionária tão logo os estudos forem concluídos“.
Por fim, o contrato de concessão estabelece sanções e compensações para ambas as partes e nesse caso é bastante claro que a ViaMobilidade deverá ressarcir o estado por não ter cumprido sua obrigação.
Ainda assim, a gestão estadual indicou que a possível sanção será um processo demorado. “A aplicação de sanção contratual depende da apuração dos fatos, que está em curso, e após conclusão do respectivo processo administrativo sancionatório, respeitados o contraditório e ampla defesa da Concessionária ViaMobilidade“, explicou a CMCP.
Embora seja correto dar espaço para a defesa da ViaMobilidade, não parece existir qualquer justificativa plausível para isentá-la da responsabilidade pelo ocorrido. Caberá ao poder público ser rigoroso na apuração já que o parceiro privado tem sempre cobrado reequilíbrios financeiros ou ressarcimentos quando o governo não cumpre sua parte no contrato.
Café panorâmico
Em fevereiro, o canal iTechdrones sobrevoou a estação e constatou que o que restou da estrutura da passarela foi depositado pela concessionária num amontoado ao lado da estação. A ViaMobilidade contratou uma empresa para retirar o material que estava dentro do rio, trabalho concluído no final do ano passado.
Outra estrutura semelhante do lado oposto do rio permanece montada, mas com sinais de oxidação em algumas partes. Peças da estrutura também seguem espalhadas por vários locais, expostas ao tempo.
A conexão das linhas 5-Lilás e 9-Esmeralda, hoje também operada pela ViaMobilidade, é uma das mais críticas da rede metroferroviária. A estação Santo Amaro construída pela CPTM não foi pensada para permitir a ligação com outro ramal e o projeto implantado possui gargalos no mezanino e escadas.
A reforma das duas estações tem potencial para reorganizar e separar os fluxos de passageiros assim como ampliar o conforto, incluindo até o mesmo a instalação de um café panorâmico na nova área.
A situação no local só não é mais grave atualmente porque a pandemia do Covid-19 reduziu o movimento na malha sobre trilhos, evitando assim as aglomerações de outros tempos.