A ViaMobilidade, operadora das Linhas 8 e 9 de trens metropolitanos, anunciou nesta terça-feira (12) dois contratos com a empresa alemã Siemens para a modernização dos sistemas de energia de tração e sinalização.
Os investimentos, que deverão ser realizados ao longo dos próximos anos, trarão melhorias significativas para a sinalização da Linha 8-Diamante com a modernização do chamado “Domínio 2”.
O projeto faz parte do escopo do contrato de concessão, mas pode ser considerado também uma resposta aos seguidos problemas enfrentados pela empresa desde o início da concessão, em 27 de janeiro. Boa parte das falhas envolve justamente uma infraestrutura de energia e sinalização aquém da necessária. Com a modernização, a ViaMobilidade poderá reduzir os intervalos e oferecer um serviço mais eficiente, como prometido pelo governo.
Mais energia disponível
O sistema instalado no trecho entre Imperatriz Leopoldina e Osasco ainda é da época da Fepasa e é baseado em lógica de relés. A CPTM chegou a realizar a modernização de boa parte da malha, com exceção deste trecho que deverá ser aprimorado pela ViaMobilidade.
O foco é trocar o sistema antigo por um novo baseado em intertravamento eletrônico microprocessado, chamado de Westrace MKII. Os novos equipamentos são altamente flexíveis, de fácil programação e com grande disponibilidade, o que é importante para linhas com grande movimento.
Ainda no que tange o escopo de melhorias de sinalização, serão realizadas mudanças no plano de vias na região da estação Palmeira-Barra Funda. Com a chegada da ViaMobilidade, houve alteração do uso das plataformas e consequentemente das vias utilizadas.
As alterações preveem mudanças na via permanente, rede aérea e sinalização. Segundo o contrato de concessão, a configuração atual “impõe uma restrição de velocidade aos trens (código VL – velocidade limitada, de 50 km/h) a partir da passagem do trem no sinal de número 4BFU. Para propiciar que o código VMA – velocidade máxima autorizada, seja disponibilizado é necessária a readequação, à cargo da concessionária da via permanente, da sinalização e da rede aérea neste trecho”
Ainda existe a possibilidade de ser implantada uma nova área de manobra na região de Barra Funda, o que possibilitará no futuro a diminuição do headway (intervalo) e a adoção de novas estratégias operacionais.
Entretanto, para se adequar ao aumento da oferta de trens é necessário que o suprimento de energia possa estar corretamente dimensionado. Os investimentos no sistema de tração, que estão previstos no contrato e que serão atendidos pela Siemens, preveem tanto a modernização de estruturas, como a criação de novos equipamentos.
Na Linha 8-Diamante deverão ser realizadas obras para a renovação das Subestações de Imperatriz Leopoldina, Osasco, Santa Terezinha e Santa Rita. Os equipamentos de 3kVcc deverão ser substituídos, assim como as baterias e seus carregadores. Em algumas SEs deverão ser também efetuadas as trocas dos disjuntores em 138kV.
Deverão ser modernizadas as cabines seccionadoras de Presidente Altino, Osasco e Quitauna, além da implantação das cabines de Barueri, Itapevi e Amador Bueno. A presença destas novas cabines deverá melhorar a manutenção, diminuindo os trechos a serem isolados, bem como permitirá a equalização da energia ao longo da rede.
Na Linha 9-Esmeralda os investimentos deverão ser ainda maiores. Deverão ser implantadas duas novas subestações na região de Cidade Jardim e Socorro. Essas novas estruturas permitirão o acréscimo de potência para viabilizar a dinamização da operação no ramal.
Deverão também ser modernizadas as subestações de Jaguaré e Morumbi, aos mesmos moldes das estruturas da Linha 8-Diamante. Serão criadas novas cabines seccionadoras em Ceasa, Pinheiros, Berrini, Santo Amaro, Jurubatuba e Grajaú.
As melhores deverão ser acompanhadas também pela instalação da linha de transmissão em 34,5kV que permitirá a interligação entre todas essas estruturas, equacionando a energia ao longo do trecho e possibilitando uma maior disponibilidade dos sistemas.
Investimentos e prazo
A Siemens e a ViaMobilidade não divulgaram de forma oficial o valor e o prazo dos contratos, entretanto, os documentos da concessão podem indicar uma estimativa de quanto deverá ser investido nas melhorias em sistemas e energia.
O IFC, membro do Grupo Banco Mundial, realizou os estudos não-vinculativos da concessão das Linhas 8 e 9. Em sua análise de Capex estima-se que o valor para a modernização do sistema de sinalização esteja em R$ 108 milhões. No caso do sistema de energia o investimento é ainda maior, chegando aos R$ 226 milhões. O estudo foi divulgado oficialmente em novembro/2020.
O prazo para a implantação das melhorias varia entre 24 (2 anos) e 48 meses (4 anos). Vale lembrar que estes são os limites máximos para implantação, sendo possível que a concessionária entregue os empreendimentos antes do período previsto. O contrato de concessão também prevê a implantação de telecontrole do sistema de energia no CCO.
Através desta série de investimentos será possível aprimorar a operação das Linhas 8 e 9, assegurando uma melhor qualidade no serviço prestado com uma maior oferta de trens para a população local. O período para investimento geralmente é mais alto dado a complexidade de implantação, sobretudo levando em consideração o fato das melhorias serem adicionadas sem a interrupção da operação.
