Em entrevista à rádio Jovem Pan na semana passada, o secretário Clodoaldo Pelissioni, responsável pela pasta dos Transportes Metropolitanos, garantiu que as obras da Linha 17-Ouro, monotrilho que ligará o aeroporto de Congonhas à rede metroferroviária, estão perto de uma solução. Segundo ele, “um acordo na Justiça está por ser finalizado” e que prevê a retomada das obras principais da linha além de fabricação dos trens e instalação de sistemas.
Por meio de uma conciliação, governo e o consórcio Monotrilho Integração deverão fechar esse acordo para que não haja um rompimento, o que obrigaria a uma nova licitação ou, na hipótese mais branda, consulta ao segundo colocado no certame. A retomada desses trabalhos é vital para que a Linha 17 seja entregue já que hoje apenas as estações e o pátio de manutenção estão com obras normais.
“Mesmo com esse acordo ainda em negociação, o consórcio lançou cerca de 90 vigas”, completou Pelissioni. De fato, houve um retorno na instalação das vigas-trilho próximo ao pátio e também da avenida Chucri Zaidan, além das necessárias para conclusão das estações.
Fábrica no papel
Formado pelas construtoras Andrade Gutierrez e CR Almeida, além da fabricante malaia Scomi e a carioca MPE, o consórcio Monotrilho Integração iniciou os trabalhos da Linha 17 há exatos cinco anos, quando a previsão de entrega da linha era 2014, a tempo de servir como transporte na Copa do Mundo da Fifa. Logo ficou claro que o prazo era irreal e o governo retirou o projeto da matriz da Copa, o que significa acesso a recursos federais.
Foi o início de uma sucessão de erros e má gestão. As construtoras reduziram os trabalhos com o passar do tempo até abandonar as obras, o que obrigou o Metrô a rescindir o contrato das estações. No caso do contrato principal, a situação é mais delicada. Além de construir as vias, ele também responde pelos sistemas e fabricação dos trens, que usam vigas desenhadas para eles. Ou seja, não bastava apenas rescindir contrato já que um novo consórcio precisaria adaptar o projeto do trem para essa viga – se é que isso é possível.
A saída foi tentar um acordo, afinal a Scomi, fabricante do monotrilho, manteve interesse no projeto e assumiu inclusive a instalação dos sistemas. Já as duas construtoras desejavam reajustes nos valores dos contratos além de compensação pelo fato de governo ter suspendido as fases 2 e 3 da linha, que completa terá cerca de 18 km de extensão. Agora, espera-se que o acordo permita que o trecho da linha na Marginal Pinheiros, hoje apenas uma sucessão de pilares e ferragens à mostra, seja finalizado e que o primeiro trem seja concluído.
O secretário, inclusive, garantiu que os trens voltaram a ser produzidos recentemente. A Scomi, aliás, havia prometido erguer uma fábrica no Brasil no ano passado, mas o projeto está parado – apenas a terraplanagem foi feita. O blog tentou contato com a empresa, mas não conseguiu conversar com o porta-voz até o momento. A previsão de abertura da linha é o segundo semestre de 2019, quando será operada pelo consórcio privado que vencer a licitação prevista para julho deste ano.