A CPTM publicou nesta quinta-feira (23) a licitação para a reforma das poltronas dos carros de passageiros Budd que deverão ser utilizados no Expresso Turístico, serviço que oferece viagens para Mogi das Cruzes, Jundiaí e Paranapiacaba.
Segundo as informações constantes no edital, deverão ser reparados e reformados 88 exemplares de poltronas utilizadas nos carros de passageiros de prefixo 3254 e 3259.
Ambos os veículos foram resgatados e encaminhados do interior de São Paulo para a CPTM. A ideia é de que a companhia, após a reforma dos veículos, possa incluí-los no parque de carros que farão parte do Expresso Turístico.
A CPTM estabeleceu em seu plano de negócios de longo prazo (2023-2027) metas relacionadas aos serviços turísticos. A companhia pretende dobrar a oferta de lugares para o roteiro mais demandado, o de Paranapiacaba, ainda em 2022.
As poltronas atualmente estão localizadas na oficina da Lapa que atende a Linha 7-Rubi. No mesmo local são realizados os reparos dos carros turísticos e também das locomotivas. A empresa contratada deverá realizar os reparos em instalações próprias.
Confira abaixo as principais características das poltronas:
O prazo para a realização das reformas é de 90 dias, sendo 45 dias para o primeiro lote (44 poltronas) e mais 45 dias para o segundo lote (44 poltronas). A sessão pública para o processamento da licitação será realizada no dia 07 de julho.
Entre investir em um trem “turístico” deficitário e para poucos e investir em acessibilidade nas estações usada por milhares, a CPTM escolheu “brincar de trenzinho” com o dinheiro público.
E tem gente que defende isso.
A propósito, quando será que a Via Mobilidade vai investir em escadas rolantes pra acessar a Estação Giovani Gronchi? Aquela escadaria é quase uma romaria! Aquela empresa recebeu toda a estrutura construída pelo metrô de mão beijada e não faz nada!
Gabriel, ficou claro que você prefere trem “turístico” do que estações com acessibilidade.
A CPTM não investe em estações como Aracaré, Santo André, Jaraguá, o descaso da estatal está em todas as regiões de São Paulo. A CPTM recebeu toda a estrutura da União (RFFSA) e não faz nada nessas estações.
E ficou claro, Ivo, que vc não se incomoda com acessibilidade, só em descer o sarrafo na CPTM.
Esse é o “expecialista” que dizia aqui no site que seria um retrocesso unificar as linhas 7 e 10 ? kkkkkkkkk
O expresso turístico é um projeto louvável que resgata um pouco do que eram os trens de longo percurso em São Paulo. Alguns comentaristas de internet se acham superiores em usar palavras “deficitário” achando que estão fazendo bonito. Deficitário foi o não investimento em ferrovia nas últimas décadas.
Qualquer incentivo a cultura ferroviária deve ser aplaudido de pé.
Mas para alguns, bonito é elogiar trem turístico europeu ou estadunidense, como se tudo feito aqui no Brasil não prestasse, famoso complexo de vira-lata.
Louvável em qual sentido?
Turístico? Não, pois não existe sinergia entre o trem e as pretensas atrações turísticas. A Vila de Paranapiacaba está caindo aos pedaços, (salvo restauros pontuais que se perderão por falta de conservação) não existe nenhuma gestão turística gerindo o local que deveria ser tripartite (federal, estadual e do município de Santo André) e envolvendo centros universitários na parte de pesquisa, restauro e preservação. Em Mogi das Cruzes e Jundiaí a situação é parecida, com o trem não agregando nada ao turismo local (quem quiser visitar as vinícolas da região de Jundiaí precisa pagar a passagem do trem e pagar outra de van). Se fosse um projeto sério, o Expresso Turístico teria sido parte de um plano diretor turístico do estado, com recursos da Secretaria Estadual do Turismo, do Ministério do Turismo e das secretarias de turismo das prefeituras interessadas. Iria assim ocorrer um fomento da atividade artística, cultural e turística das regiões atendidas pelo trem e o estado poderia criar novos roteiros em outros trechos ferroviários, como São Paulo – Santos-Peruíbe, São Paulo-Barretos (em época da Festa do Peão), São Paulo-Aparecida, entre outros. Do jeito atual, só é um esforço isolado e fraco da CPTM.
Técnico? Pior, a CPTM usa as locomotivas de manutenção para puxar o Expresso Turístico. O resultado é o atraso na manutenção das linhas por falta de locomotivas para puxar os vagões oficinas de rede aérea e via permanente. Daí, não contente, a CPTM prefere alugar veículos de manutenção a um custo mais alto para tocar sua manutenção. Os carros do Expresso foram fabricados pela Mafersa há quase 50 anos (e não Budd como o autor do artigo escreveu sem pesquisar) e não possuem peças de reposição. Assim, seu custo de manutenção é alto e recai todo sobre a CPTM (que drena recursos do trem metropolitano para sustentar a atividade turística). E não existe nenhuma preocupação museológica, com os trens sendo “restaurados” de qualquer jeito, com locomotivas e vagões de épocas e ferrovias distintas misturados coimo se fosse uma coleção de ferrorama e não uma viagem com proposta turística-museológica.
Social? Zero, a passagem do Expresso é alta, restritiva e não concede nenhum benefício para quem visita as atrações turísticas. A CPTM vende passagens do trem turístico, quando isso deveria ter sido delegado a operadoras turísticas que poderiam ofertar as passagens a um custo menor dentro de verdadeiros pacotes turísticos com hotel e ingressos inclusos para as atrações. O passageiro do trem metropolitano “patrocina” o trem turístico, porém ele é caro demais para ele utiliza-lo.
Lá fora os trens turísticos atendem a todos esses pontos e são um sucesso. Aqui, são iniciativas isoladas, mal planejadas e não agregam nada ao país.
Então, aonde estão os benefícios?
Se for para fazer algo desse jeito, mal feito, melhor não fazer nada e usar o dinheiro aonde realmente precisa.
E a CPTM é trem metropolitano, não trem turístico. Cada real investido no trem turístico é um real a menos no trem metropolitano. A CPTM pode prestar apoio técnico, porém o custeio desses trens deveria ser do setor de turismo (seja público, seja privado).
Ivo, excelente comentário.
Apesar da iniciativa da CPTM, seria mais apropriado conseguir um parceiro para desenvolver uma estrutura completa – transporte, arquitetura, obras culturais, gastronomia, etc.
Concordo que todos os níveis da administração pública deveriam ser chamados para suportar projetos como esse, porém no cenário político atual, essa possibilidade é nula.