Dos quatro novos ramais conhecidos que o Metrô de São Paulo desenvolve estudos no momento, a Linha 16-Violeta é, de longe, o mais ousado e instigante. Fruto de um projeto diretriz feito pela própria companhia, a imensa linha de 32 km de extensão e 23 estações poderá transportar diariamente cerca de 825 mil pessoas, desde o extremo leste da cidade, em Cidade Tiradentes, até a estação Oscar Freire, no Jardim Paulista.
O Metrô divulgou nesta terça-feira (13) os documentos da licitação de anteprojeto de engenharia, estudo ambiental e projeto básico que elevarão a Linha 16 à condição de pronta para ser construída. Em outras palavras, é graças a esse trabalho que será possível no futuro lançar uma concorrência para torná-la realidade.
O material que foi disponibilizado pela empresa do estado é farto, com detalhes raramente vistos. Este site mostrará nessa primeira matéria as informações mais relevantes como a proposta de escavação dos túneis por quatro métodos diferentes, incluindo o inédito “TBM4”, um tatuzão de grande diâmetro, capaz de acomodar vias sobrepostas.
Num cenário hipotético mostrado pelo Metrô, a construção dos quatro trechos seria feita de forma simultânea, com conclusão da escavação em dezembro de 2034. É importante ressaltar que a data é apenas uma estimativa baseada num cenário pouco real. A razão é que a Linha 16 ainda encontra-se num estágio bastante inicial, a despeito da riqueza de detalhes já levantada pela empresa.
O próprio edital lançado nos últimos dias tem um prazo de execução bastante dilatado: são 52 meses para ser concluído, ou seja, se o Metrô assinar contrato com a empresa selecionada no início de 2023, a finalização dos estudos poderá ocorrer em meados de 2027. Não por acaso, o cronograma mostrado nos documentos prevê o início das obras em 2028.
Método mais rápido e inédito
Como já mostrado por este site, o Metrô decidiu repensar a forma de projetar as linhas subterrâneas na tentativa de reduzir custos e acelerar sua construção. Para isso, alguns conceitos e tecnologias foram estudados como o a implantação de vias com maior inclinação (e que reduzem a profundidade das estações) além de adoção de elevadores de alta capacidade, para citar dois deles.
Mas é o uso de uma tuneladora quadrúpla que mais chama a atenção. Esse método foi utilizado numa das linhas do metrô de Barcelona, na Espanha, e consiste em abrir um túnel grande o suficiente para acomodar vias sobrepostas, plataformas, salas técnicas e estacionamentos de trens. É uma ideia bastante tentadora por resolver diversos problemas nesse tipo de empreendimento como a necessidade de enormes pátios e a abertura de poços e plataformas imensas.
Segundo diz o Metrô, o TBM4 tem um custo semelhante ao do TBM2 (tuneladora dupla como a usada nas linhas 4-Amarela e 6-Laranja), mas permite uma evolução mais rápida. No entanto, nem toda a Linha 16 deverá ser escavada dessa forma, apenas um trecho de pouco mais de 12 km e 12 estações. É justamente a parte do ramal que fica na região central, altamente verticalizada em alguns trechos.
“O estudo preliminar de tempo x caminho indicou um tempo de execução de 82 meses para TBM4 contra 96 meses para TBM2 neste trecho. Ou seja, há um ganho de 14 meses de cronograma”, explica o Metrô. Nem todas as estações são propícias ao método, no entanto. Paraíso, que fará a conexão com as linhas 1-Azul e 2-Verde, terá de ser escavada pelo método NATM, por conta da elevada previsão de transferências (passageiros).
Nesse trecho será possível contar com 23 vagas para que os trens fiquem estacionados entre Oscar Freire (10 posições) e Regente Feijó, última estação a ter plataformas sobrepostas e por onde a tuneladora gigante deverá começar seu trabalho.
Tuneladora dupla e estação Anália Franco “fixa”
Com seis estações na Zona Leste, o segundo trecho a ser escavado por tatuzões ficará localizado entre as estações Regente Feijó e Rio das Pedras. Nesse caso, o Metrô optou por utilizar uma tuneladora dupla (TBM2). O principal motivo para essa escolha se deve à estação Anália Franco, da Linha 2-Verde, atualmente em construção. Como ela já prevê a inclusão das plataformas da Linha 16 (originalmente a Linha 6 em sua segunda fase), uma mudança como essa “exigiria alterações no projeto executivo da estação Anália Franco já em construção”.
A estação Anália Franco, inclusive, é a única “fixa” no projeto, ou seja, as demais poderão ter sua localização alterada se os novos estudos indicarem uma opção melhor.
Escavação por método austríaco (NATM)
O trecho final da Linha 16-Violeta, por sua vez, será escavado pelo método NATM, também conhecido como “túnel mineiro” ou túnel austríaco, que consiste num avanço manual, mais lento. Nesse caso, serão dois tipos de NATM, um singelo e outro duplo, com 8,9 km no primeiro caso e 3 km no segundo.
Essa forma de abrir os túneis foi usada em várias partes da Linha 2-Verde e no trecho entre Vila Sônia e Faria Lima, na Linha 4-Amarela. No caso da Linha 16, haverá regiões em que os túneis ficarão numa profundidade bastante grande (cerca de 100 metros).
O terceiro trecho inclui as estações Jardim Brasília, Santa Marcelina (onde é prevista uma ligação com a Linha 14-Ônix da CPTM), Colônia e Fazenda do Carmo.
O quarto trecho vai de Fazenda do Carmo a Cidade Tiradentes, ao lado do Terminal de ônibus da SPTrans e onde se prevê uma estação da Linha 15-Prata.
Esticadinha até Cidade Tiradentes
O novo traçado apresentado pelo Metrô difere um pouco do trajeto mostrado no Relatório Integrado de 2021. A estação “Augusta”, por exemplo, foi suprimida, enquanto outras paradas mudaram de lugar e nome como foi o caso de Vila Monumento, trocado por Independência e localizada próxima ao Museu do Ipiranga.
A Linha 16 também foi esticada. Se antes terminaria em Jardim Brasília, agora ela segue em direção à leste, realizando uma curva à direita, em direção ao sul na estação Fazenda do Carmo. A conexão com o monotrilho sugere que o Metrô talvez tenha pensado em aliviar a grande demanda que a Linha 15 poderia ter na região, além de sobrecarregar a Linha 2 em Vila Prudente.
A importância da Linha 16 para São Paulo pode ser medida por dois aspectos: sua área de influência compreende uma população de 1,5 milhão de pessoas e a oferta de quase 1 milhão de empregos. Resta ter paciência e perserverança para vê-la sair do papel o quanto antes.
Penso eu que essa linha deveria sair do Paraíso rumo a Linha 9 – Esmeralda e não sentido a Linha 4. Ou, se realmente a demanda for para a região da Oscar Freire, que ampliem a linha até se conectar com a 22 – Marrom.
Esse pedaço vai ser atendido pela L19
Na verdade, a rua Independência fica afastada do Museu do Ipiranga.
Que legal essas informações… uma ideia seria fazer matérias de como pode ser as estações, quando for divulgado mais informações. (como no caso das matérias da linha 19 celeste)
Pra variar irão priorizar o trecho central até analia franco e cid tiradentes provavelmente jamais verá a luz dessa linha kkkkkkk
É primordial esse linha, além de ser o trecho leste da L6, irá atender regiões carentes. Mas inevitavelmente haverá o movimento pendular, e com isso precisam construir plataformas centrais bem largas.