Alstom corre para entregar primeiro trem da Série 8900 para a ViaMobilidade

Contrato de concessão estabelece que o primeiro trem deve entrar em operação até o final de março de 2023. Alstom já tem 22 estruturas de vagões fabricadas, mas em diferentes estágios de montagem
Série 8900, composições adquiridas pela ViaMobilidade (Jean Carlos)

Na segunda-feira, 7 de novembro, a fabricante ferroviária francesa Alstom inaugurou a ampliação de sua planta na cidade de Taubaté (SP), onde realiza a produção de vários contratos de trens, incluindo as 36 novas composições das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda

A empresa foi selecionada pela concessionária ViaMobilidade, responsável pelas linhas 8 e 09, em julho de 2021, semanas depois de assinar o contrato de concessão de 30 anos com o governo do estado. Entre os vários requerimentos do acordo está justamente a introdução de uma nova frota de trens de 34 unidades – as duas extras foram opção da ViaMobilidade no lugar de recuperar duas composições da Série 7000 que estavam avariadas.

No entanto, o prazo para que os novos trens, da chamada Série 8900, entrem em serviço é bastante curto. Segundo o contrato, a ViaMobilidade deverá receber o primeiro deles 18 meses após a assinatura do contrato, ou seja, em dezembro de 2022. A liberaração operacional é outra meta apertada: apenas 90 dias depois de o trem chegar à empresa ele deverá estar pronto para o serviço – no caso da composição inaugural da nova série, isso significa março de 2023.

Projeção mostra como será o trem da ViaMobilidade (Alstom)

Várias frentes de trabalho

Em visita à fábrica da Alstom, a reportagem deste site tentou entender em que estágio se encontra a produção da Série 8900 da ViaMobilidade. A Alstom confirmou que já concluiu a fabricação de 22 caixas de aço inox, vulgarmente chamadas de vagões. Ou seja, há quase três composições com os carros montados, mas não concluídos.

Segundo um representante da empresa, alguns deles já contam sistemas de ar-condicionado, portas e até as máscaras, como são chamadas as carenagens frontais dos trens. No entanto, nenhuma unidade foi avistada em um patamar adiantado de fabricação. Mais preocupante é que, por se tratar de um novo trem, ainda existe todo um processo de testes a ser feito até o comissionamento, quando o equipamento é liberado oficialmente.

A Alstom mostrou uma área onde montará uma via de testes a fim de adiantar esse processo, mas ela ainda não funciona. Portanto, o primeiro trem da concessionária deverá realizar a quilometragem necessária para avaliações de seu funcionamento com a própria Viamobilidade, aparentemente.

Para dar conta da encomenda urgente, a fabricante francesa está trabalhando em várias frentes ao mesmo tempo, de forma a liberar mais unidades dentro do prazo, cujo meta a partir de março de será de entregar três composições por mês.

Veja também:

As mudanças na frota da ViaMobilidade após a chegada dos novos trens

 

 

Cronograma de entrega dos trens da ViaMobilidade (STM)

A seguir, uma análise dos trabalhos que estão sendo feitos em Taubaté para a encomenda dos trens das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda:

Linha de montagem

Ao longo dos anos a Alstom aprimorou seus processos de fabricação para tornar a construção dos trens mais otimizada e com tendência a ser mais modular. Isso significa que diversos setores trabalham de forma separada e, em determinadas etapas, realizam a instalação de diversos sistemas dentro dos trens. Essa maneira de gerenciar representa uma aceleração no processo de fabricação dos trens.

Série 8900 em fabricação (Jean Carlos)

 

A linha de montagem está, a grosso modo, dividida em partes bem distintas. Há um setor que trabalha com a caixa do trem, ou seja, todo o material de aço inoxidável que faz parte da estrutura física da composição.

Existe o divisão de montagens elétricas onde são realizadas a montagem de equipamento de menor porte como módulos de controle, equipamentos eletrônicos de tração, armários elétricos, entre outros.

Outro setor de trabalho é onde estão localizadas as montagens mecânicas que incluem o sistema de truques, rodeiros e a montagem de seus componentes como motores de tração, sistema de freio e sistema pneumático.

A fábrica ainda possui outras áreas especiais como cabine para testes de estanqueidade, onde é verificado a existência de pontos de infiltração, área para pintura e linha para testes elétricos.

 

Linha de testes elétricos em alta tensão (Jean Carlos)

 

Os trens

Atualmente a Alstom concluiu a fabricação de 22 caixas de aço inox que estão em diferentes estados de montagem. As mais avançadas já receberam elementos como ar condicionado, janelas, portas e revestimento interno em material fibroso.

Outras caixas estão em processo de implantação dos cabos que passam por dentro de toda a estrutura do trem. Esses cabos são responsáveis pela comunicação dentro de todo o trem, sistema de iluminação, combate a incêndio, sonorização, etc.

Era possível observar também as primeiras máscaras dos trens. Em termos estéticos a estrutura ainda precisa passar por pintura para sua posterior instalação.

 

Carro da série 8900 com instalação de cabos em curso (Jean Carlos)

 

No que se refere ao design dos trens, não foi possível ver muitas mudanças em relação ao modelo base (Série 9000). Segundo informações divulgadas na apresentação virtual do novo trem, é possível ver alterações no layout dos bancos e dos balaústres, o que representa alterações ergonômicas importantes, podendo gerar mais conforto nas viagens.

Desafios

Apesar da grande ampliação da planta de Taubaté a Alstom está diante de um grande desafio. Com três projetos em curso simultaneamente, a partir de 2023 a empresa francesa deverá trabalhar de forma otimizada para dar conta da demanda de seus clientes.

A fabricação da estrutura em aço inox dos trens é praticamente dominada pela empresa que consegue assumir perfil de independência, algo importantíssimo para o cumprimento dos prazos. 

Entretanto existe a necessidade constante de se contar com fornecedores. Geralmente os trens de concepção moderna raramente são fabricados por uma única empresa, sendo necessário realizar encomendas de diversos fornecedores especializados em peças ferroviárias.

Dentre estas peças estão em destaque os equipamentos eletrônicos que utilizam semicondutores. A alta demanda provocada pelo pós-pandemia pode impor limitação para a produção, mas, apesar disso, a fabricante de trens se mantém otimista no cumprimento dos prazos.

 

Inversor de tração, equipamento que utiliza semicondutores (Jean Carlos)

 

Prazo apertado

A Alstom atualmente tem a capacidade de fabricar em média um carro completo por dia e cerca de 20 carros completos durante um mês de trabalho, isso significa em termos práticos a fabricação de duas composições completas e mais quatro carros por mês.

O cronograma de fornecimento de trens estabelece que nos primeiros dois meses a partir do final de dezembro devem ser entregues duas composições. No terceiro mês serão entregues outras duas composições e posteriormente serão entregues três composições mensalmente.

 

Carro 5 da primeira composição da série 8900 (Jean Carlos)

 

Outro ponto importante que vem junto com a ampliação da planta de Taubaté é a construção da via de testes. Essa linha permitirá testar os trens antes de serem enviados para a ViaMobilidade, o que agilizará o processo de comissionamento e permite correções no projeto.

Local onde será implantada a via de testes (Jean Carlos)

Colaborou Ricardo Meier.

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8 comments
  1. TRENS M-22 / M-23 DO MONOTRILHO QUE BATERAM DE FRENTE JÁ ESTÃO NA ATIVA
    A alegação por parte de um “especialista” que as várias composições que se acidentaram da série 7000 Q008 (7008) em processo de canibalismo pela estatal possuíam danos estruturais irreversíveis merecem uma análise e avaliação mais apurada e aprofundada, recuperar duas composições modernas da Série 7000 com largura de 3,3m que estão avariadas, visto que neste processo o trem tem suas peças retiradas para alimentar outras composições não necessariamente da mesma série relativamente novas serão sucateadas pois segundo ele sofreram danos estruturais deveria ser melhor avaliada, pois as duas composições M-22 / M-23 do monotrilho da Linha 15-Prata que sofreram uma colisão frontal já foram recuperadas e já estão na ativa!

    1. Pra que recuperariam um trem avariado, parado e sucateado há 11 anos, se podem comprar um novo no lugar? Não faz sentido.

      1. Quantas do total de composições (carros) do Q007 torceram a longarina e sofreram danos estruturais para se considerar perda total? Se estão paradas a mais de dez anos significa que possuiram baixíssima kilometragem de rodagem conforme já foi constatado em planilhas emitida pelo Jean Carlos, (menos de 10% dos atuais modernos da série 7000)! Talvez se levassem em conta e se soubessem quanto é o custo de uma única composição além da rapidez de suas recuperações as conclusões seriam diferentes!

        1. Não adianta, o Leoni defende gastar muito mais (e muito mesmo pois até os custos de transporte e reativação de uma linha de produtos já encerrada recairiam sobre o cliente) reconstruindo uma sucata do que comprar um trem novo (com desconto dentro de um lote de 35 trens).

  2. Bacana saber que estão fazendo o 8900!, acredito que daqui umas semanas e já no Mês de Dezembro já consigam entregar o trem para Testes no Pátio!

  3. Era mais q óbvio q não vão conseguir entregar em 18 meses. A não ser aquele teatrinho de cortar fita. Vamos ver se tem multa

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