Desde quando tornou-se parte do projeto da Linha 6-Laranja, a futura estação 14 Bis provocou certa polêmica, primeiro com a decisão de construí-la onde ficava a sede da escola de samba Vai-Vai. Após idas e vindas, a Acciona, construtora que assumiu a Parceria Público-Privada com o governo do estado, chegou a um acordo com dirigentes da entidade para implantar um novo prédio como substituto da acanhada quadra usada para os ensaios.
Não demorou para que outro imprevisto surgisse ao serem iniciadas as primeiras prospecções no solo da região. Por iniciativa da construtora, foi feito um trabalho arqueológico no local, um estudo que é faz parte do processo de obras de infraestrutura subterrâneas. Basta lembrar um exemplo recente, o achado de um cemitério anglo-saxão do século 5 ou 6 durante a construção do HS2, um trem de alta velocidade na Inglaterra.
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Ou, para citar um caso mais familiar, a descoberta de trilhos de bonde sob o solo da Avenida Adolfo Pinheiro, onde o Metrô ergueu a estação de mesmo nome, mas não sem antes recolher os objetos de valor histórico.
Esse tipo de situação ocorre também na área onde ficará a estação 14 Bis, local que abriga o chamado sítio arqueológico Saracura, onde existiu um dos primeiros quilombos da cidade de São Paulo, no século 19.
Por conta de exigências da licença ambiental, é preciso permitir o trabalho de pesquisa e preservação desse material, o que está sendo feito por uma empresa de consultoria com apoio do IPHAN, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
A despeito de ser algo previsto, é fato que a delicada atividade impacta no cronograma de implantação da Linha 6-Laranja. Prova disso é que a estação 14 Bis é a que menos avançou entre as 15 previstas. Segundo dados da Acciona, a futura parada atingiu somente 3,48% das obras enquanto Santa Marina, a mais adiantada, já teve mais de 40% realizados.
Por ser localizada na reta final de escavação do tatuzão sul, 14 Bis ainda possui uma margem para não impactar no andamento do restante do projeto. E parece que isso está ocorrendo, como mostram as imagens aéreas do canal iTechdrones, gravadas nesta segunda-feira, 14.
Acessos e ligação com corredor de ônibus
A estação 14 Bis promete ser uma das mais complexas da Linha 6, por sua posição entre vários edifícios e numa região de fundo de vale. Para escavar o corpo principal da estação, o Metrô escolheu terrenos de pequenas dimensões nas ruas Cardeal Leme e Dr. Lourenço Granato.
No projeto básico, ainda feito para a companhia estadual, previam-se três acessos, o principal, um sob a Praça 14 Bis e um terceiro na Rua Paim. Pelos terrenos desapropriados, esse layout parece ter sido preservado, o que significa que haverá longos túneis de ligação entre os acessos, incluindo o que deve levar ao viaduto que serve como ponto de ônibus do corredor da Avenida 9 de Julho.
Originalmente, a estação 14 Bis teria sua construção feita por um poço circular em NATM, com as plataformas avançando em túneis, um projeto semelhante ao que está sendo feito em Água Branca. No entanto, a Move São Paulo, concessionária anterior da Linha 6, e a Acciona, atual, podem ter alterado esse projeto ao menos parcialmente.
O drone do canal revelou que a construtora já prepara as ferragens das paredes diafragma do poço enquanto as máquinas que farão a escavação e concretagem dessas estruturas já estão no local. É um bom sinal que, a despeito dos cuidados arqueológicos, a obra está avançando.