ViaMobilidade quer desmontar passarela da estação Júlio Prestes

Concessionária das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda alega que estrutura não possui utilidade e valor histórico, porém Conpresp negou autorização para sua retirada
A passarela acima do trem da ViaMobilidade (Jean Carlos)

A ViaMobilidade, concessionária que assumiu as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM em janeiro, está tentando obter autorização de órgãos de preservação histórica para desmontar a passarela que liga as plataformas da estação Júlio Prestes.

Após obter aval do IPHAN (governo federal) e Condephaat (estado), a empresa acabou tendo seu pedido reprovado por unanimidade pelo Conpresp, ligado à Prefeitura de São Paulo.

A passarela em questão fica localizada ao fundo das plataformas da tradicional estação, erguida há quase 100 anos. A estrutura, no entanto, foi construída nos anos 70, quando Júlio Prestes recebia muitos passageiros e ela servia como uma ligação rápida entre as plataformas.

Desde que passou a receber apenas a Linha 8-Diamante, a estação movimenta poucos usuários. Em novembro, dado mais recente disponível, passaram diariamente por ela menos de 5 mil pessoas.

ViaMobilidade afirma que estrutura impede visão da estação original (Jean Carlos)

A ViaMobilidade alega ainda que a passarela não tem valor histórico já que “não faz parte do projeto original da gare e, em verdade, compromete a visão da face envidraçada que arremata o fim da construção“. A empresa aponta também que a “a passarela apresenta graves problemas de corrosão que comprometem sua estabilidade” e que não atende os requisitos de acessibilidade das normas vigentes.

O Iphan não viu qualquer impeditivo à desmontagem visto que em sua visão a estação Júlio Prestes encontra-se em processo de tombamento, como parte do complexo da Luz, e que ainda não foi finalizado. Já o Condephaat concordou com a retirada desde que a ViaMobilidade obtenha as demais autorizações.

Conpresp foi contrário à desmontagem (Jean Carlos)

Valor histórico

Entretanto, durante a 767ª reunião do Conpresp, realizada em 29 de novembro de 2022, o colegiado manifestou-se contrário a proposta de desmontagem de conjunto de passarelas e escadas. A justificativa é que a estrutura possui “valores estéticos – pela sua linguagem construtiva, e históricos – como testemunho de uma importante fase da estação, devendo a Concessionária Via Mobilidade incorporar a conservação desse elemento ao projeto de restauro do conjunto arquitetônico“.

Segundo parecer emitido pela arquiteta Lícia Ferreira, do Núcleo de Projeto, Restauro e Conservação da prefeitura, a passarela tem valor histórico por ter sido incorporada à imagem do edifício.

Nesse sentido, considerando que a passarela possui valor histórico e estético e que, embora com sérios problemas de estrutura, é passível de recuperação; que a demanda de usuários é dinâmica e pode ser alterada conforme o planejamento das linhas de trem; e que ela não promove prejuízo à fruição do espaço da gare, encaminhamos o presente com manifestação contrária à retirada da passarela, com a diretriz de incorporar a conservação de seus elementos construtivos, ao projeto de restauro do conjunto arquitetônico“, afirmou.

A ViaMobilidade entrou com recurso em dezembro para tentar reverter a decisão, que será analisado futuramente.

Escada fechada: passarela deixou de ter utilidade nos últimos anos (Jean Carlos)

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22 comments
  1. Que vexame! Até os funcionários da ViaMobilidade são contra essa retirada.

    Alguns gestores dessa empresa que possuem essas ideias de jerico deveriam ser corretamente demitidos.

  2. Acredito que eles possuam um motivo plausível para remoção, a estação não é movimentada e essa ponte oferece riscos a segurança dos passageiros, restaurar nem sempre oferece a segurança necessária.

  3. Absurdo! Nem os próprios funcionários compactuam com isso!, vão fazer igual Fizeram em Rio Grande da Serra onde foram e Retiraram a Passarela…

  4. Enquanto isso a estação Antonio João nem passarela tem. Para ir para outra plataforma você tem que atressar a linha do trem 🙄

  5. A quantidade de parasitas estatais envolvidos em um assunto relativamente simples, é assustador. Se algum dia ocorrer acidente, pela alegada corrosão, que todos os que foram contrários a substituição, sejam punidos e responsabilizados criminalmente, a começar pela senhora Lícia Ferreira. Será que ela se banca?

    1. Meu caro, é dever da VM resolver os problemas de corrosão, caso a estação volte a ter fluxo alto de usuários é importante que a passarela esteja funcional, caso isso nunca ocorra contínua sendo importante manter algo que não atrapalha e figura na memória dos usuários. Quanto aos órgãos públicos estão corretíssimos, é dever deles defender o interesse da população.

      1. Julio, eu como pagador de impostos sou contra essa infinidade de funcionários públicos e órgãos regulatórios que, no geral, produzem muito pouco. Se você é favorável, pegue todo o seu rendimento e distribua entre eles para defender o “interesse da população” que concorda com isso

        1. Eu como pagador de impostos, sou contra doar empresa pública que ganha dinheiro pra empresa privada.

          Que péssimo argumento pra decidir “quantos funcionários públicos precisa”. Muitos países de primeiro mundo possuem muito mais “per capita”, e geram muito mais valor à sociedade

      2. Julio, onde que esta estação terá novamente movimento… acabou, a passarela Não serve mais e sua retirada ajuda a prevenir futuros acidentes. Não há interesse público aí

  6. A passarela não é parte tombada, não é histórica (foi construída entre 1979 e 1980) e nem mesmo possui utilidade atualmente. Se o Iphan e o Condephaat autorizaram (dentro dos critérios de preservação), a opinião do Conpresp é irrelevante.

    O Conpresp está cada vez mais distante da preservação e mais próximo de politicagem.

    1. Exato!! enquanto isso,o Conpresp autoriza demolição de construções centenárias na Rua Florêncio de Abreu, no Tatuapé entre outros locais!! Pura politicagem!! Conpresp é um local de parasitas!! Sou arquiteto e já comi o pão que o Lula amassou para conseguir qualquer tipo de informação para aprovação de projetos que se encontram em áreas envoltórias de bens tombados!!

  7. Deixa a passarela no local…
    A grana q vai gastar p desmontar , use p melhorar o serviço nos trens.
    Se tem quer desmontar, se não tem quer dinheiro do governo para fazer…

    Se preocupem com o que seja de fato relevante..
    Redução das falhas…

    Aliás, eita Privatização mais porca e mau feita.
    Nunca deveria ter acontecido!!

  8. Tanta coisa a melhorar nas linhas operadas pela Via Mobilidade, estão perdendo tempo e recurso por conta de uma escada. Aí tem coisa…

  9. O negócio parece um andaime feito às pressas pra pintar uma parede. Feio pra caramba, e tem gente até aqui nos comentários contra a remoção. Tem é que tirar mesmo, não serve pra nada e não agrega beleza nem nada do tipo para a estação como um todo.

    1. Se for esse critério estético, a estação inteira bate no que você falou. Ou os arcos do Jânio “é apenas um muro de arrimo”. Pelo amor de deus hein

  10. Também acho horrível esta passarela, zua bastante com a arquitetura interna da estação além de não servir pra nada.

    Com o baixo movimento de passageiros, já que a maioria desembarcam na Barra Funda, não seria viável desativar a estação júlio prestes e dar outra utilização para o prédio?

    1. Eu também sou a favor de certa forma. Essa estação é pouquíssima movimentada, e até quem mora na região sai pela estação da Luz. Hoje ela é completamente irrelevante.

      Seria de fato interessante fechar e transformar em um museu da antiga Estrada de Ferro de Sorocaba. Ou quem sabe transformá-la numa futura estação pro TIC. Mas acho este um futuro quase impossível.

  11. incrível como qualquer coisa relacionada a viamobilidade irrita fortemente as viúvas da cptm kkkkk

    superem, viúvas

  12. Também penso que a estação Júlio Prestes deveria ser desativada. Já que o número de pessoas que circulam por lá é mínimo. E por ser perto da “Cracolândia”, só faz o movimento diminuir.

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