Metrô decide demitir três funcionários pela colisão dos trens da Linha 15-Prata mas volta atrás

Segundo Sindicato dos Metroviários, dois operadores e um funcionário do CCO que trabalhavam durante o incidente foram avisados das demissões. Mais tarde, Metrô cancelou os comunicados, os mantendo em licença médica
Trem M15, que esteve envolvido no choque (Jean Carlos)

O Metrô de São Paulo enviou comunicação de demissão para três funcionários envolvidos no incidente que culminou com a colisão de dois trens de monotrilho da Linha 15-Prata no dia 8 de março. A companhia, no entanto, voltou atrás horas depois e manteve os três empregados em licença médica.

Segundo o Sindicato dos Metroviários, a empresa havia anunciado a demissão dos dois operadores de trem que estavam a bordo no momento do choque e de um operador de console do Centro de Controle Operacional (CCO).

A entidade afirmou em nota que o Metrô “insiste em culpar os trabalhadores, porém, em outras linhas, mesmo que nas mesmas condições, essa colisão não teria acontecido, visto que o sistema garante redundância na segurança“.

A categoria cobra melhores condições de trabalho no ramal de monotrilho por conta de os funcionários permanecerem em pé e no meio dos passageiros e que não há cabines nos trens.

Fabricados pela Alstom (Bombardier), os monotrilhos Innovia 300 operam com o nível de automação GoA4, que prevê ausência de operadores a bordo (da sigla UTO em inglês, ou Operação de trem não assistida).

Funcionário do Metrô em área isolada em frente ao painel do trem Innovia 300 (Jean Carlos)

Apesar disso, o Metrô mantém um funcionário a bordo das composições como precaução. “O Metrô prefere demitir os trabalhadores a cobrar da Alstom responsabilidade pelas falhas no sistema,” disse ainda o sindicato no texto.

Consultada, a companhia do estado enviou uma nota curta ao site dizendo que “os comunicados enviados foram cancelados. Os funcionários envolvidos permanecem sob licença médica“.

Segundo choque de trens fora do horário de operação

O novo incidente teve várias semelhanças com um choque ocorrido após o final da operação em 29 de janeiro de 2019. Na ocasião, dois trens se chocaram de frente na estação Jardim Planalto, então terminal da Linha 15-Prata. O laudo produzido pela COPESE (Comissão Permanente de Segurança) da empresa apontou falha humana no trem M22, que estava parado na estação, e demitiu o funcionário.

A ação humana tornou o trem M22, que estava estacionado na plataforma da estação Jardim Planalto, invisível ao sistema de comunicação e sinalização (CBTC), causando a colisão com o trem M23”, disse trecho do laudo.

Em janeiro de 2019, dois trens colidiram fora horário de operação  (Yamas75/Instagram)

Assim como no incidente de 8 de março, os trens estavam sendo manobrados fora do horário de operação, quando há condução manual das composições. Durante a operação com passageiros, essa situação seria praticamente inexistente já que os trens precisam estar conectados ao carrossel.

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Na colisão de três semanas atrás, os dois trens estavam em movimento na mesma via durante o que deveria ser a movimentação para posicionamento das composições antes do início da operação. O choque ocorreu entre as estações Sapopemba e Jardim Planalto e danificiou seriamente as extremidades de ambos. Um dos funcionários sofre um impacto no ombro e foi encaminhado para um hospital.

Nem o Metrô nem o sindicato comentaram sobre os motivos alegados para as demissões. Segundo a entidade, a suspensão das demissões teria ocorrido “por orientação da Secretaria de Transportes”.

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7 comments
  1. “A ação humana tornou o trem M22, que estava estacionado na plataforma da estação Jardim Planalto, invisível ao sistema de comunicação e sinalização (CBTC), causando a colisão com o trem M23”, disse trecho do laudo.

    como uma ação humana deixa um trem invisível ao CBTC? o cara foi lá e deu marretada no equipamento? um sistema de sinalização não pode permitir que um trem suma do sistema independente de ação humana

  2. Nem que encha a viga trilho de balizas sensor, mas a automação jamais deveria permitir que possa se deixar um trem invisível. Pode ter falha humana no acidente, mas a automação deveria ter essa camada de proteção.

  3. sistemas de TI nao operam sozinhos..atras da programacao e do software,,tem humanos. Infelizmente. ocorreu, ja aconteceu…Tem que evitar. E se tiver que demitir, nao se pode ter medo do sindicato.
    Sindicatos e conselhos regionais nunca fazem nada por ninguem.
    Só põe terror quando a turminha deles volta ao poder. no mais são todos acomodados e encostados

    1. primeiro q o sistema foi feito para operar sozinho.

      segundo que um sistema desse não pode ficar sujeito ao erro humano. se for assim, então não precisa de sistema de sinalização, vai no “olho”

      terceiro, essa fala mostra q vc não respeita o outro trabalhador.

  4. Entenderem porque ninguém quer assumir esse monotrilho?? Já era pra ter sido privatizado desde o começo, mas todo mundo sabe que nasceu pra dar problema, e vai ser assim até o fim dos tempos.
    Quando a linha 2 verde for privatizada, a empresa que ganhar, vai ter que assumir o monotrilho de brinde, aí que as coisas vão complicar.

    1. Da onde vc tirou isso, sendo q o governo ainda não falou em privatizar o metrô? E os problemas se tornaram mais frequentes depois da Alstom ter adiquido a Bombardier

  5. Não adianta atirar pedra em cadáver. Mas apresentar essas “desculpas” pra um avançado sistema de funcionamento é realmente alimento pra Lei de Murphy.
    É só aguardar os próximos capítulos.

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