Queda de pneu-guia joga dúvidas sobre correção dos problemas na Linha 15-Prata

Incidente na segunda-feira surpreendeu por afetar componente que não recebe tantos esforços quanto o pneu de carga, que estourou em 2020
Trem Innovia e a tela que segurou o pneu (Jean Carlos)

Embora a situação não tenha causado reflexos significativos na operação da Linha 15-Prata, a nova queda de um pneu de um trem de monotrilho volta a trazer questionamentos sobre a capacidade do Consórcio Expresos Monotrilho Leste (CEML) de resolver os problems crônicos do ramal.

O incidente ocorreu na segunda-feira (11) quando um pneu-guia de um trem Innovia 300 se soltou e acabou preso em uma rede de proteção próximo à estação Sapopemba. A composição foi recolhida e não afetou a operação do ramal, segundo o Metrô.

Apesar da semelhança com o episódio de fevereiro de 2020, quando um pneu teve contato com o chamado “run flat” e houve um rompimento dos componentes, que se projetaram nas vias abaixo da linha, o problema desta semana afetou uma parte diferente do monotrilho.

O pneu-guia é um item de menor dimensão que o pneu de carga, afetado pelo problema ocorrido há quase quatro anos. Ele se apoia na lateral da viga por onde circula o monotrilho para dar estabilidade para o trem.

Os pneus de carga são maiores e têm a função de suportar o peso do trem. Os pneus-guia ficam nas laterais e apoiam o trem na via (CMSP)

O pneu de carga, por sua vez, possui um diâmetro e largura bem maiores por conta da necessidade de suportar o peso da composição. Ele roda no topo da viga, daí a razão de o modal ser chamado de “monotrilho”.

Como citado acima, em 2020 houve um contato acima do previsto entre a parte interna do pneu o run flat, um disco metálico que tem a função de manter o trem rodando em caso de esvaziamento.

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Embora o episódio nunca tenha sido completamente esclarecido, o consórcio que projetou e construiu as vias e trens fez modificações nas superfícies das vigas-trilho para minimizar ondulações além de reduzir o diâmetro do run flat, para mantê-lo mais distante do pneu.

No caso recente, ainda não está claro como o pneu se soltou e o que provocou sua queda. O que é possível constatar é que ele estava posicionado na parte esquerda da viga já que a rede que evitou que chegasse até a avenida só existe na parte interna.

Trens Innovia 300 fabricados no Brasil (Jean Carlos)

O modal de monotrilho tem a característica de circular em vias sem uma “bandeja” de proteção embaixo, como ocorre com trilhos convencionais. É um diferencial que reduz a sombra na superfície e traz um impacto menor em sua implantação. Mas o fato de que partes fiquem expostas na seção inferior significa que a fabricante precisa fornecer proteções para evitar que peças escapem e cheguem ao solo – imagine atingir uma pessoa, certamente o resultado seria grave.

A execução da implantação da Linha 15-Prata continua a provocar preocupação. As empresas Álya, Coesa e Alstom, que herdaram o consórcio responsável por implantar o modal da OAS, Queiroz Galvão e Bombardier, precisam resolver essas deficiências o quanto antes, assim como o Metrô deveria tornar esse processo transparente.

A Linha 15 tem ampliado sua demanda e já causa um impacto positivo por onde passa, além de estar em expansão. O monotrilho precisa ganhar confiabilidade para justificar o investimento de tantos anos e confirmar a transformação na mobilidade que a região espera.

 

 

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13 comments
  1. Uma curiosidade, essa queda do pneu, aconteceu entre Jd. Planalto e Sapopemba, nesta msm região, também aconteceram as batidas de 2019 e deste ano.

    Será q há algo de errado nesta região? Já q os principais problemas acontecerem ali?

  2. O último parágrafo diz tudo: monotrilho precisa ganhar confiabilidade. Mas enquanto as “testemunhas do Levy Fidelix” continuarem vendendo livremente esse modal como a salvação do transporte diretamente da Nasa, a população vai continuar sofrendo com dinheiro público jogado no ralo e, pior, risco de graves acidentes.

    1. O problema não é o modal, mas sim a gestão e essa mania de licitação por menor preço sem exigir material de primeira linha para trens e estações.

      O mesmo ocorreu com a entrega das ultimas estações, sendo que algumas tiveram que passar por reparos devido a goteiras, azulejos caindo, entre outras.

      Mas como BR tem memória curta, só lembram do que lhes convém…

      O modal monotrilho é utilizado em vários paises do mundo, inclusive no Japão….

      1. Existe algum relatório dizendo que a causa do estouro foram materiais de segunda linha? Me parece que o metrô nunca concluiu nada sobre.
        De fato, o monotrilho é usado em vários lugares do mundo. Mas sendo utilizado como meio de transporte de alta capacidade, me parece que só no Brasil mesmo.
        Alta demanda com alta velocidade vai exigir mais de um sistema que nào foi feito pra isso.

        1. Existem diversos monotrilhos de alta capacidade pela Ásia, tem linhas de 60km transportando 1 milhão de passageiros por dia, o de sp n é novidade e na vdd transporta só média capacidade hoje

  3. Se não há confiabilidade no sistema, precisam instalar uma rede de proteção em toda a via para evitar que componentes se soltem e matem algum munícipe que esteja caminhando, andando de bike ou transitando em algum veículo. Nenhum sistema é perfeito, portanto, precisa haver camadas de segurança para evitar o pior.

  4. Qdo o modal Metrô foi implantado em SP e começou sua operação em 1974, houve diversos problemas por ser um modal novo na cidade e a falta de Know-how.

    Com o passar dos anos e o Know-how adquirido, o modal ganhou bastante confiabilidade e segurança, sendo hoje o transporte preferido pelos Paulistanos, mesmo com o DESCASO e a obsessão do GESP em querer privatizar e entregar tudo a concessionarias sem Know-how algum em operação de sistemas metroviários e ferroviários.

    O mesmo ocorre com o modal monotrilho hoje, o metrô apanhou bastante no começo, mas já ganhou know-how e expertize para operar essa linha de monotrilho. Só que, licitação por menor preço sem exigir qualidade e material de primeira linha para estações e trens, acabam que gerando os problemas atuais…..

  5. O pessoal tem que colocar na cabeça que a época que abrir o metrô em 1970 Que tinha de mais moderno na época para sistema metroviário eram o atc é ato . A pedra de sapato do metrô e o sindicato dos metroviários é que terrível contra o cbtc qualquer outra modernidade , a ideia do pessoal do sindicato é colocar uma cabine igual do série k l i J do metrô normal

  6. Na verdade o monotrilho é um modal subdimensionado para uma região tão grande e populosa como a região Leste-Sudeste de São Paulo – aonde o ideal seria uma linha de metrô convencional, com desempenho e capacidade muito superiores.
    Os monotrilhos, como modal estrutural, seriam mais aplicáveis em cidades de médio porte.
    Mas quando o então governador trouxe o monotrilho pra cá, o apresentou com a nova “invenção da roda” – mais barato e rápido de se construir, e com a “mesma capacidade” do metrô convencional. Pois é…Então tá…

  7. será que o problema é material de segunda linha ( como o desgaste prematuro nas junções das vigas trilho ou a “reforma de amv” provavelmente evidenciam) ou serviço porco das empreiteiras responsáveis pela montagem da via. já fizeram fresagem nas vigas trilho e ainda assim há trepidação, em nível maior do que se nota em sistemas construídos em outros países. o fato de terem de mudar o tamanho do run flat, pode dar ideia do tamanho da discrepância em relação as tolerâncias de montagem: bombardier usou algo próximo a indústria aeronáutica ( dado o que falaram sobre uso de alumínio e esforços em construir um trem leve e resistente); empreiteiras gastaram 14 milhões ( pelo menos e esse o valor que apareceu na licitação do trecho até vila prudente) pra fazer formas para as vigas trilho e ainda assim não conseguem obter tolerância de montagem suficiente….

    fora a questão do rádio que nunca funcionou adequadamente (entre outros problemas já comentados em trocentas outras matérias deste mesmo site) …
    então temos má fé ou múltiplas falhas de especificação de requisitos de serviço/material?????

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