O metrô chegou à Moema nesta sexta-feira (02), mas não como se espera de um transporte conhecido pela alta capacidade, velocidade e intervalos baixos. Em vez disso, o que se viu foi uma viagem entre a estação Brooklin e a nova parada Eucaliptos em modo “turístico”.
Com apenas um trem percorrendo os quase 3 quilômetros que separam as duas estações da Linha 5-Lilás, o trajeto demorou na viagem inaugural mais de 4 minutos. Isso porque, segundo o site soube pelos operadores do trem, ele foi operado em modo manual e a uma velocidade máxima de 30 km/h. Por essa razão, o intervalo em nada lembrou a velocidade que se vê em linhas como a 3-Vermelha. Em vez disso, um longo período até o retorno do trem e mais tempo ainda até sua saída.
Ou seja, ao menos nesse primeiro dia de operação assistida, cuja função realmente é checar sistemas e apresentar a linha ao público, não houve necessidade de o sistema CBTC, que era citado como motivo de atraso na abertura da estação, ser usado. Pelo o que o blog percebeu na primeira viagem, o trem seguiu fora do carrossel até pouco antes da estação Brooklin. Então houve uma parada para, acreditamos, o trem ‘entrar’ no carrossel de composições que operavam até ali e seguir o caminho até Capão Redondo.
Para separar os passageiros que pretendem apenas conhecer o novo trecho sem pagamento de passagem, o Metrô isolou dois carros na frente da composição. Quem chega em Brooklin precisa desembarcar e subir até os bloqueios para pagar passagem e embarcar sentido Capão Redondo. Já os usuários que preferirem voltar à Moema gratuitamente tem de mudar de plataforma até aguardar um trem que seguirá até Eucaliptos. Pelo ritmo, ficou subentendido que nem todos os trens serão usados na nova extensão já que a manobra para retorno pareceu bastante lenta.
Outros sinais de que a inauguração ocorreu às pressas estavam no painel de estações nos vagões e no anúncio por voz – o trem em questão ‘partia’ de Capão Redondo para Campo Limpo, segundo a informação da composição. A estação em si também revela vários improvisos como paredes rabiscadas, fios expostos, poeira e até mesmo túneis com espuma usada para selá-los vazando pelos encaixes das aduelas.
Do lado externo, as praças têm um desenho simples e uma vegetação ainda rasteira. O resultado é melhor do que o visto em Borba Gato, por exemplo, mas algumas falhas foram notadas como o jardim no caminho da faixa de pedestres da avenida Ibirapuera. O acesso secundário, por sua vez, não estava aberto com funcionários lavando seu piso até o começo da tarde.
Mais de 83 km de metrô
Com a adição de Eucaliptos, a rede metroviária, que conta atualmente com seis linhas, chegou a 83,3 km nas contas do governo. São 2,9 km a mais por conta da existência da estação Campo Belo no meio do trajeto. Alckmin, no entanto, diz que o Metrô paulistano atingirá 102 km até o final do ano. Além disso, a abertura da Linha 13-Jade, da CPTM, acrescentará outros 12,2 km ao sistema como um todo. Serão 79 estações de metrô até o final de 2018.
Estações Santa Cruz e Chácara Klabin
Espera-se que à medida que os dias passem o Metrô e a Bombardier consigam aprimorar o sistema CBTC para que Eucaliptos entre de fato na operação normal e o serviço seja mais próximo do que a demanda exige – segundo o governo, serão 18 mil pessoas por dia utilizando Eucaliptos. Já no próximo domingo (04) a Linha 5 será completamente fechada para novos testes.
Durante discurso em que voltou a ressaltar o fato de São Paulo ser o único estado da federação capaz de bancar uma linha de metrô sozinho (sem investimento federal), o governador Geraldo Alckmin prometeu abrir as estações AACD-Servidor, Hospital São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin no final de maio. Na verdade, elas já serão inauguradas pelo vice-governador Márcio França, do PSB. Antes disso, Alckmin, que foi ovacionado por políticos aliados como candidato à Presidência da República, deve entregar sua última estação da Linha 5, Moema, que ele previu estar pronta no início de abril. Acredita-se, com o CBTC funcionando.
vao ter que instalar as portas à noite. dá tempo de instalar tudo de uma vez?
Boa noite Ricardo! Eu gostaria de saber se na sua opinião a próxima gestão do governo do estado (2019-2022) poderá realizar as obras de construção das linhas 19 celeste e 20 rosa. Obrigado!
Samuel, para ser bem honesto, o horizonte dessas duas linhas parece muito distante no momento. A razão principal é a falta de recursos para tirá-las do papel na próxima gestão. Antes delas o próximo governo terá que destravar as linhas 6, 18 e 2, além de ter que decidir se os monotrilhos das linhas 15 e 17 serão mesmo expandidos. Só então será possível decidir qual será o próximo passo. Tanto a 19 como a 20 (principalmente esta) terão um custo de desapropriação alto por passar por regiões adensadas e de metro quadrado muito caro. É uma pena porque as duas fariam uma enorme diferença na rede.
Essas estações viraram uma estufa. Podem plantar algumas espécies ali.