Fábrica dos trens da ViaMobilidade e da Linha 6-Laranja com ameaça de greve

Funcionários da Alstom em Taubaté (SP) decretaram estado de greve após anúncio de demissões pelo fim de contrato de fabricação de trens
Fábrica da Alstom em Taubaté
Fábrica da Alstom em Taubaté (Divulgação)

A fábrica de trens da Alstom, em Taubaté, interior de São Paulo, pode sofrer uma paralisação de seus funcionários em breve, anunciou o sindicato da categoria.

O motivo, segundo ele, seria o anúncio de cerca de 500 demissões na unidade em virtude da conclusão da produção de trens “para o Metrô de SP” – o número não pode ser confirmado.

O sindicato decretou “estado de greve” e afirmou que o “último vagão desse contrato será entregue nessa semana”, mas não deu detalhes sobre qual modelo se trata.

Siga o MetrôCPTM nas redes: WhatsApp | Facebook | LinkedIn | Youtube | Instagram | Twitter

Composições da Série 8900 no Pátio Presidente Altino (Jean Carlos)
Composições da Série 8900 no Pátio Presidente Altino (Jean Carlos)

Como o Metrô não tem nenhuma encomenda junto à Alstom no Brasil, entende-se que a entidade se refere à produção de 36 unidades da Série 8900 para a ViaMobilidade, que está de fato na reta final, com 34 composições já enviadas à São Paulo.

A Alstom tem ainda um contrato com a LinhaUni para produzir 22 trens com seis carros cada para a Linha 6-Laranja, além de outros pedidos no exterior.

A empresa também está produzindo 19 trens Innovia 300 de monotrilho para a Linha 15-Prata, porém, eles são montados na China.

Em nota enviada ao site, a assessoria da Alstom afirmou que a empresa “confirma a readequação de sua força de trabalho na fábrica de Taubaté. A ação é necessária após a conclusão de algumas fases de produção e faz parte dos ajustes necessários para a realização dos demais projetos“.

A decisão não impacta os projetos em curso, tampouco os negócios da empresa. A Alstom acredita e reforça seu compromisso de longo prazo com a mobilidade do país“, concluiu a nota.

Ilustração com o visual do trem da Linha 6-Laranja (Alstom)
Ilustração com o visual do trem da Linha 6-Laranja (Alstom)

Produção ferroviária no Brasil

O parque industrial ferroviário nacional vive uma fase de baixos pedidos e unidades fechadas nos últimos anos. Após um período em que pedidos de trens condicionavam a produção local, fabricantes como a CAF, Rotem e Bombardier abriram unidades para dar conta da demanda.

No entanto, as linhas mais novas têm sido geralmente atendidas por produção no exterior. O Metrô da Bahia e a ViaQuatro compram trens sul-coreanos produzidos na Ásia enquanto a CPTM encomendou oito trens chineses da Série 2500.

A Linha 17-Ouro também optou por um fabricante chinês, a BYD, que acaba de entregar o primeiro trem de monotrilho.

Trens da Frota S que serão usados na Linha 15-Prata
Trens da Frota S que serão usados na Linha 15-Prata (CRRC)

Em outros estados, a demanda tem sido pequena, com o Metrô de BH anunciando que irá receber trens fabricados pela CRRC, da China.

Por essa razão, a esperada concorrência para 44 trens da Frota R do Metrô de São Paulo é aguardada com grande expectativa já que será o maior contrato do tipo em muitos anos. O leilão está marcado para 30 de setembro após vários adiamentos.

Total
0
Shares
Antes de comentar, leia os termos de uso dos comentários, por favor
10 comments
  1. Não fomentar a indústria local adquirindo equipamentos importados quando os mesmos são fabricados aqui é uma insensatez sem tamanho, independente de se priorizar custos.

    1. Ao contrário, “fomentar a indústria local” mesmo sabendo que não há demanda gera isso.

      A indústria ferroviária é tipicamente sazonal. Um trem dura de 30 a 60 anos, logo não tem como fabricar trens todo ano. Com a clientela pequena e contratos temporários, não há como manter funcionários ociosos.

      Essas demissões são consequência da natureza da própria indústria ferroviária. Forçar greve só fará a fábrica fechar e levar os empregos sazonais para o exterior. A postura fanática do sindicato dos metalúrgicos do Vale só serviu para espantar empresas e gerar desemprego.

  2. Fabrica está “diante de” … Greve…

    Em vez de

    Fabrica está com “ameaça de” … Greve…

    É direito previsto dos trabalhadores. Não tem nada de ameaça. As palavras dizem muito 😉

    1. As greves foram o que desencadearam a privatização do metro. O governo cansou das greves e esta privatizando linhas unica e exclusivamente por esse motivo.

      O mesmo vai acabar acontecendo com a alstom taubate. Se ficarem de graca, a alstom fecha a fabrica logo apos a entrega dos trens da linha 6 e continua a producao de la da asia.

      Ducida? Printa esse comentario e espera 2 anos pra ver.

  3. os caras quando entraram na empresa foi dito e está em contrato temporário assinaram por quiseram, não Colorama um revólver na cabeça obrigando os mesmos.

    1. É verdade né, pra que brigar por manter seus empregos? É melhor se contentar e aceitar as demissões caladinho, afinal de contas o trabalhador não deve brigar pelo sustento da sua família. O trabalhador também não deve brigar por melhorias trabalhistas, deve aceitar o que oferecem e pronto, receber sua “merreca” e ficar feliz.
      E quem disse que o contrato “dos trabalhadores” era temporário mesmo? Que eu saiba o contrato que tem prazo é o da quantidade de trens, e são vários contratos, não é só um modelo de trem que é produzido lá.

      1. Como manter empregos se a produção é sazonal?
        Não dá para fabricar trens todo dia. Sem encomendas, não há o que fazer. Quem trabalha na indústria ferroviária deveria saber que ela é sazonal.

  4. Entendo o ponto de vista de vocês, mas vamos usar a razão:
    Para as empresas aquí no Brasil, muitas vezes é mais barato adquirir equipamentos de fornecedores extrangeiros ao de fornecedores nacionais, devido à alta taxa de impostos de nosso país sobre os produtos industriais.

Comments are closed.

Previous Post
Primeiro trem da Linha 17-Ouro no Pátio Água Espraiada

Após mais de uma década de obras, Linha 17-Ouro recebe primeiro trem de monotrilho

Next Post
Composição com máscara restaurada (Trilhos Que Movem SP)

Metrô de São Paulo realiza restauração estética de trens

Related Posts