A CPTM promoveu na terça-feira, 11, a última viagem operacional de um trem da Série 2000. Os trens são considerados a primeira frota totalmente nova a operar nas vias da estatal.
Os trens da Série 2000 foram adquiridos nos anos 90 para compor a frota do primeiro grande serviço da CPTM, o Expresso Leste, na Linha 11-Coral. A proposta inovadora era de permitir viagens rápidas entre Brás e Guaianases, eliminando as estações paradoras e incorporando novas estações.
Os trens foram fabricados pela CAF, Alstom e ADTranz na Espanha entre 1998 e 1999, entrando em operação nos anos 2000.
Entre suas características principais estavam as portas com abertura deslizante para fora do carro e o material das estruturas em aço carbono – posteriormente, a CPTM adotou apenas o aço inox.
A série já circulou em testes nas linhas 7-Rubi, 8-Diamante e 10-Turquesa, mas a partir de 2016 ela foi deslocada para a Linha 12-Safira, substituindo os antigos trens da Série 4400 de qualidade muito inferior. A mudança foi bem recebida pelos passageiros.
Sr. Luiz Aguiar, um dos pioneiros na condução da Série 2000 (Jean Carlos)
A viagem
A última viagem foi realizada com um trem de formação inédita composta pelas semi unidades 2046 e 2060. Esta combinação foi a que obteve melhor desempenho técnico para realizar a viagem final.
A composição partiu da plataforma 8 da Estação Brás junto com convidados. Dentre eles estavam funcionários da ativa e aposentados, incluindo os pioneiros na operação e manutenção do trem.
A partir da Estação Tatuapé, o trem passou a atender aos passageiros da Linha 12-Safira. Durante a viagem, o site acompanhou parte do trecho dentro da cabine da composição.
Apesar de ter sido construído no final dos anos 90, o trem já tem uma concepção moderna com a maioria de seus comandos sendo de fácil assimilação para um operador com vivência. O desempenho da composição não deixava nada a desejar em relação a um trem mais novo.
A chegada à Estação Calmon Viana marcou a saída de serviço da unidade. Aquela foi, efetivamente, a última viagem com passageiros de um trem da Série 2000.
Inovações
Os trens da Série 2000 vieram com um conjunto de inovações que mudaram a ferrovia. Este foi o primeiro trem com motores de corrente alternada no Brasil, uma inovação que ocorreu antes dos trens da Frota F do Metrô.
Foi a segunda frota de trens do Brasil a ter climatização no salão de passageiros. O primeiro foi a Série 2100 que já veio da Espanha com esta tecnologia.
A composição possui um barramento óptico de comunicação, que permite a transmissão de informações ao longo da composição de forma rápida. A potência do trem é bastante elevada em geral, são 6.000 kW de de força total.
Fim da linha
Ao longo dos últimos meses, a CPTM manteve um contrato de manutenção da Série 2000 junto ao consórcio TMT Trens 2000. No último aditivo, a quantidade de trens reparados caiu de 30 para 18 semi unidades (quatro carros).
Em 2024, o contrato de manutenção não foi postergado, deixando o reparo dos trens sob responsabilidade da CPTM. A empresa manteve os trens operando até meados de novembro.
A última composição, que realizou a viagem final, foi uma junção de duas unidades em melhores condições operacionais. Todos os demais trens estão ou imobilizados ou com condições mais complexas que exigiam reparos de maior complexidade.
A Série 2000, a frota pioneira da CPTM, se despede com um saldo positivo de serviços prestados à coletividade. Foram mais de 1 bilhão de passageiros transportados e mais de 47 milhões de quilômetros percorridos.
Apesar da despedida, as linhas de trens metropolitanos estão recebendo um grande reforço de frotas novas, sejam em linhas estatais ou em trechos concedidos. A composição K060 partiu do Brás por volta de 13h40 chegando em Calmon Viana às 14h50.
Às 15h55 do dia 10 de dezembro de 2024 a Série 2000 realizou sua última movimentação, sendo recolhido e imobilizado em definitivo no Pátio Eng. São Paulo.
Revoltante! Não dá pra sentir algo bom, olhando a tecnologia que está sendo jogada no lixo. Isso é um trem novo gente! Em países de 1º mundo trens mais antigos, funcionam e muito bem!
O Brasil não é país rico não, pra jogar um equipamento desse fora!
Olhem essas imagens! O trem circularia muitos anos com o mínimo de manutenção decente.
Enquanto a Cia. do Metrô reformou latas velhas dos anos 70 e 80 quase ao preço de investir em frotas novas (e agora tem um monte de trem com aquela porta estreita péssima, que em nada ajuda o embarque/desembarque, por sabe-se lá quanto tempo mais), a CPTM (especialista em usar mal o dinheiro público) joga no lixo trens com pouco mais de 2 décadas só de uso.
Qual a lógica dessas decisões do estilo “8 ou 80”?!
A CPTM comete um crime contra o patrimônio imobilizando e desativando uma série de trens com apenas 24 anos de uso, não consigo aceitar isso! A manutenção terceirizada dessa empresa sempre foi porca e desleixada, por isso vieram com a conversa fiada de que os trens estavam velhos e os mais recentes são melhores, são nada, são bem parecidos com os 2000, isso sim, aliás, os 2000 são até mais confortáveis do que os 8500 que têm os bancos duros, apesar do estofamento mal feito!
Os trens estavam bons para rodarem por vários anos ainda, trens podem rodar por 60 até quase 100 anos, se bem mantidos e há diversos exemplos desses pelo mundo, aqui mesmo no Brasil tem alguns trens aí mais velhos que os 2000 circulando até hoje, metrô e subúrbio! Pelo menos poderiam negociar doações dos que estão em melhores condições para a SuperVia e Metrorec, ambas operadoras com déficit de material rodante e com uma reforma e adaptações simples aos sistemas do Rio e do Recife fariam os trens terem uma sobrevida dando um pouco mais de qualidade a essas localidades, já aconteceu quando mandaram os Toshibas para Salvador e agora o VLT de Cuiabá pra lá!
Principalmente no Recife poderiam serem mais úteis, pois os Santa Matilde estão a maior parte deles indisponíveis e operariam bem na formação de 4 carros! É um absurdo descartar os trens desse jeito que estão fazendo!
É, realmente mandar para a Supervia ou Recife seria uma excelente ideia.
24 anos não é jovem demais para ser aposentado?
Tem aviões de passageiros voando próximos de 35 anos de idade. Aviões de carga voam até os 45 ou 50 anos de idade.
Minha comparação é apenas para apenas para falar que, com a manutenção certa e correta e algumas atualizações, não existe um “avião velho”.
Com trens não é a mesma coisa?
Pra quem acha que esse trem era jovem demais pra ser aposentado, entendam uma coisa: a CPTM precisa de altíssimos padrões de confiabilidade, coisa que esses trens já não estavam apresentando. Mesmo hipoteticamente com uma manutenção bem feita, a sua eletrônica ficou defasada, seu sistema de abertura de portas complexo, sua caixa de aço carbono muito suscetível a ferrugem, apenas um aparelho de ar condicionado por carro, além da reclamação dos maquinistas da falta de precisão ao parar na plataforma, faz com que no longo prazo se torne inviável manter essa frota circulando em um serviço parador como o atual. Esse trem já se pagou e já deu muito retorno à companhia, além do mais, com a entrada dos 8900, temos excedente de trens. Não faz sentido manter esses trens.
Enquanto a gente baixa a frota 2000, temos estacoes com um abismo entre o trem e a plataforma, trechos com restricao de velocidade, PNs, superlotacao, sinalização jurassica. Antes de baixar a frota 2000 havia um caminhao de coisas mais importantes pra fazer. Tomara que algum dia todos os envolvidos na baixa (e na manutencao porca ao longo de toda a cida util) sejam punidos.
o que faz com todos os trens parados ?
desmonta? recicla? doa? vende?
vira criadouro da dengue?
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assim como a população precisa realizar descarte, deveria ter uma lei , para quando pensar em desativar dar um jeito em 90 dias. não possível que vai virar cemitério de trens
Os trens são leiloados como “inservíveis”. E quem os compra acaba utilizando todas as peças. Fique tranquilo que faz alguns anos que não existem mais “cemitérios de trens” em São Paulo. Pelo menos não da CPTM…