Os dados preliminares da Pesquisa Origem Destino de 2017 promovida pelo Metrô de São Paulo revelam dados animadores sobre a expansão do uso do transporte sobre trilhos na Grande São Paulo nos últimos 10 anos. De acordo com eles, as viagens diárias no Metrô e na CPTM aumentaram 53%, saltando de 3 milhões em 2007 para cerca de 4,7 milhões no ano passado.
Mesmo assim, o transporte sobre trilhos representa apenas 11,4% das viagens diárias realizadas na região contra 7,9% há uma década. O modal fica atrás de três outros tipos de deslocamento, o feito a pé, com 30,9%, por ônibus (20,8%) e o mais preocupante, por automóvel, que representa 27,3% do total de viagens diárias e que permaneceu estável nesse período.
Em outras palavras, o Metrô e a CPTM tiraram parte do público de outros modais sobretudo coletivos como ônibus fretados e coletivos. Outras formas de transporte também avançaram como os táxis onde estão incluídos os aplicativos de viagem como o Uber e o 99Taxi e também as bicicletas que avançaram pouco, talvez porque a pesquisa tenha sido feita antes da explosão das bikes compartilhadas.
Uma análise superficial parece indicar que a migração dos usuários para outros modais se deu de forma segregada. O público habituado a usar ônibus passou a se deslocar de trem e metrô por conta da expansão da rede (que saiu de pouco mais de 61 km para 80 km até o final de 2017 e 96 km em 2018) e também da modernização das linhas da CPTM e renovação da frota com composições mais velozes e confortáveis. Já as pessoas acostumadas a utilizar o transporte individual acabou dividindo seu tempo com os aplicativos de táxi, por exemplo.
Caso isso seja de fato o que ocorreu demonstra que existe ainda um enorme desafio para que o sistema sobre trilhos se torne o principal transporte na Grande São Paulo. Embora extensa, com mais de 370 km, a rede metroferroviária peca por não ter densidade nas regiões centrais e nos principais eixos de deslocamentos. Sem essa presença, as pessoas acabam utilizando carros e ônibus como principais formas de transporte principal e que obviamente não têm as características adequadas para suportar tamanha demanda.
Um aspecto não citado pela companhia em seu comunicado diz respeito ao crescimento do conceito de “home office” nas empresas, hoje muito difundido em vários setores privados e até públicos. Essa possível redução de viagens não aparece no material de divulgação embora a companhia tenha explicado que o número de viagens por habitante permaneceu praticamente estável, o chamado índice de mobilidade.
Os próximos dez anos, quando a pesquisa Origem Destino 2027 vier a campo, poderão ver uma transformação ainda maior com a popularização de meios de transporte alternativos, a mudança na relação entre empregados e empregadores e, claro, na potencial expansão das linhas de metrô e trens. Se esse crescimento chegar a um nível sustentável é possível crer que o transporte sobre trilhos assuma o papel que é seu por direito, o de principal modal de uma megalópole como São Paulo.
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