Corredor de ônibus que substituirá a Linha 18-Bronze muda traçado e vê estimativa de custo aumentar

Secretário Alexandre Baldy se reuniu com prefeitos do ABC Paulista e afirmou que obras começarão no primeiro semestre de 2020 e durarão seis meses a mais que o previsto
Terminal Sacomã da SPTrans: corredor de ônibus do ABC terá conexão com Expresso Tiradentes (Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas)

Após mais de um mês da data prometida, o secretário Alexandre Baldy, dos Transportes Metropolitanos, voltou a se reunir com o Consórcio Intermunicipal ABC, que reúne os prefeitos da região vizinha da capital, para apresentar detalhes do plano de mobilidade urbana proposto pelo governador João Doria em julho como alternativa para a Linha 18-Bronze de metrô, cancelada nessa ocasião.

Como já era esperado (afinal não houve tempo hábil para muita coisa), Baldy trouxe apenas previsões genéricas sobre o corredor de ônibus BRT que será construído no trajeto do monotrilho licitado e contratado em 2014. A novidade é que o governo do estado decidiu ampliar o traçado em seu trecho final também terminará na estação Sacomã da Linha 2-Verde além da estação Tamanduateí. A vantagem, segundo o secretário, é poder ligar os ônibus com outro corredor, o Expresso Tiradentes, da SPTrans, e que segue até o Parque Dom Pedro, no centro de São Paulo.

Essa hipótese já aparecia no documento apócrifo que vazou da Secretaria no início do ano. Nele, há uma altenativa de trajeto a partir da avenida Goiás que toma o caminho da avenida Almirante Delamare e atravessa a região de Heliópolis até chegar ao terminal da SPTrans – na apresentação, inclusive, o custo do BRT é bem superior aos R$ 680 milhões divulgados por Doria na coletiva de julho, quando se argumentou que o corredor era muito mais barato que o monotrilho.

Agora, segundo o site Repórter Diário, que esteve na reunião, os custos estimados cresceram 26%, saltando dos R$ 680 milhões citados para R$ 860 milhões. Sobre a previsão de início das obras, tidas como muito mais rápidas do que um projeto metroviário, Baldy afirmou aos presentes que elas deverão ter início no primeiro semestre de 2020 e que a licitação ocorrerá até o final deste ano – assim como o tão esperado projeto, até hoje desconhecido.

Informações não reconhecidas pela STM adiantavam novo traçado no sentido da estação Sacomã (Reprodução)

Segundo disse o secretário ao Diário do Transporte, o tempo estimado da obra é de dois anos e não mais 18 meses como havia sido estimado em julho. Com isso, em tese o BRT  ficará pronto  em 2022, último ano da atual gestão. É praticamente a mesma época em que o monotrilho da Linha 18-Bronze seria concluído, segundo a VEM ABC, caso tivesse luz verde do governo em julho e pretendia começar a operá-lo no final de 2022.

Sobre os detalhes das demais promessas do governador, nenhuma novidade. A Linha 20-Rosa, a modernização da Linha 10-Turquesa e a construção da estação Pirelli serão alvo de uma comissão com membros da sete prefeituras que acompanharão o desenrolar desses projetos.

Atualziado em 13 de junho para correção da informação sobre o traçado final.

O ABC Paulista aguarda desde 2014 por uma solução de mobilidade rápida e de grande capacidade prometida pelo governador João Doria em 3 de julho de 2019.

Estação da Linha 18-Bronze: visual mais leve e moderno
Projeto de estação da Linha 18-Bronze: consórcio VEMABC previa concluir obra em 2022, mesmo prazo do BRT hoje

Total
0
Shares
Antes de comentar, leia os termos de uso dos comentários, por favor
13 comments
  1. Agora o Sr Baldy, junto com o Governador gestor deveriam se virar e cumprir o prazo e o orçamento proposto na época que anunciaram a troca. Isso não é nada mais que chamar a população de idiota.

  2. Eu so quero saber como q o BRT vai ter 2 faixas exclusivas em avenidas em que grande parte do trajeto so tem 2 faixas.

  3. Muito engraçado. Enquanto várias cidades do mundo investindo em trem, metros, VLR e monotrilho, São Paulo retrocede. O q já gastaram com essas máfias dava para dobrar o número de linhas desse meios de transporte. Construir um corredor ao invés de outro transporte é burrice mesmo.

  4. Já que a “””justificativa””” da troca do Monotrilho por chassis de ônibus queimadores de combustível fóssil cancerígeno é a questão de “capacidade menor e crise orçamentária”, acho super justo as Prefeituras das 5 prefeituras da região e o Palácio dos Bandeirantes extinguirem TODOS os carros oficiais do Executivo e consequentemente o gasto com combustível. A partir de então, todos os agentes públicos, inclusive políticos, passariam a se locomover pela malha metroferroviária da cidade como praticamente todo político europeu faz. Se nunca mais gastarem com a farra do carro oficial, acho que dá perfeitamente para voltar ao projeto do Monotrilho tranquilamente e ainda sobra dinheiro para eventuais “aditivos”.

    E há boatos de que se acabarem com a farra do carro oficial de todas as Câmaras de vereadores da região, da ALESP, do TCM, do TCE, do TRE, do TJ-SP, do MP-SP e do TJMSP, dá para construir o metroanel de São Paulo ligando todas as pontas das linhas da capital e ainda dá para despoluir o Rio Tietê.

    Pensem com carinho.

  5. Quanto mais sabemos desse BRT, mais absurdo ele se torna.

    Anotem o que eu vou falar: isso não será nada mais do que um Corredor igual ao da Metra, que opera entre o Jabaquara e São Matheus, com chances de utilização de vias em comum.

    O trajeto pode por um lado ser interessante, pois implica na distribuição do fluxo de passageiros e aproveita a estrutura de um terminal de ônibus já existente (o que teria que ser feito no caso do BRT ir para Tamanduateí). Porém, a quantidade de desapropriações em Heliópolis para poder passar com um corredor mínimo de ônibus será absurda. A área possui delegacia, Batalhão da PM, Faculdade, prédios da CDHU, programas de urbanização em andamento, além de ser totalmente caótica do ponto de vista de trânsito, com nenhum respeito a sinalizações, carros em fila dupla, estacionados nas fixas exclusivas de ônibus, tudo isso por conta do crescimento desordenado da região. Enfim, se a queixa era para a desapropriação de UMA fábrica para a construção do pátio de manutenção, quero ver os custos que isso irá atingir com as centenas de desapropriações que deverão ser feitas para este corredor.

    Além do mais, só tenho a certeza de mais outro ponto: não existe nada de concreto e de estudos efetivos desse BRT. Ele é um desenho que fizeram num mapa e ponto, sem um estudo de fato de origem-destino, custos de desapropriação e tudo mais. Isso explica cada momento existir um prazo novo e uma data nova de entrega.

    No final das contas, isso sairá mais caro que o VLT, vai demorar mais tempo para ficar pronto e não vai oferecer um serviço que poderia existir com o VLT.

    Cada vez lamento mais por tais absurdos que tenta empurrar goela abaixo para nós.

    1. Pois é, ao menos considerem colocar ônibus elétricos alimentados ou recarregados nos terminais por meio de catenária, seria ao menos um consolo aos moradores do grande ABCD.

    2. E quem te disse que vai ter desapropriação? Os ônibus vão circular nas vias de tráfego compartilhado.

      1. Victor,

        Até onde eu sabia, não existe qualquer definição neste sentido. Pelo contrário: a Secretaria de Transportes Metropolitanos afirma que ocorrerá a segregação das vias, com a existência de pontos onde até mesmo poderão ser construídos viadutos. Mas sem o projeto básico, será difícil bater o martelo para algo.

        Mas, caso você esteja correto, será o maior estelionato eleitoral a substituição do Monotrilho pelo BRT, que na verdade nem sequer seria BRT e sim um corredor que ligaria o ABC ao Sacomã.

        Além do mais, o que reforça o fato de que serão vias segregadas é o fato de que pensam em realizar a concessão do trecho por meio de uma PPP. Claro, pode acontecer igual o Corredor ABD, que possui pequenos trecho de vias compartilhadas, mas não tenha dúvidas de que eles são os principais gargalos dessas linhas. Quando há qualquer congestionamento por conta, por exemplo, de um feriado, o sistema quase que se torna inoperante.

        É aguardar para ver, mas com todo respeito, espero que você esteja errado.

        1. Me expressei mal. A maior parte será em vias segregadas. Porém, trechos que exigiriam grandes desapropriações, e por isso elevariam muito o custo da obra, como en Heliópolis, serão em vias de tráfego compartilhado. Algo parecido com o Corredor ABD.

        2. Me expressei mal. Claro que a maior parte será em vias segregadas. Porém, trechos que exigiriam grandes desapropriações, e por isso ficariam muito caros, como em Heliópolis, serão em vias de tráfego compartilhado. Algo parecido com o que ocorre no Corredor ABD e que você citou.

Comments are closed.

Previous Post

Cresce consenso pela criação de uma autoridade metropolitana para gerir o transporte público

Next Post

Ao contrário do Metrô e CPTM, ônibus de São Paulo aceitarão pagamento da tarifa por aproximação

Related Posts