Se nos palanques e entrevistas coletivas, o governador João Doria tem prometido que o transporte público será uma das grandes vitrines e que “nenhuma obra ficará parada” em sua gestão, na prática a situação parece bem menos atraente. Com uma receita prevista pouco maior que em 2019, o governo do estado pretende investir menos na Secretaria dos Transportes Metropolitanos, pasta que reúne o Metrô, CPTM e a EMTU.
Os detalhes da proposta de orçamento enviada à Assembléia Legislativa foram obtidos em primeira mão pelo site Diário do Transporte (veja mais detalhes aqui) que revelou que os recursos propostos por Doria serão 10,5% menores do que em 2019 (ainda na gestão anterior). A proposta ainda será apreciada pelos deputados estaduais e pode sofrer alterações mediante emendas, mas espanta que os valores a serem investidos tenham recuado com tantos projetos prometidos.
O que se deduz da proposta é que poucas ações realmente novas serão iniciadas e as que receberem recursos serão de valores baixos, insuficientes ainda para que essas obras evoluam conforme as expectativas. Há de se lembrar, é verdade, que a gestão Doria tem repetido com frequência a intenção de atrair a iniciativa privada para tirar esses projetos do papel, mas mesmo nessas parcerias o estado também deve arcar com parte dos custos e é isso que chama a atenção no cenário do ano que vem, praticamente sem previsão de investimentos significativos.
Veja a seguir os principais pontos relativos aos projetos sob trilhos:
Linha 1-Azul – Valor previsto: R$ 2.280.000
Segundo o documento divulgado pelo Diário do Transporte, a meta do governo é instalar quatro fachadas de portas de plataforma.
Linha 2-Verde – Valor previsto: R$ 1.652.990
Sobre as portas de plataforma, há apenas a citação de continuidade da instalação das portas, que hoje estão sendo montadas na estação Vila Madalena.
Linha 2-Verde – Valor previsto: R$ 360.881.000
Outro recurso indicado no orçamento é o da expansão da Linha 2 sentido Guarulhos. A meta é que o projeto avance 9%, mas não está claro em que esse dado está baseado já que o valor destinado a ele é minúsculo. Com pouco mais de R$ 360 milhões não se constrói meio quilômetro de linha de metrô subterrânea. Ou seja, tudo leva a crer que pouca coisa de fato ocorrerá nessa ampliação no ano que vem já que a previsão do projeto é bem mais elevada, de R$ 5,5 bilhões, segundo o governo.
Linha 3-Vermelha – Valor previsto: R$ 2.164.000
O ramal, que está hoje recebendo a sinalização CBTC, deverá contar com a instalação de oito fachadas de portas de plataforma em 2020, segundo o documento.
Linha 4-Amarela – Valor previsto: R$ 20
Os dados estranhamente não citam os recursos necessários para dar continuidade às obras da estação Vila Sônia, da expansão do pátio e do terminal de ônibus, apenas citam um valor simbólico.
Linha 5-Lilás – Valor previsto: R$ 492.288.094
Mesmo já entregue na parte civil, a expansão da Linha 5-Lilás exigirá quase meio milhão de reais para a conclusão de sistemas e sobretudo das portas de plataforma, das quais apenas quatro estão operando atualmente.
Linha 6-Laranja – Valor previsto: R$ 935.100.030
Mesmo sem estar claro como o governo do estado conseguirá retomar as obras da Linha 6-Laranja, a gestão atual separou quase um bilhão de reais para 2020. Ainda assim, uma parcela pequena em relação ao custo total da linha de 15 km e 15 estações.
Linha 7-Rubi- Valor previsto: R$ 41.000.000
O valor se refere à modernização do ramal, sem especificar em que esse montante será gasto, embora se saiba que parte dele servirá para a estação Francisco Morato.
Linha 8-Diamante- Valor previsto: R$ 257.940.020
Embora também não detalhada, a proposta para a Linha 8 pode envolver a retomada do projeto de sinalização e de sistemas.
Linha 9-Esmeralda – Valor previsto: R$ 6.171.912
A expansão da Linha 9 até Varginha tem uma previsão baixa de investimento, mas é bom ressaltar que a maior parte dos recursos vem do governo federal.
Linha 10-Turquesa – Valor previsto: R$ 94.496.990
Com quase R$ 100 milhões, a Linha 10 pode retomar a instalação do CBTC e da ampliação do sistema de energia, citados pelo presidente da CPTM recentemente. Mas parece pouco para dar início à modernização e reforma de estações, como desejado pelo governo.
Linha 11-Coral – Valor previsto: R$ 38.000.000
A Linha 11 tem o contrato de CBTC atrelado ao da Linha 10, então não sabemos dizer se esse recurso está dividido ou locado em uma delas.
Linha 12-Safira – Valor previsto: R$ 9.000.000
A destinação para a Linha 12 causa surpresa já que a CPTM está próxima de licitar a modernização das vias e sistemas para reduzir o intervalo para três minutos.
Linha 13-Jade – Valor previsto: R$ 231.714.816
Aberta em março de 2018, a Linha 13 ainda está com os trabalhos de sistemas em andamento, além de ter começado a receber os oito trens da Série 2500.
Linha 15-Prata – Valor previsto: R$ 353.444.010
O monotrilho da Zona Leste deve ter as obras concluídas até São Mateus no final deste ano. Além disso, há as obras da estação Jardim Colonial previstas para acabarem em 2021. O governo também pretende avançar com a licitação de mais duas estações sentido Cidade Tiradentes e retomar o projeto da estação Ipiranga.
Linha 17-Ouro – Valor previsto: R$ 620.427.638
Atualmente, a Linha 17 é o maior projeto sob trilhos em andamento em São Paulo, ao menos em extensão. Com vários contratos, a obra ainda deve demorar para ser concluída, mas a destinação de recursos sugere que os trabalhos serão intensificados em 2020.
Linha 19-Celeste – Valor previsto: R$ 5.000.000
Cotada como a próxima linha de metrô pesado a ser licitada, o ramal terá poucas novidades em 2020. O governo está iniciando estudos de campo e providenciando o projeto básico antes de preparar o edital de licitação. O inusitado desse item no orçamento é o texto que afirma que o projeto trata-se de “sistema monotrilho” quando é na realidade uma linha subterrânea e convencional.
Linha 20-Rosa – Valor previsto: R$ 10
Alardeada pelo governador e pelo prefeito de São Bernardo do Campo como algo palpável, a Linha 20-Rosa consta do documento apenas no item que fala da elaboração de projetos de expansão da rede metroviária. O valor? Dez reais.
BRT Metropolitano – Valor previsto: R$ 10
Substituto da Linha 18-Bronze de monotrilho, o BRT eleito por Doria como solução de mobilidade para a região também não recebeu previsão de recursos no orçamento. Ao menos a proposta do governo definiu um nome para o projeto: “BRT Metropolitano ABC – Paulista”.
Vale lembrar que o orçamento do governo não é uma peça engessada e mudanças poderão ser incluídas durante o ano, mediante aprovação da Assembléia Legislativa. Os valores simbólicos citados, por exemplo, serviriam apenas para incluir o projeto, mas sem previsão exata por enquanto. Assim que ficar mais claro o cronograma é feita uma alocação para eles.
A bem da verdade, o que se vê na proposta é uma visão realista das possibilidades de avanço na expansão do transporte público em São Paulo, sem promessas fáceis e de curto prazo. Por essa razão, é importante a continuidade desses projetos que transcedem uma ou até duas gestões de governo e que não podem ficar a mercê de interesses pessoais.
Com informações do Diário do Transporte.
“BRT Metropolitano ABC – Paulista”.
Um nome ridículo para um projeto ridículo, que saiu da cabeça de um “gestor” ridículo…tomara que empaque e não saia nunca.
As eleições já acabaram, Felipe. Aceita que dói menos.
Doria está fazendo uma boa gestão, deixa o homem trabalhar. Tem mais 3 anos pela frente.
Nossa, maravilhosa gestão..de encher os olhos….
E desde quando sou proibido de criticar tal político só por que a eleição acabou?
A eleição é só o momento de escolher o governante, a hora de cobrar é agora, ele prometeu, descumpriu e agora o nosso dever é reclamar até que alguém ouça