Em matéria publicada nesta segunda-feira, 08, o jornal Folha de São Paulo apelidou o monotrilho da Linha 17-Ouro de ‘linha ferrugem’, em referência ao material que está ao ar livre parado há algum tempo em trechos sem obras.
O artigo é parte de uma reportagem maior que fala sobre as obras de mobilidade que foram prometidas para a Copa do Mundo, que ocorreu há cerca de um ano. Apesar disso, o texto pouco esclarece a razão pelo qual a linha, que ligará a estação Jabaquara, da linha 1, à futura estação São Paulo-Morumbi da linha 4 (com extensão ao aeroporto de Congonhas), está atrasada – a previsão atual do governo estadual é o final de 2017.
Na entrevista feita com um engenheiro do Metrô responsável pela obra, cita-se o atraso no lançamento das vigas-trilho, que foi interrompido após um acidente próximo a rua Vieira de Morais. Segundo a empresa, o Ministério do Trabalho apenas permitiu o lançamento de vigas retas e por isso alguns trechos em curva estão sem nenhuma viga.
O Metrô também garante que há cerca de 1,3 mil funcionários na linha, o que não foi questionado pela Folha, que diz ter andado pela linha por vários dias. O blog também acompanha de perto a obra e é notória a falta de trabalho em vários trechos, sobretudo o que margeia a linha 9 da CPTM, que está parado há algumas semanas.
Fica evidente, no entanto, que o consórcio principal da obra, formado pelas construtoras Andrade Gutierrez, CR Almeida, Scomi e MPE, está concentrando os trabalhos no pátio, que é, aparentemente, o maior gargalo para que a linha entre em operação. Sem ele não há como iniciar os testes com o trem da Scomi, outro mistério que a Folha não se preocupou em esclarecer – até hoje quase nada sobre a produção do montrilho de origem malaia foi publicado.
Por outro lado, as estações têm sido tocadas num bom ritmo, sobretudo Vereador José Diniz, Vila Cordeiro e Campo Belo (que fará a ligação com sua homônima da linha 5). Chucri Zaidan, Jardim Aeroporto e Congonhas também estão com trabalhos visíveis, mas mais atrasadas. Já a estação Morumbi, que ligará o monotrilho à linha 9, tem apenas algumas colunas finalizadas.
Desapropriações
Se a fase 1 foi abordada pela reportagem, nada foi perguntado a respeito das outras duas fases previstas. A fase 2, que seguirá da Marginal até a estação São Paulo-Morumbi, tem passado por problemas de desapropriação, incluindo uma polêmica com o Cemitério do Morumbi. O trecho tem grande importância para a linha por oferecer uma opção de transporte rápido para moradores de Paraisópolis e imediações, além de ser no futuro uma opção para quem vem de regiões como Taboão da Serra. Já a fase 3, que ligará o monotrilho à linha 1 no Jabaquara, depende do remanejamento de moradores que estão ao lado do córrego onde será criado um parque linear – a obra é responsabilidade da Prefeitura de São Paulo.