Como especulado, a Bombardier anunciou nesta segunda-feira, 17, a venda da sua unidade de negócios ferroviários para a Alstom. O negócio é avaliado em US$ 8,2 bilhões (R$ 35 bilhões), mas deve ser reduzido para US$ 6,4 bilhões após abatimento de dívidas e obrigações legais da empresa. Assim como em outras sociedadas, o governo de Québec também possui participação na Bombardier Transportation e será ressarcido pela venda. Com isso, a Bombardier deverá ficar com cerca de US$ 4,5 bilhões, incluindo aí US$ 550 milhões em ações da Alstom, e deve conseguir parte de seus débitos.
A venda da divisão ferroviária ocorre dias após rumores indicarem que a fabricante canadense também se desfaria da sua linha de jatos executivos, mas o grupo optou por se manter nesse segmento, onde possui uma presença significativa. A empresa, no entanto, teria chegado a negociar com a Textron, dos EUA.
Com o negócio, a Alstom reforçará sua presença no segmento e passará a atuar em modais onde não possui produtos como o monotrilho. A Bombardier tem na linha Innovia um importante sistema de média capacidade e que no Brasil opera na Linha 15-Prata. Além disso, a empresa canadense também atua em outras áreas como sinalização e portas de plataformas.
Todos esses serviços, inclusive, fazem parte dos contratos que a Bombardier tem com o Metrô de São Paulo. Os trens de monotrilho, por exemplo, ainda têm 27 unidades encomendadas das quais dez deverão ser produzidas em breve, assim que o ramal da Zona Leste seja ampliado. Atualmente, a fábrica de Hortolândia está parada, e será preciso esperar para que a venda seja concluída para entender o que a Alstom, que tem sua área industrial na capital paulista, pretende fazer com a unidade.
Outro assunto que causa expectativa é quanto à implementação da sinalização CBTC nas linhas 5 e 15 e também suas PSDs, a cargo da Bombardier. A Alstom, por sua vez, tem um contrato desde 2008 para instalar seu CBTC nas linhas 1, 2 e 3 do Metrô, mas que está bastante atrasado. Além disso, deverá montar portas de segurança nas estações Jabaquara, Tucuruvi, Palmeiras-Barra Funda e Corinthians-Itaquera. Ou seja, ao todo, cinco linhas de metrô em São Paulo utilizarão sistemas e equipamentos da empresa francesa.
O negócio também elimina um concorrente de futuras licitações como a que a CPTM e o Metrô farão nos próximos meses. As duas empresas, aliás, foram condenadas pelo CADE por formação de cartel.