“A Linha 17-Ouro vai tirar a imagem ruim do monotrilho”, diz executivo da BYD

Em entrevista à equipe do site, Alexandre Barbosa, diretor do projeto SkyRail, fez um balanço dos trabalhos de implantação do novo trem do Metrô de São Paulo
Alexandre Barbosa (no detalhe) e o primeiro trem da BYD
Alexandre Barbosa (no detalhe) e o primeiro trem da BYD

Alexandre Barbosa é alguém que conhece a fundo um tema polêmico no Brasil, o monotrilho. Com mais de 30 anos de experiência em multinacionais, incluindo uma passagem pela Bombardier, o executivo acompanhou o nascimento das primeiras linhas do modal no Brasil e é atualmente responsável pela implantação do projeto BYD SkyRail em São Paulo.

Trata-se do contrato de sistemas da Linha 17-Ouro do Metrô, que engloba 14 trens e diversas tecnologias e equipamentos que farão a operação do ramal a partir do 1º semestre de 2026.

O site conversou com Alexandre dias atrás para esclarecer algumas questões relacionadas ao SkyRail, um monotrilho de formas futuristas e que teve o primeiro trem entregue no Pátio Água Espraiada no início de setembro.

Confira alguns destaques e a assista ao vídeo na íntegra em nosso canal do Youtube:

Desafio de adaptar o projeto ao gabarito da Scomi

Alexandre Barbosa disse que a BYD já sabia que teria um trabalho crucial em adaptar o SkyRail para operar nas vias concebidas para o monotrilho da extinta fabricante Scomi. “Quando falamos de mudar o gabarito do trem, não é apenas o bogie do trem, mas de todo o trem propriamente dito. Você tem o gabarito dinâmico, o centro de gravidade, o sistema de suspensão. É praticamente o desenvolvimento de um novo trem“.

Como serão os testes em via

Uma das primeiras perguntas do site foi entender como ocorrerão os primeiros testes do trem N01, que ocorrerão a partir de janeiro de 2025. Segundo o executivo, a escolha do trecho entre as estações Vereador José Diniz e Vila Cordeiro “permitirá ao trem atingir uma certa velocidade, fazer alguns testes de frenagem e que estações estejam aptas a recebê-lo“.

Trem pode chegar até as vias operacionais por bateria

A BYD está evoluindo com a instalação dos track-switches, aparelhos de manobra de via nos dois níveis do pátio, o que permitirá que o trem possa chegar até à área operacional. “Provavelmente o trem irá ‘subir’ com bateria até um determinado ponto e depois ele acopla no sistema de captação de energia”.

Parte frontal do trem SkyRail
Parte frontal do trem SkyRail

Testes em janeiro

Nossa expectativa é que a gente ‘suba’ com esse trem e em janeiro comece a fazer os testes“, confirmou Alexandre.

Trem apto a operar sem operador

O SkyRail foi projetado para a chamada operação UTO (Unnantended Train Operation), que dispensa um condutor a bordo. A BYD pretende entregar os trens com essa capacidade, “mas sabemos que uma operação UTO demanda tempo e eu acredito que o Metrô vai querer fazer alguns testes para ter uma segurança melhor“.

Sistema de sinalização começará a ser testado em fevereiro

Alexandre explicou que a BYD possui um sistema de controle de trens (sinalização) próprio, que opera em várias linhas na China. Segundo ele, os testes com acompanhamento do Metrô terão início em fevereiro. “O Metrô estará lá (na China) fazendo todos os testes com o sistema“, afirmou.

O primeiro trem SkyRail da Linha 17-Ouro
O primeiro trem SkyRail da Linha 17-Ouro (CMSP)

Bateria pode rodar até 8 km

Um dos diferenciais do SkyRail, o sistema de baterias de tração possui autonomia para movimentar o trem por até 8 km, distância maior do que extensão inicial da Linha 17. “Se tem algum trem que para por algum problema mecânico, ele consegue retornar até a estação anterior“, disse.

Lições aprendidas

O site questionou Alexandre sobre os problemas de imagem do monotrilho em virtude de falhas e acidentes que ocorreram na Linha 15-Prata. O diretor da BYD garantiu que a experiência a bordo do modelo SkyRail será diferente e citou aspectos como a suspensão secundária e a checagem da qualidade das vias por meio de um mapeamento de laser scan. “A gente aprende com algumas lições. Tudo o que aconteceu na Linha 15 a gente traz como estudo de caso“.

Time interno da BYD

Todo o nosso time de montagem de campo é um time de funcionários BYD, com equipe de qualidade verificando e certificando o trabalho“.

Carrinho gabarito da BYD na estação Chucri Zaidan (BYD)
Carrinho gabarito da BYD na estação Chucri Zaidan (BYD)

Empresa não vai fazer trem convencional

Em relação à prospecção de novos clientes, o diretor da BYD se mostrou otimista e disse existirem alguns potenciais operadores no Brasil e na América Latina, sem contar a cidade de Los Angeles, nos EUA, onde a empresa é uma das finalistas em um sistema que está sendo desenvolvido na região. Questionado sobre um possível material rodante tradicional, Alexandre afirmou que “não é business da BYD“.

SkyRail com oito carros

Sobre o SkyRail, o diretor da fabricante vislumbra a alternativa com trens de oito carros que poderiam levar 1.200 passageiros. “Ele poderia transportar entre 16.000 e 17.000 passageiros hora/sentido, dependendo da linha“, garantiu.

Linha 17 vai tirar a imagem ruim do monotrilho

Alexandre Barbosa acredita que a Linha 17-Ouro será um divisor de águas para o modal de monotrilho. De acordo com o executivo, o ramal tem tudo para confirmar as virtudes desse projeto e que os problemas no passado estiveram relacionados à Operação Lava Jato, o tempo e o custo de construção. “O monotrilho é um sistema muito mais barato que o convencional e que pode ser construído num tempo bom“.

Os trens da Linha 17 terão cinco carros
Os trens da Linha 17 terão cinco carros (CMSP)

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4 comments
  1. Ainda sim acredito que monotrilho é o modal errado não só pra essa linha como também pra linha 15 prata. Ambas deveriam ser metrô pesado(convencional) porque o monotrilho tem menor capacidade de transporte pro tamanho da linhas que estão sendo construídas.

    1. Esse monotrilho (com 5 carros em cada unidade) é mais do que adequado para a demanda futura da Linha 17, mesmo em um futuro mais distante, operando entre SP–Morumbi (L4) e Jabaquara (L1).
      Metrô pesado/convencional nesta região seria desperdício de recursos, além de aumentar bastante a poluição sonora e visual.

      E, na Linha 15, pelo menos no trecho entre Jacu-Pêssego e Ipiranga, o monotrilho (neste caso, com 7 carros em cada unidade) também poderá atender perfeitamente bem.
      Neste cenário (2028 em diante), a dificuldade maior que o passageiro da L15 terá não será acessar o monotrilho, mas sim a L2 em Vila Prudente, que já virá com lotação significativa desde a Penha.

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