A Linha 2-Verde do Metrô corre risco de ficar sem trens?

Atrasos seguidos na concorrência internacional para fabricação de 44 trens começam a preocupar a cerca de dois anos da abertura de quatro novas estações
Trem da Linha 2-Verde em Alto do Ipiranga
Trem da Linha 2-Verde em Alto do Ipiranga (Jean Carlos)

Quando decidiu levar à frente a expansão da Linha 2-Verde entre Vila Prudente e Penha e posteriormente até Dutra, em Guarulhos, o Metrô de São Paulo já sabia que precisaria reforçar sua frota de trens.

Há bastante tempo sem encomendar novas composições de metrô convencional, a companhia tem estudado a fundo como aprimorar os futuros veículos que passarão a circular no ramal e talvez nas linhas 1-Azul e 3-Vermelha.

Com o início das obras do trecho de oito estações, o Metrô se debruçou em duas frentes principais, os novos trens e os sistemas que irão permitir a operação conjunta com as 14 estações ativas hoje.

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Um desses contratos foi assinado nesta semana com a Agis Construção e prevê um grande escopo de serviços – de escadas rolantes a portas de plataforma, entre outros.

Já a compra de 44 novos trens foi adiada pela segunda vez. Antes previsto para março e depois setembro, o leilão agora não tem data para ocorrer, apenas que poderá levar mais dois meses até que o edital atualizado fique pronto.

Interior do trem chinês, com painel em LCD e bancos em disposição semelhante a que será adotada na Linha 2 (CRRC)
Interior do trem chinês, com painel em LCD e bancos em disposição semelhante a que será adotada na Linha 2 (CRRC)

O novo atraso, portanto, começa a se tornar preocupante já que há um longo caminho até que a fabricante escolhida comece de fato a projetá-los e montá-los.

21 meses para a entrega do trem cabeça de série

Peguemos um exemplo hipotético em que o leilão, agora a ser feito por via eletrônica, ocorra até novembro, ou seja, 60 dias após a previsão anterior.

Caso tudo corra bem, a empresa ou consórcio vencedor teria dezembro para providenciar documentos e todo trâmite burocrático que permitiria a assinatura do contrato.

Num cenário em que a formalização contratual aconteça em janeiro de 2025, o fabricante dos trens teria até outubro de 2026 (21 meses) para entregar a unidade “cabeça de série”, que é usada para os testes.

Obras da Linha 2-Verde seguem em bom ritmo mas isso não é suficiente
Obras da Linha 2-Verde seguem em bom ritmo mas isso não é suficiente

Ou seja, é uma data já no fim do ano em que o governo aposta que inaugurará quatro estações – Orfanato, Santa Clara, Anália Franco e Vila Formosa.

Como se sabe, entregar um trem é uma coisa, colocá-lo em serviço com passageiros, devidamente comissionado, é outra bem diferente.

Serão precisos vários testes antes que o primeiro trem da chamada Frota R esteja pronto de fato e isso certamente adentrará 2027 nesse cronograma fictício exposto aqui.

Vale lembrar ainda que a nova frota incorporá características inéditas no Metrô como a operação UTO (trem sem operador e cabine), entre outras.

Tudo depende também do ritmo das obras e da implantação de sistemas

Nosso cenário, obviamente, é otimista: não inclui possíveis atrasos, problemas ou imprevistos, o que tem sido comum em projetos complexos como esse.

Trem da Frota P em testes na estação Santo Amaro
Trem da Frota P quando estava em testes com o Metrô

Pode ocorrer uma situação mais ideal em que as composições cheguem antes? Talvez. Pegue-se o exemplo da Frota P, da Linha 5-Lilás, cujos 26 trens foram fabricados pela CAF.

A empresa espanhola venceu a concorrência em meados de 2011 e entregou o primeiro trem em novembro de 2013.

O problema, neste caso, foi que o ramal não estava preparado para operar com o sistema CBTC, o único embarcado na composição, e a Frota F só foi estrear em 2017.

Pois bem, está aí outra possibilidade e que talvez o governo já considere, um atraso nas obras civis e de sistemas de expansão da Linha 2-Verde.

Antenas do sistema CBTC
Antenas do sistema CBTC (Jean Carlos)

A evolução das estações do primeiro trecho tem sido satisfatória e a tuneladora Cora Coralina avançou significativamente até aqui, mas não basta apenas abrir os túneis e construir acessos.

É preciso montar e testar diversos sistemas e fazê-los compatíveis com o trecho mais antigo, como é o caso da sinalização, que é tecnologia de propriedade da Alstom.

Não parece algo que se resolva da noite para o dia, por isso o quanto antes os novos trens estejam disponíveis, melhor.

 

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21 comments
  1. Caro Ricardo, desculpe minha ignorância, mas esses 44 trens, seria todo o conjunto de vagões ou seriam 44 vagões? Independente do meu questionamento, creio que já existam os trens que percorrem a linha 2-verde e até que sejam comprados os novos trens, podem perfeitamente trafegar pelas novas estações. Aliás, há uma boa quantidade de trens, porém, é lógico que aumentando o número de estações, o tempo de espera, pelos passageiros, aumentaria caso novos trens não sejam repostos. Um outra dúvida que tenho é se a largura e tamanho dos vagões da linha 2-verde é igual aos da linha 1-azul ou da linha 6-lilas. Sei, porque os utilizo, que os trens da linha 6 são estreitos e os da linha azul são largos. A linha 2 parece ser um tamanho intermediário. De qualquer forma, os habitantes da Capital Paulista estão bem servidos do transporte metroviário, visto que os trens vivem lotados e ainda chegará às Cidades do entorno, como ABC, Guarulhos e Taboão da Serra.

    1. Bom, respondendo:

      – 44 trens são as composições completas, sendo 264 carros ao todo (cada trem é composto por 6)

      – O problema maior aqui não é sobre os trens atuais não rodarem no novo trecho, é sobre a quantidade. A frota toda do Metrô é dividida entre as 3 linhas, e não haverá composição suficiente pra extensão total da Linha 2, ainda que “só” abra até Anália Franco.

      – Linhas 1, 2 e 3 tem a mesma largura em todos os trens, cuja bitola é de 1,60mm – a mesma usada pela CPTM/Via Mobilidade. As linhas 4, 5 e a futura 6 tem a bitola internacional de 1,435mm, com a largura mais estreita nas composições.

  2. Me parece atrasos propositais, algo que não saibamos. Mas essa compra está desde a entrada da atual administração. Me transmite mais incompetência do que dificuldades em lançar essa licitação. Sobre a resposta acima, foi citada a 1a. fase da expansão como até Anália Franco. O correto não seria até Vila Formosa, no total de 4 estações até junho de 2026?
    O que sinto realmente, como morador da ZL é que o atual governador não mostra qquer interesse nessa obra, qto demonstra na linha 6 laranja, que já é privatizada. Enfim, não inaugurar essas 4 primeiras estações em ano eleitoral, é ganhar diploma de incompetência total. O tempo dirá.

    1. Claro que não, ele só quer privatizar….
      É só nisso que essa turma pensa….

      Por isso, não vai entregar em 2026…e se não for reeleito, não terá o nome na placa.

  3. não faltava mais nada, a linha vai ficar pronta daqui 2 anos, pelo menos algumas estações e não vai ter trem para rodar?? Santa incompetencia da Diretoria do METRO de SÃO PAULO!!! tudo atrasado por décadas e agora mais este problema de falta de material rodante??

    1. Não ficará pronta. E se ficar, ainda tem 6 meses a 1 ano de EXAUSTIVOS PROTOCOLOS DE TESTES do CBTC após as obras civis antes de liberar para a operação comercial.

      MINIMO é 2027.

  4. Não há apenas falta de trens, mas também falta de funcionários para operarem as novas estações. A CMSP vai lançar concurso pra cobrir essas vagas ou vai lutar na Justiça pra contratar uma empresa terceirizada??

    A L2 deveria ser a prioridade SUPREMA para privatização, mais do que L7/TIC ou L8/9, justamente pela necessidade a curto prazo de funcionários e maquinários. Os trens já estariam encomendados (igual a Acciona já encomendou os Alstom da L6) e não haveria burocracia para contratar a mão-de-obra!

    Como a L2 não possui pátio próprio (o Tamanduateí é só estacionamento), a concessionária teria que, obviamente, alugar espaço no Jabaquara. Nada que um contrato bem amarrado não resolva.

    1. A galera q apoia privatização vai falar q é cabide de emprego e q a companhia não precisa de mais funcionários, com o pretexto de q vão “mamar nas tetas do estado”

  5. o grande problema é que tem certas pessoas que não querem ter metrô exemplos a estação beixiga da L6 não tem nem 01% escavado do corpo da estação . o mais bizonho e da chácara do jóquei que a estação vai ser contrução numa clareira e tão reclamando vão desmatar

  6. Hoje o metro opera com uma certa folga de frota – basicamente porque o cbtc atrasou.

    Enquanto o cbtc da l3 nao estiver 100% aprovado para rodar 100% do tempo (o que ainda vai demorar um pouco), ainda existira essa pequena folga de frota.

    Essa pequena folga da um respiro na expansão da verde.

    Porem é inegavel que esse atraso preocupa sim.

  7. Expansão da linha verde do METRO se reveste do mais importante projeto da década para a cidade de São Paulo, por permitir mais uma ligação da zona LESTE a várias areas de São Paulo como zona sul, Centro, zona oeste, etc. Tamém tem importancia histórica por ser a primeira linha de METRO que vai sair da cidade de São Paulo, permitindo acesso aos moradores de Guarulhos! esta expansão deveria ser tratada com mais respeito e celeridade!

    1. Também acho que essa expansão deveria ser tratada com muito mais respeito, pois sair expandindo até Guarulhos para tentar atender tanta gente vai acabar é não conseguindo atender todo mundo, e ainda atender muito mal quem for “atendido”.

      A expansão da Linha 2 deveria ser, no máximo, até Penha, e mais nada! Mais que isso, impedirá a linha de operar adequadamente nos horários de pico.

      E se a ideia é diminuir superlotação de determinadas linhas (Linha 3 por exemplo), então não faz sentido superlotar outra (Linha 2), só transferindo o problema de linha.

      Por isso, a L2 deveria ir só até Penha. O trecho adiante teria de ser, em partes pelo menos, atendido por outra linha (como, por exemplo, pela própria expansão futura da Linha 13–Jade da CPTM).

      A expansão da Linha 2 até Gabriela Mistral, conectando com as linhas 12 e 13, mata completamente a possibilidade de expansão da L13, pois a L2 roubaria para ela toda a demanda, ficando bem sobrecarregada e saturada, e a 13 permanecendo bem ociosa.

        1. A Linha 2 não leva ninguém ao centro, por isso mesmo que ela vai ser preferida por muitos passageiros de Guarulhos que não terão o centro como destino.

          Não é à toa que o carregento crítico da Linha 2, no pico da manhã, é estimado em 55 mil passageiros/hora somente no sentido V. Madalena para quando a linha partir da Penha.
          Este carregamento estimado (já bem elevado) sobe para extremos 66,5 mil (nas mesmas condições supracitadas) quando a linha partir de Guarulhos (Dutra) já considerando a operação concomitante da Linha 19 (de Bosque Maia até Anhangabaú).

          Para efeito de comparação, o carregamento crítico da Linha 3 hoje está em torno de 50 mil pass/h/sentido (mas claro que vai cair futuramente).
          Precisa falar algo mais depois disso?

          “Ah, mas a Linha 2 tem CBTC”.
          Legal, bacana… mas a Linha 3 também já tem, e tem grandes chances de entrar em operação comercial plena já em 2025.

          Enfim, para a Linha 19 ajudar (ou melhor: não atrapalhar mais) a Linha 2, a 19 precisaria chegar até a zona sul paulistana, via Estação Brigadeiro. Mas quando?!

          Senão, a Linha 19 agora só vai ajudar a Linha 3 e a Linha 1. Aliás, a 1–Azul é uma “sortuda” e tanto: no começo da década de 2010 foi bem desafogada pela Linha 4; no final desta década será, indiretamente, desafogada de novo por conta da expansão da Linha 2 para Penha; e pode ser que no começo (no máximo meados) da próxima década, será desafogada novamente pela futura Linha 19 (e também pela expansão da 2–Verde para Guarulhos). E se a L19 for para a Paulista e zona sul, aí sim que desafogaria ainda mais a L1.
          Com tudo isso e sem planos de expansão, a Linha 1 tem tudo para se tornar a linha mais confortável de todas (se já não for). Que “benção”, hein! E há quem diga que ela já está saturada (piada?). É, em 2009/2010 estava, mas o passado felizmente ficou no passado.
          Enquanto isso, a Linha 2 iniciará, em um futuro não muito distante, uma nova fase, e como consequência só vai sofrer por todo esse restinho de século.

      1. Simples, devolve todos os frota J para a verde e larga a azul com aqueles frota E velhos lá mesmo.

  8. A Linha 2–Verde não corre o risco de ficar sem trens, pois mesmo que o novo trecho (Vila Prudente — Vila Formosa) seja inaugurado no prazo (até final de 2026), enquanto não houver frota suficiente, a operação será restrita (assistida), por poucas horas por dia, no horário de vale (entrepicos). Assim, eles aproveitarão também o novo trecho para testar os novos trens, conforme estes forem sendo entregues.

    Certamente, a operação comercial plena (em horário integral) será só em 2027 mesmo.
    E não esperem o trecho até Penha antes de 2028 (provavelmente nem em operação assistida antes).

    Portanto, como eu disse, a Linha 2 não corre o risco de ficar sem trens, ela só corre o risco real de ficar bem superlotada (mesmo com todos os trens) quando abrir em Penha. Isto sim!

    A maior parte dos passageiros das linhas 10 e 15, e os demais do trecho entre Sacomã e Imigrantes devem estar torcendo para que essa expansão atrase muito! Pelo menos isto com relação à expansão para Penha, já que só até Vila Formosa não deve acrescentar mais passageiros do que um aumento fácil na oferta de trens da Linha 2 possa suprir tranquilamente.

  9. Para quem usa a linha 2 verde ja e visivel a estagnacao depois da integracao com a linha 15 principalmente em horario de pico, percebo um aumento proposital dos intervalos, as vezes na Vila Prudente escadas rolantes desligadas pelo excesso de passageiros um verdadeiro caos, de Tamanduatei em diante o embarque de passageiros quase impossivel, imagino depois do novo trecho.

  10. Eis as últimas frotas entregues ao Metrô

    Tempo entre assinatura de contrato e entrega do trem “Cabeça de Série”

    Metrô São Paulo
    – Frota E (Mafersa+Alstom) = 96 meses*
    – Frotas C e D (Cobrasma/Mafersa) = 67 meses**
    – Frota A (Budd-Mafersa) = 53 meses
    – Frota A (Budd-Mafersa) = 36 meses***
    – Frota P (CAF) = 28 meses;
    – Frota ViaQuatro (Rotem) = 24 meses
    – Frota G (Alstom) = 18 meses****;
    – Frota H (CAF) = 17 meses;
    – Frota F (Alstom) = 14 meses;

    Notas
    * Contrato atrasado pela falência da Mafersa em 1996
    ** Contrato atrasado por problemas de financiamento no governo Maluf
    *** Contrato do trem-protótipo apenas
    ****Aditivo do contrato da Frota E, julgado ilegal posteriormente pelo TCE-SP

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