A cena já era conhecida para quem passa pela avenida Roberto Marinho, na Zona Sul de São Paulo: pilares pichados, lixo acumulando pelos canteiros de obras e a quase ausência absoluta de funcionários trabalhando. Essa era a situação da obra da Linha 17-Ouro, o monotrilho que ligará o Aeroporto de Congonhas à região da Marginal Pinheiros. Desde o final de novembro, as obras perderam ritmo e trabalhadores e houve a desmobilização de vários canteiros.
Ouvidos pelo blog na época, os poucos funcionários diziam que tudo iria parar no dia 3 de dezembro do ano passado, o que era negado pelo setor de atendimento ao público, também questionado por nós. Mas a realidade teimou em contestar essa visão do consórcio Andrade Gutierrez-CR Almeida. Na última quarta-feira, havia um único funcionário no pátio Águas Espraiadas, sinal que o grupo de construtoras havia mesmo abandonado a obra, algo que somente nesta segunda-feira (18) o Metrô confirmou.
Segundo o jornal Valor Econômico, o Metrô rescindiu contrato com o consórcio por abandono da obra. No entanto, não está claro ainda qual dos três consórcios foi afastado. Sim porque as duas construtoras participam da obra em três frentes: o pátio, três estações (a quarta saiu do escopo por iniciativa do Metrô que mudará o projeto) e o mais importante deles, as vias e material rodante, no qual a empresa malaia Scomi, responsável pelos trens, faz parte também.
Esse último consórcio é vital para que a linha funcione afinal o padrão da construção é específico para uso do modelo de trem fabricado pela Scomi. Segundo o jornal, o Metrô pretende convocar o segundo colocado, o consórcio HFTBC Linha Ouro (Heleno & Fonseca Construténica S/A, Toniolo Busnello S.A e Consbem).
Foco de resistência
A ironia nas obras da Linha 17 é que o outro consórcio que venceu a licitação do lote 1 de estações continua a trabalhar. As paradas Jardim Aeroporto, Brooklin Paulista e Ver. José Diniz, além da complexa estação do aeroporto de Congonhas seguem em obras. O consórcio TIIDP, ao que tudo indica, deve seguir em frente.
Lava Jato
Em comum, essas empresas têm seus nomes envolvidos na operação Lava Jato. A Andrade Gutierrez tem seu presidente preso na Polícia Federal, por exemplo. As duas também participam de outras obras do Metrô como a Linha 5-Lilás, mas nela o ritmo continua normal.
O problema no monotrilho é o segundo que o Metrô enfrenta nos últimos meses. Em meados de 2015, a empresa afastou o consórcio Isolux Corsam da expansão da Linha 4 por atraso na obra. Somente agora, em fevereiro, deve haver uma segunda licitação para o trecho.
A falta de recursos, redução do PIB e as dificuldades com a operação Lava Jato têm feito os planos de expansão do Metrô sofrerem vários atrasos e cortes. A Linha 2 que será estendida até Guarulhos, teve o início de obras postergado para 2017. A Linha 18 aguarda liberação do Ministério da Fazenda para fazer um empréstimo necessário para início das obras e que está parado há um ano. Os próprios monotrilhos da Linha 15 e 17 tiveram parte das fases suspensas por falta de recursos.
Assim o Governo Vai Marcar a Inauguração da Linha Ouro do Metrô em Monotrilho Para 31 de Dezembro de 2023, o Povo Não Tem Tempo Para Isso e Nada é Tolerável, Não