Deixada em segundo plano pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), a Linha 16-Violeta do Metrô parecia fadada ao esquecimento diante de prioridades como as linhas 19-Celeste e 20-Rosa.
Mas desde agosto passado, o ramal criado para ligar a região do Jardim Paulistano ao extremo leste da capital paulista passou à frente de vários projetos e hoje é considerado pelo governo um dos mais prioritários no plano de investimentos.
A senha para essa mudança de status foi o interesse da Acciona, grupo espanhol que atua em várias áreas, mas que se tornou mais conhecido pela concessão da Linha 6-Laranja, assumida em 2020.
Desde que protocolou uma Manifestação de Interesse Privado (MIP) junto à Secretaria de Parcerias em Investimentos, a Acciona tem realizado estudos de solo em várias possíveis localizações das estações.
Somente nos últimos dias, a empresa recebeu o aval do governo para levar à frente um estudo mais aprofundado da Linha 16-Violeta, focado em um trecho de 16 km e 16 estações.
Dividido em cinco “produtos”, o estudo vai abordar detalhes para execução da obra, o estudo de demanda, a avaliação socioambiental, a questão jurídica e regulatória e o estudo de viabilidade econômico-financeira.
Para isso, a Acciona terá até 120 dias para concluir o levantamento de informações e apresentá-las ao governo do estado. Portanto, isso deve ocorrer por volta de maio deste ano.
Como compensação pelos gastos, a empresa receberá até R$ 42,4 milhões, um valor mais baixo do que pedido já que a SPI argumentou que o estudo será feito apenas para o trecho de 16 km e que boa parte das informações já foi pesquisadas em outros estudos.
Acciona é favorita a levar o leilão?
Oficialmente, apenas a Acciona apresentou um pedido para aprofundar os estudos do ramal metroviário. O governo do estado até estendeu o período para entrega de propostas e também pediu mais tempo para avaliar candidatas.
No entanto, apenas a empresa que controla a concessionária Linha Uni foi autorizada até aqui. Não está claro se outros interessados apareçam e não foram aprovados ou se apenas a Acciona demonstrou a intenção de realizar o estudo.
A segunda hipótese, porém, é mais provável de ter ocorrido. Nesse cenário, a Acciona irá se qualificar como principal candidata a um eventual leilão da Linha 16-Violeta.
Embora a fase atual sirva apenas para que o governo receba informações detalhadas sobre o projeto e ele aceite ou não as sugestões, é fato que a contratada terá em suas mãos dados valiosos para determinar uma oferta mais precisa para arrematar a concessão.
Além disso, há algumas vantagens naturais para a Acciona, entre elas possuir dois tatuzões que ficarão ociosos após o fim das escavações da Linha 6. Outro ponto a favor seria uma potencial sinergia entre as linhas 6 e 16.
Como serão conectadas na futura estação Parque da Mooca, nada impede que elas compartilhem infraestrutura e com isso custem menos para serem mantidas.
Nada impede, é claro, que outros players disputem o leilão sobretudo se ficar claro que a Linha 16-Violeta poderá ser uma operação lucrativa, mas a existência de outras concorrências importantes como a das linhas remanescentes da CPTM e do Trem Intercidades Eixo Oeste podem tirar do jogo alguns deles.
