A Linha 10-Turquesa está passando por uma série de intervenções em seus diversos sistemas. Com o objetivo de aumentar a velocidade dos trens e diminuir o intervalos, o ramal está recebendo investimentos na via permanente, energia e sinalização.
Na primeira matéria sobre a visita técnica realizada no trecho entre Brás e Rio Grande da Serra destacamos as mudanças nas estações. Nesta segunda matéria mostraremos as ações na manutenção, que em conjunto foram responsáveis por reduzir o tempo de viagem em 13 minutos, segundo a CPTM.
Trens
Em relação aos trens, é possível afirmar que a Linha 10-Turquesa passou por uma grande renovação de frota durante os últimos anos. São poucas as composições antigas, como as da Série 2100, que ainda prestam serviços atualmente.
A Série 3000, um dos primeiros trens modernos da CPTM, foi alvo de questionamentos durante a visita. Os cinco trens estão parados no pátio Luz sem previsão certa de retorno. Segundo a equipe da diretoria de operação, o contrato para a remobilização dos trens deverá ser relicitado, porém sem prazos.
Por conta da modernização do sistema de sinalização, a CPTM realocou apenas composições novas para o ramal. Hoje circulam os trens das séries 8500 e 9500 que possuem o sistema CBTC embarcado.
Estes trens também possuem o conjunto ATC/ATO embarcado, tornando as unidades “híbridas” e aptas a operar em qualquer linha da empresa. Esse é um fator importante que definiu a divisão dos trens entre as linhas.
Um grande exemplo são as composições que operam na Linha 12-Safira. São trens que possuem um conjunto de sistemas mais modesto comparado ao restante da frota da estatal.
Mas a CPTM já trabalha com a possibilidade de, no futuro, dotar trens com novos sistemas como o ATO ou CBTC caso haja necessidade de incrementos futuros. Isso diminuiria o investimento na compra de novas composições.
Outro ponto discutido na mudança da frota da Linha 10 foi a presença de anormalidades técnicas como a sobrevelocidade. Alguns trens circulavam acima da velocidade máxima permitida, o que gerava penalidade do sistema e consequentemente, atrasos nas viagens.
Em determinados trechos a circulação se limitava apenas até 80 km/h. Após análise das equipes de manutenção, foram identificados problemas em dois trens que, após reparos, permitiram que os demais trens voltassem a trafegar na velocidade máxima de 90 km/h.
Via Permanente
No que se refere a via permanente, as ações das equipes focaram na remoção de restrições e talas, que foram substituídas por soldagens nos trilhos.
A Linha 10-Turquesa não apresenta muitas restrições, mas existem questões pendentes quanto à geometria da via, ou seja, o traçado da linha. Trechos que não operavam na velocidade máxima eram avaliados e providências eram tomadas.
Um exemplo citado foi a entrada da estação Tamanduateí. Após a identificação de uma restrição de velocidade, foi possível estimar um ganho de cinco segundos no tempo de viagem.
Apesar do resultado ser relativamente pequeno, o acúmulo destes pequenos segundos pode gerar uma economia na casa dos minutos. Neste sentido, as equipes de manutenção atuaram na resolução de pequenos problemas.
Também estão previstas atuações como a troca de dormentes e mudanças no lastro. Ações como a substituição total do lastro permitiriam melhorias na estabilidade geral dos trens, mas a renovação completa da via requer grande investimento.
É o que ocorre hoje entre Luz e Barra Funda. A renovação completa da via incluiu a compra de novos trilhos, dormentes, trabalhos no lastro e também no sublastro.
Um ponto que é bastante interessante a ser discutido é a operação da concessionária de cargas MRS no trecho. A partir da estação Ribeirão Pires todo o controle do tráfego e da manutenção pertence a ela.
Durante muito tempo, a velocidade máxima do trecho era a mesma que a dos trens de carga, cerca de 50 km/h. Atualmente essa velocidade foi ajustada para 80 km/h em boa parte desse trecho.
Existem ainda algumas restrições de velocidade impostas por conta de aparelhos de mudança de via e de circuitos de via do sistema de sinalização.
A gestão separada dos trecho é herança da cisão administrativa entre RFFSA e CBTU que, apesar de serem empresas vinculadas ao governo federal, tinham atribuições distintas.
A CPTM trabalha para que no futuro seja assinado um convênio técnico-operacional norteado na renovação da concessão da malha sudeste que fará com que o trecho até Rio Grande da Serra seja repassado integralmente para a CPTM.
Energia
Sobre o sistema de energia, a CPTM vem atuado em várias frentes. Em algumas regiões está sendo realizados o rebaixamento de linhas de alta tensão, como é o caso das “linhas de CTC” na região de São Caetano.
Novas cabines seccionadoras estão sendo implantadas em Capuava e Guapituba. A estrutura utilizada será no formato de eletrocentro, mais compactas, seguras e permitindo o telecomando.
A subestação do Pari passou por reforma, sendo uma das principais fornecedoras de energia para a Linha 10 na região central. O foco é aumentar o suprimento de energia garantindo a confiabilidade do sistema.
Em termos de manutenção, os reparos realizados nas estruturas de rede aérea, sobretudo em pórticos mais antigos, garante uma boa disponibilidade dos sistemas.
Sinalização
No sistema de sinalização, estão em curso investimentos de grande relevância capazes de diminuir os grandes circuitos de via existentes na Linha 10-Turquesa. Trata-se da implantação do CBTC.
Dentre os benefícios do novo sistema está a possibilidade de diminuição do intervalo dos trens. O sistema funciona através de antenas de radiocomunicação em um formato semelhante ao que existe em linhas de metrô.
Além do aumento do desempenho na operação, há a possibilidade da redução de custos devido a menor manutenção e maior confiabilidade do sistema quando comparado com o modelo atual.
Atualmente, o sistema de sinalização ATC opera com poucas restrições. Uma delas é a restrição de 50 km/h na estação Rio Grande da Serra. Devido à lógica operacional da MRS na região, o trecho possui limitação de velocidade.
Segundo a equipe da diretoria de operação, a presença de um AMV após a estação faz com que os trens circulem com velocidade reduzida. Possivelmente esse AMV se localiza em uma das alças de acesso da variante Suzano-Rio Grande da Serra utilizada exclusivamente por trens de carga.
Parabéns pela matéria e parabéns a diretoria de operações da CPTM
Se o Tarcísio dor esperto, mantém esse pessoal oriundo do Metrô na gestão dele.
O tanto de dormente que tem entre as estações São Caetano e Tamanduateí…será que precisava comprar ??