A ViaMobilidade, operadora da Linha 5-Lilás de metrô, registrou saldos positivos para o ano de 2023 com aumento do número de passageiros e aumento da receita adquirida.
Os dados são oriundos do relatório do 4T23 divulgado pelo Grupo CCR apontando o fechamento do ano anterior.
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Passageiros transportados
A ViaMobilidade teve aumento no número de passageiros transportados em 2023. Ao todo foram atendidas 154,9 milhões de pessoas, representando um aumento de 8,2% em comparação com o ano anterior.
A receita média que a concessionária recebeu por transportar cada passageiro subiu de R$ 2,20 para R$ 2,40. Isso simboliza um aumento de 8,9% no valor pago contratualmente pelo governo à concessionária.
Receitas
A ViaMobilidade obteve na Linha 5-Lilás aumento das receitas metroviárias da ordem de 12,9%, atingindo R$ 519,5 milhões. Este resultado representa um aumento de 17,8% na receita tarifária e de 1,5% na receita de mitigação.
As receitas acessórias foram consolidadas com um valor de R$ 31,6 milhões em 2023, uma queda de 33,9% em relação ao ano anterior. Os ativos financeiros registraram aumento de R$ 297,8 milhões, oriundos do reequilíbrio do contrato da Linha 5.
Com estes resultados, a ViaMobilidade Linhas 5 e 17 obteve receita bruta total de R$ 849,2 milhões em 2023, um aumento de 67,2% quando comparado com o período anterior.
Veja também:
- ViaMobilidade teve prejuízo de R$ 235 milhões nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda em 2023
- ViaQuatro tem lucro de R$ 765 milhões em 2023 após reequilíbrio de contrato da Linha 4-Amarela
Lucro
Os resultados operacionais da ViaMobilidade resultaram para a empresa um lucro de R$ 268,4 milhões em 2023. Cabe citar que este valor só foi positivo devido ao reequilíbrio de contrato, sem o qual, o balanço estaria no vermelho.
Os ativos da empresa somam R$ 1,2 bilhão enquanto os passivos representam R$ 878 milhões, resultando em um patrimônio líquido de R$ 380,5 milhões em 2023.
A subsidiária integral da Linha 5-Lilás, a Five Trilhos, obteve lucro de R$ 26,6 milhões em 2023, uma queda se comparada com o ano anterior. Este valor é repassado diretamente para a ViaMobilidade, uma vez que esta empresa é responsável pelas receitas acessórias da concessionária.
Esse é o real motivo das privatizações do transporte público, encher o bolso dessas empresas.
Percebe-se pelas matérias envolvendo as 3 concessões do grupo CCR, que as receitas acessórias não são um fator primordial para as empresas. Pelo contrário, tiveram queda.
Isso derruba de vez aquela ideia de garantir lucros somente (ou principalmente) com a exploração comercial das linhas. Se são as linhas do estado, podem falar que há burocracia ou má gestão da empresa, mas em se tratando de CCR eles não são de rasgar dinheiro, ou seja, se tivesse como lucrar, eles estariam lucrando.
Também serve para comprovar aquilo que sempre falei, que a CMSP fica quebrando a cabeça tentando arrumar fonte de recurso para cobrir o prejuízo bilionário, quando na verdade o prejuízo é causado pela câmara de compensação.
O estado fez a sua escolha, e escolheu priorizar os contratos com as concessionárias privadas, deixando o prejuízo e a escassez de recursos para as estatais.
Se seguir o rumo que o governo deseja e não houver mais linhas administradas pelo estado, como o governo garantirá o retorno financeiro para as concessionárias? Vai ter que remanejar recursos de outras áreas ou aumentar a tarifa (ou as duas coisas juntas). Fora a perda do know-how técnico que demorou décadas para adquirir.
O prejuízo para a população será imenso, tanto do ponto de vista financeiro quanto de prestação de serviços. O serviços de ônibus municipais em SP é um exemplo claro disso.
“Se seguir o rumo que o governo deseja e não houver mais linhas administradas pelo estado, como o governo garantirá o retorno financeiro para as concessionárias? Vai ter que remanejar recursos de outras áreas ou aumentar a tarifa (ou as duas coisas juntas). Fora a perda do know-how técnico que demorou décadas para adquirir.”
Você foi cirúrgico. É exatamente isso que vai acontecer no futuro. O orçamento para a construção de linhas novas estará todo comprometido com essas concessões. Mesmo nas PPPs, o Estado sequer terá recursos para honrar com a sua parte na parceria.
Concordo plenamente com sua opinião, Guile.
Ainda elenco que esse lucro que a CCR obtém como algo positivo pra eles, nas mãos do Estado poderiam estar sendo investidos não só no sistema de trilhos, como em outras secretarias.
O Metrô e a CPTM não pensam em lucros, são empresas públicas que prezam do jeito que pode para aperfeiçoar suas operações e manter um atendimento de qualidade. A CPTM em especial desde a sua fundação até os dias atuais mudou completamente suas linhas herdadas e material rodante que estavam sucateados praticamente. Isso nas mãos do setor privado é visto como gastos, e a título de exemplo temos o MetrôRio com sua falta de expansão e a Super Via que pouco mudou a infraestrutura da malha, e de fato os passageiros percebem apenas alguns trens novos na frota.
Essa falta de know-how que a CCR tem levado para as L8 e 9 em especial tende a inferiorizar a qualidade das mesmas, e por se tratar de uma empresa privada e sua operação com a L5 devem ficarem mais atentos a algumas falhas que vem ocorrendo, além da falta de infraestrutura de comunicação no trecho Chácara Klabin – Adolfo Pinheiro (não se trata de uma comodidade, e sim um fator essencial, pois as muitos daqueles passageiros estão a trabalho e, alguns eventualmente podem precisar de uma comunicação em situações de emergência ou saúde.
Ou seja, é o que falamos há tempos: transporte público existe para atender as necessidades da população, não para dar lucro.
Impossível ter lucro sem chupinhar até a alma do passageiro. Ou indiretamente repassando dinheiro de todos os contribuintes como no molde dessas concessões.
Parabéns pela análise Guite, penso exatamente igual
Eu também concordo com o Guile, principalmente quando ele fala na perda de know how técnico que se perde, principalmente pelo fato de uma empresa destas que ganha uma concessão de uma outra linha administrada pelo estado, ela nem quer ficar com os funcionários mais antigos que tem muita experiência adquirida nestes anos todos, devido estes terem salários muito ” altos “, para os padrões destes empresas concessionárias que só querem pagar uma miséria para seus colaboradores, se pudessem pagariam somente um salário minimo e uma cesta básica, porém ninguem ficaria nelas por muito tempo…
Enquanto a CCR lucra, nós contribuintes somos penalizados com o repasse do nosso dinheiro de impostos.
E ainda tem gente que aplaude…
E daqui 30 anos, quando as concessões estiverem acabando e as linhas caindo aos pedaços, o governo vai ter que criar uma nova estatal para administrar as linhas. Contratar funcionários tudo de novo, gastar novamente bilhões com treinamentos, comprar novos equipamentos…
quem manda no estado é quem tem dinheiro, que é amigo de quem tem dinheiro. logo, o estado só serve para encher o bolso do amigo de dinheiro. na lei deveria se exigir queda na arrecadação quando se privatiza algo. acontece? Claro que não. aí tudo se paga triplicado, pois o mais importante é o rico estar cada vez mais rico. o mundo só se ajeitará depois de uma grande revolução, mas o capitalismo conta muito bem a sua história e faz todo mundo acreditar nessa lorota
Usar transporte público metroviario como uma “forma de investimento” e sempre alegando “défiti” e prestação de serviço de qualidade duvidosa, mostra que o poder público ñ tem respeito pelo usuário que sempre usa, sofre e espera “melhoria de qualidade neste tipo de atividade”.
É só LUCRO, LUCRO, LUCRO, LUCRO…
Acompanhando o Guile e o Gabriel Nascimento, a tendência em poucos anos de não conseguirem mais manter as margens de lucro, mesmo com o aumento da tarifa. Lembrando que a Linha 6 laranja, ao entrar em operação parcial em 2026, irá dividir ainda mais a receita tarifária na câmara de compensação.
As linhas já concedidas ao CCR passaram a ficar deficitárias e tendem a seguir o exemplo da Supervia e o MetrôRio, que levará ao sucateamento, caso o estado não faça aportes consideráveis. Cabe a questão, faz sentido o estado aportar dinheiro público e garantir lucro ao privado?
E novo modelo de remuneração previsto para o operador da Linha 7 Rubi, irá estancar essa sangria de recursos?