O ano de 2020 será marcado para sempre nas estatísticas e números como um dos períodos mais desafiadores para o Metrô de São Paulo e para a sociedade em geral. A crise provocada pela COVID-19 foi um tiro no peito da companhia que acabou por ser duramente impactada diante de uma queda vertiginosa da sua demanda de passageiros transportados, o que se refletiu na redução da receita, novos investimentos e fez rever todo o planejamento para o longo prazo. Apesar de todo o cenário caótico que está instalado, o Metrô continua a exercer um papel de grande importância na sociedade.
Os números do relatório de 2020
A nossa análise vai buscar entender e compreender as dimensões que estão contempladas no Relatório Integrado do Metrô de São Paulo para o ano de 2020. Primeiramente vamos analisaros números de passageiros transportados num cenário que contempla os anos de 2017, 2018, 2019 e 2020. Podemos ver que devido à pandemia a queda do número de passageiros foi abrupta. No ano de 2019 o Metrô transportou aproximadamente 1,098 bilhão de passageiros enquanto em 2020 esse número caiu para 554,4 milhões. As normas de distanciamento social afetaram sobremaneira a forma como a população se desloca pela cidade seja por motivos de trabalho, estudo ou lazer. Essa queda também foi sentida por outras empresas como a CPTM.
O transporte de passageiros por dia útil também acabou diminuindo. No ano de 2019 era registrada a entrada de cerca de 3,69 milhões de passageiros por dia; esse número reduziu bastante a ponto de chegar a 1,84 milhão de passageiros por dia em 2020. Entretanto, mesmo diante da queda dos números o Metrô apresentou índice de satisfação recorde atingindo 67% de aprovação. Esse alto percentual pode ter sido uma consequência de um menor índice de lotação nos trens conjugadas com ações de higiene mais pesadas e frequentes adotadas pela companhia como forma de combater o coronavírus.
Outro ponto igualmente importante é o número de viagens realizadas e o intervalo médio entre os trens. Durante o ano de 2017 o número de viagens ofertadas pelo Metrô de São Paulo atingiu 3.563, um recorde. Houve uma queda em 2018 e uma leve recuperação em 2019. Durante o ano de 2020 foram registradas 2.604 viagens por dia, por consequência, o headway (intervalo entre os trens) acabou aumentando em comparação com 2019 – eram 132 segundos contra 155 segundos em 2020. O aumento do intervalo dos trens é justificável pois, conforme menos viagens são ofertadas aos passageiros, consequência da queda da demanda, o intervalo entre os trens aumenta. Não se trata de uma falha, mas do correto dimensionamento da frota de trens em operação que, mesmo em situação emergencial, opera dentro de limites considerados seguros para a população.
A quilometragem percorrida pelos trens do Metrô e o consumo de energia elétrica são métricas importantes para aferir a eficiência energética do sistema. No ano de 2019 os trens percorreram mais de 18 milhões de km enquanto em 2020 a distância percorrida foi menor, atingindo de 14,9 milhões de km. Esses dados estão entrelaçados justamente com a queda do número de viagens ofertadas para a população. Em relação ao consumo de energia elétrica, o Metrô vem apresentando ao longo dos anos resultados satisfatórios em relação à economia de energia. Os dados são medidos através da métrica kWh/carro.km, ou seja, o consumo que um carro do metrô tem ao percorrer 1 km medida em kWh. Apesar do pequeno aumento registrado em 2020, a economia de energia ainda é bastante significativa mostrando que o Metrô está seguindo o caminho certo no tocante à sustentabilidade e redução no consumo de eletricidade.
A emissão de gases de efeito estufa é um dado muito importante e relevante para os dias atuais. No Relatório Integrado de 2020 é possível notar a vocação que o metrô tem em ser um transporte sustentável comparado com as demais opções de deslocamento em São Paulo. Segundo os dados do relatório, a emissão de gases de efeito estufa no metrô de São Paulo é de 5 g de CO2 por passageiro/km. Em comparação às outras opções de transporte, como o ônibus e carro, a emissão de gás carbônico chega a 94 g e 101 g por passageiro/km respectivamente. Se comparada com a média mundial, o Metrô de São Paulo apresenta elevados índices de eficiência na emissão de gases poluentes, já que a média no mundo é de 50 g, ou seja, no Metrô de São Paulo são emitidos dez vezes menos poluentes para a atmosfera.
Certamente um dos pontos mais afetados no Metrô de São Paulo durante ano de 2020 foi a receita operacional. Como menos passageiros acessaram o sistema, a queda do faturamento acabou sendo bastante forte. Para comparar, no ano de 2019 o Metrô acumulou uma receita de R$ 2,9 bilhões. Esse valor é dividido entre receitas tarifárias, gratuidades e também as receitas não tarifárias, que são oriundas de outras fontes como aluguéis, publicidade, etc. Em 2020 a receita foi de R$ 1,5 bilhão. Essa queda teve graves consequências para a gestão financeira do Metrô de São Paulo que acaba por obter menos recursos. As receitas não tarifárias também tiveram uma queda por conta da diminuição da demanda de passageiros no sistema. Esta modalidade acumulou, durante o ano de 2020, R$ 167 milhões enquanto as gratuidades representaram cerca de R$ 234 milhões. O valor das receitas tarifárias, ou seja, aquelas desembolsadas pelos passageiros, foi de R$ 1,1 bilhão. O cenário para 2021 não parece ser muito distante do que aquele que foi registrado em 2020. Caso a situação da pandemia no Brasil não se resolva o Metrô continuará acumulando prejuízos financeiros severos, o que poderá exigir maior aporte estatal para a continuidade de suas operações.
O valor dos investimentos realizados para expansão da malha metroviária também caíram em 2020. Analisando o gráfico que foi divulgado no relatório integrado, é possível perceber que a queda dos investimentos, comparados com os anos anteriores, se deve à finalização dos investimentos na Linha 5-Lilás que atualmente está em fase de implantação das suas portas de plataforma. Outras linhas como 15-Prata, 17-Ouro e 4-Amarela mantiveram os seus patamares de investimento “estáveis”. Foi possível notar o aumento dos investimentos na Linha 2-Verde que teve suas obras iniciadas em alguns canteiros como o da estação Vila Formosa. É possível observar que outros valores foram despendidos para a Linha 19-Celeste, que ligará Guarulhos ao centro de São Paulo, e também para novos projetos para expansão da rede onde estão inclusas, por exemplo, a Linha 20-Rosa, ligando Lapa até a região do ABC. No total foram R$ 876 milhões investidos nas obras de expansão do sistema metroviário.
Um dos pontos mais importantes do Relatório Integrado de 2020 é o de Benefícios Sociais. Apesar do Metrô registrar um grande prejuízo no exercício do ano passado, os benefícios sociais acumulam incríveis valores. Para entender como é aferido o valor do benefício social, devemos compreender fatores muito significativos para mobilidade urbana na metrópole paulista.
Através de uma pequena pergunta é possível alcançar o real significado do termo “benefícios sociais”: Qual seria o impacto financeiro caso Metrô de São Paulo deixasse de existir? É através deste questionamento que podemos chegar às respostas. Os benefícios sociais promovidos pelo Metrô de São Paulo atingiram em 2020 o valor de R$ 7 bilhões.
Os principais pontos que contribuíram para essa série de benefícios são a redução do consumo de combustíveis, a redução de custo de operação de ônibus, automóveis e motocicletas, e principalmente a redução do tempo de viagem. Somente esse último fator acumulou quase R$ 4 bilhões em benefícios para a sociedade.
Esses números demonstram que, apesar do Metrô ter dificuldades financeiras decorrentes da situação emergencial da pandemia de Covid-19, a sua manutenção e o seu fortalecimento garantem lucros e benefícios diretos e indiretos para a maioria da população. Essas valores são mensurados pela qualidade de vida, maior tempo para o lazer e outras atividades. Com isso é vital salientar que os funcionários do transporte contribuem muito para que a sociedade atinja o seu patamar de constante crescimento. Devemos valorizar os profissionais de transporte e colocá-los como prioritários em um dos momentos mais desafiadores da nossa historia recente.
Isso demonstra mais uma vez que transporte público é política de estado, não é feito para dar lucro e sim para trazer retorno a sociedade. Mas enquanto nossos governantes tratam esse tema como se fosse um balcão de negócios, o transporte não terá a qualidade que merece
Se o transporte público possui caráter filantrópico como o And defende, os funcionários do estado que trabalham na manutenção do transporte público deveriam ser todos voluntários (não remunerados), né?
Este tipo de retórica que é vergonhosa e inoportuna, se toda política de estado que não gera caixa diretamente fosse desta maneira não haveriam condições para atividades que agregam valor.
Vergonhoso e inoportuno é defender desperdício de recursos em aumentos salariais irreais para funcionários públicos em plena pandemia. O sindicato dos metroviários (que é parte da elite do funcionalismo paulista) defende aumentos irreais e privilégios para a categoria (e que sejam custeados pelo contribuinte paulista).
Vergonhoso e inoportuno é tratar o dinheiro público sem nenhuma responsabilidade, apenas tirando dinheiro do caixa geral e colocando no Metrô ou qualquer outra estatal para “fechar as contas” ao invés de cobrar responsabilidade fiscal das estatais para que esse auxílio do caixa no fechamento de contas seja pontual e não recorrente.
Vergonhoso e inoportuno é endeusar políticas de estado duvidosas às custas do povo, que paga impostos para sustentar o estado. O mínimo que o estado precisa ser nesse momento é eficiente.
Vergonhoso e inoportuno é o Metrô manter categorias de assessores técnicos especiais ganhando altos salários sem apresentar nenhum resultado concreto da atuação desses assessores técnicos na estatal (temos obras atrasadas, orçamentos estourados, projetos abandonados). Até ex-prefeito do interior tinha cargo sem nunca ter trabalhado na estatal.
Mas os defensores do metrô estatal não tocam nesse e em outros assuntos. Parece que a fórmula defendida por alguns é simples: transporte é deficitário, então deixem a estatal gastar o máximo que puder. Depois é só pegar dinheiro no “caixa” do estado (antigamente tiravam até dos bancos estatais) para cobrir os rombos e fechar as contas. A Fepasa era assim, a CMTC era assim, o Metrô do Rio era assim, a RFFSA era assim.
E mesmo com recursos do caixa (até 1988 tirados da saúde, educação, segurança, etc) elas tiveram o mesmo fim: fechadas por alto endividamento causado por suas próprias diretorias e incentivado pelos sindicatos e parte do funcionalismo.
Nenhum estado sobrevive sem responsabilidade fiscal.
Se vc quer defender o corte de gasto com salarios surreais, deveria começar pelo gabinete do governador, alesp , mp e judiciário. Qualquer juiz de primeira instância ganha entre salário, auxílio moradia, auxílio paletó, auxílio livro etc, no mínimo 40 mil reais. No mínimo. E o seu querido governador aumentou ainda mais a verba do TJSP em plena pandemia.
Com relação ao metrô, assessores sao cargos de confiança até onde sei. Então se ganham salários altos sem produzir, a resposta vc já sabe. Se sao funcionários de carreira, é só demitir, como fizeram na CPTM.
Já sobre os recursos públicos … Vc sabe tão bem quanto eu que quem garante o lucro da ccr é o metrô e CPTM na câmara de compensação, uma manobra para que a receita
da concessionária não dependa da “política” . Sabe também que os altos executivos da ccr ganham salários muito maiores que os do metrô e CPTM, onde a disparidade entre gerencia e base é muito maior. Sabe q os altos executivos dessas empresas sao ex funcionário das estatais, sendo alguns inclusive ligado a cúpula do PSDB, gente que perambula entre estatais, secretarias, cargos em concessionárias e empresas ligadas ao governo … Pierrini por exemplo é ex fepasa e CPTM. Aveleda ja foi presidente da CPTM, metrô, sptrans e agora tem consultoria na area de transporte
Ou seja, de tudo isso q vc falou, tudo culmina em má gestão. Se precisa privatizar para poder ter melhor gestão , é pq o governo é incompetente em administrar e não deveria estar na área pública. E a administração privada vc sabe que até pior em relação a cargos , salarios, ppr, etc para gerência. Vc sabe disso, mas quer passar pano . Vc sabe que custa muito mais manter uma concessão do que um serviço estatal , mas como defensor do governo e com interesse escusos, aempre aparece para defender o indefensável. A mim vc não engana não
Kkkk. A que ponto chega a defesa do partido que governa o estado desde 1993. Confundir filantropia com política de estado.
Não passa vergonha, amigo. Corrige que dá tempo
Eu fico imaginando se o Ivo fosse sindico do condomínio. Ia alugar a piscina para qualquer um de fora , ia vender a quadra porque dá prejuízo, ia fechar a academia pois quem quiser que pague uma particular, ia cobrar entrada no playground, o estacionamento ia ser concedido e vc teria que pagar para estacionar na sua vaga, a zeladoria ia ficar largada, obras de melhoria ia demorar anos para sair. E detalhe, o valor do condomínio não vai diminuir , pelo contrário, só aumentar.
O pensamento dualista, definitivamente, é a maior fonte de atraso do Brasil.
Enquanto ficarmos restritos ao “Complexo de Tonho da Lua”, nada, nada irá para frente de forma concreta e duradoura. Só acho.
A CMSP fez uma excelente gestão de recursos estratégicos durante a pandemia o que, no mínimo, não é mais nada do que obrigação. Transporte coletivo, entre outras coisas, é serviço social.
Já com relação ao lucro, o mesmo é fundamental para a manutenção, expansão, incremento e outras necessidades relacionadas ao serviço. Sem as receitas do lucro, a qualidade cai e o sistema fica estagnado e datado.
De nada adianta apontar o dedo na cara das pessoas quando só se pretende ser parte do problema, não da solução.