O Centro de Controle Operacional do Metrô é o cérebro das operações de um sistema que transporta milhões de passageiros todos os dias. Ao longo dos anos, esse ambiente passou por diversas reformas e modificações, seja por questões de aprimoramento tecnológico, ou pelo fato da gestão de uma maior quantidade de linhas demandar maior espaço físico. A Companhia do Metropolitano pretende realizar uma grande modernização no CCO, entretanto, uma série de questões técnicas está fazendo com que esse objetivo precise ser, na melhor das hipóteses, revisto.
Obras
O projeto do CCOx é uma oportunidade de inovar e preparar o centro de controle para o futuro que será cada vez mais digital. Resumidamente, as obras visam requalificar o espaço existente no centro de controle de forma que todos os ambientes possam passar por um rearranjo estratégico, ou seja, cada ambiente terá uma função específica e poderá interagir de diferentes formas com as áreas adjacentes.
Existe uma evolução em âmbito tecnológico, onde o foco está na redução do hardware presente no ambiente da sala de controle, ampliação dos painéis de vídeo em alta definição além de uma preocupação com a segurança da informação.
Não menos importante, a mudança no nível de experiência de trabalho é a peça chave do projeto. Um local pensado em todos os detalhes para que os níveis de conforto, segurança e comunicação plena possam ser atingidos fazendo do “cérebro do sistema” uma verdadeira cabeça pensante e atuante nas importantes tomadas de decisão que possam a vir a ocorrer. Preparamos um artigo bastante detalhado sobre as principais mudanças previstas no projeto do CCOx
As impugnações
O grande X da questão sobre o projeto do novo CCO são os seus elevados requisitos técnicos. O site mostrou no mês passado a primeira tentativa de impugnação do edital feita pela Seal Telecom Comércio e Serviços de Telecomunicações Ltda. Naquele momento um dos principais problemas era a questão do datacenter Tier 4, a mais elevada certificação concedida para esse conjunto de equipamentos. A dificuldade de se encontrar empresas nacionais com expertise no fornecimento desse tipo de estrutura poderia limitar o rol de empresas que poderiam concorrer na licitação.
Recentemente, mais duas empresas enviaram pedidos de impugnação ao edital para a modernização do CCO. A Green4T Soluções de TI Ltda. e a Hersa Engenharia e Serviços Ltda. interpuseram recursos contra o prosseguimento da licitação.
Ao analisar os principais argumentos contidos nas impugnações, vemos que questões relativas ao datacenter de Tier 4 retornaram, e de forma ainda mais incisiva. A Green4T alega que existe restrição grave e ilegal no edital quando o mesmo solicita a exigência de atestado de projeto e instalação de um datacenter Tier 4. Outro ponto considerado gravíssimo é o fato de as exigências do Metrô não serem compatíveis com um datacenter desse porte.
Em sua argumentação, a Hersa usou como base a ata de esclarecimentos que foi divulgada pelo Metrô de São Paulo contendo 162 questionamentos sobre a licitação. Dentre esses questionamentos, foram realizadas perguntas sobre os requerimentos básicos para a instalação de um datacenter Tier 4 como o fornecimento de geradores de energia, sistema de detecção precoce de incêndio e combate através de agente limpo, além de uma unidade de fornecimento de energia ininterrupta em duplicidade. Para todas essas questões, o Metrô negou a necessidade de instalação justificando que tais requerimentos não fazem parte do escopo da contratação.
Tendo em vista que os requerimentos básicos para que o datacenter do novo CCO do Metrô atinja o padrão estabelecido em edital (Tier 4) e que, segundo as respostas dadas pelo Metrô de São Paulo, não podem ser plenamente atendidos, é possível deduzir, através da lógica dos fatos até então expostos, que o requerimento previsto em edital vai contra os esclarecimentos dados pelo Metrô, portanto, o datacenter não poderia ser de Tier 4. Há uma contradição grave que precisa ser imediatamente sanada.
Outra questão relativa às respostas dos questionamentos foi a insuficiência e falta de clareza das exposições dadas pelo Metrô. A Green4T alega que a maioria das respostas não esclarece as indagações das proponentes. Segundo o argumento, uma série de questões repetidas, feitas por diversas empresas especializadas, revela que o edital carece de informações relevantes para a elaboração de propostas. Quando as questões são respondidas, em muitas situações, usa-se o próprio edital como referência, o que mantém a incerteza por parte das concorrentes, já que o mesmo não é suficiente e satisfatório para que a elaboração de propostas possa ser feita dentro dos parâmetros considerados seguros.
Ainda segundo da Green4T “O edital, em seu formato e contexto atual, certamente gerará severa restrição de concorrência, e possivelmente favorecerá soluções de baixa qualidade. E, ainda que venha a gerar contratação de solução adequada, isso certamente ocorrerá por preço inadequado”
A Hersa aponta outros pontos, como os critérios de capacitação técnica que vão contra a legislação vigente, a indisponibilidade de documentação técnica e a distorção de preços devido a ausência de custos diretos e indiretos. No geral, pontos que prejudicam na formulação das propostas por parte das empresas interessadas.
Retificação no edital
No Diário Oficial do Estado, o Metrô publicou uma nota informando que a sessão pública para o recebimento das propostas, que estava marcada para o dia 13/05, foi suspensa. Apesar das três solicitações de impugnação terem sido negadas, o Metrô fará a retificação do edital de forma que, quando o processo estiver concluído, será publicado juntamente com a nova data para a sessão pública.
Conclusão
Aparentemente, o projeto do Metrô em construir um Centro de Controle Operacional de ponta esbarra em uma série de exigências que limitam em muito o rol de participantes. Pontos como falta de clareza no edital, falta de documentação técnica pertinente e respostas aquém da expectativa de esclarecimento fazem com que uma névoa de incerteza se levante.
A contradição mais grave é a de exigência de um datacenter Tier 4 que, apesar de ser uma solução extremamente segura para o Metrô, não cabe dentro do próprio edital, pelo menos segundo os esclarecimentos prestados pela companhia. Afinal de contas, como é possível excluir do escopo dos serviços os requerimentos básicos para tal infraestrutura?
A revisão do edital veio em boa hora. A expectativa é que o Metrô reveja esses pontos para que a modernização possa ocorrer sem que haja as quase rotineiras paralisações de contratos em meio ao serviço.
Que vexame !
Se meteram a escrever uma especificação sem saber direito do que se tratava ! !
Saudades das antigas equipes técnicas do Metrô, que jamais faria um serviço porco como este !
Perguntar não ofende ,
Quantos foram mandados embora depois dessa vergonha ?