Baldy revela erros graves do consórcio responsável pela implantação da Linha 15-Prata

Em entrevista a rádio, secretário afirmou que consórcio CEML, do qual faz parte a Bombardier, forneceu trens incapazes de lidar com a demanda do ramal do Metrô
Trens do monotrilho: retorno entre o final de maio e começo de junho (CMSP)

Em entrevista ao programa 90 Minutos, comandado pelo jornalista José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes, nesta quarta-feira, 22, o secretário Alexandre Baldy, dos Transportes Metropolitanos, forneceu mais detalhes sobre os problemas que afetam a Linha 15-Prata do Metrô desde o final de fevereiro. O executivo deu a entender que o consórcio CEML, formado pelas empresas OAS, Queiroz Galvão e Bombardier, subestimou o impacto do aumento da demanda no ramal, que praticamente quadruplicou num intervalo de apenas um ano.

Baldy afirmou que o relatório preliminar apresentado pela fabricante canadense aponta a necessidade de troca de peças nos conjuntos das rodas, mas sem detalhar quais componentes não suportaram a carga mais elevada de passageiros nos trens de monotrilho. “A Bombardier reconheceu em relatório preliminar a necessidade de trocas de peças. O cojunto de rodas não suportou a quantidade de passageiros, portanto houve sim o reconhecimento que o projeto não estava adequado ao movimento em sua plenitude”, explicou.

O secretário também acrescentou que a ideia era voltar a operar neste mês, mas que foi considerado mais sensato seguir com as correções durante a quarentena causada pelo coronavírus. “Eles estão trocando peças das rodas para avaliar o resultado. Poderíamos voltar em abril, mas preferimos aproveitar a baixa demanda para fazer mais testes”, disse.

Os problemas, no entanto, também afetam as vias por onde circulam os trens de monotrilho. Segundo Baldy, mais de 195 pontos das vigas-trilhos estão sendo corrigidos, um dado grave que reforça a má impressão causada pela circulação das composições, que sofrem fortes oscilações em alguns trechos.

Mais de 195 pontos das vigas da Linha 15 estão sendo reparadas, segundo Baldy (CMSP)

Metrô entra na Justiça contra o consórcio CEML

A gravidade das constatações apresentadas pelo relatório da própria Bombardier explica porque a empresa e suas sócias mostraram um esforço incomum em buscar uma solução e tentar demonstrar que estão preocupadas com a segurança do público. Porém, não se sabe ainda se a investigação promovida pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) pode revelar mais erros de projeto e execução da obra, que já dura mais de uma década.

O reconhecimento por parte do consórcio deve motivar o governo do estado a entrar com algum tipo de ação indenizatória contra seus sócios. É o que indica um processo liminar que o Metrô apresentou à Justiça no dia 29 de março, mas que acabou indeferido nos últimos dias. Embora não seja possível acessar os detalhes do processo, acredita-se que a companhia deverá voltar a cobrar o consórcio CEML pela receita frustrada nesse período, que completará dois meses na semana que vem.

O prejuízo para as finanças do Metrô é imenso já que além de deixar de receber pelo transporte dos passageiros, a empresa está mantendo ativo o serviço Paese, com ônibus fornecidos pela SPTrans e que é ressarcida por isso.

 

 

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14 comments
  1. Teria o número desse processo, Ricardo?

    Posso pedir para alguém ver e até disponibilizar para a reportagem a cópia dele integral, caso seja público

    1. Oi, Lucas, tudo bem? O número é este: 1016319-66.2020.8.26.0053. Só aparece a decisão do juiz, sem ficar claro o que o Metrô requereu. Obrigado.

  2. “Subestimar”… apenas para a região mais densamente povoada da cidade. É tão grave quanto construir prédio com areia de praia, por milagre não mataram ninguém, com as falhas ou com a queda da roda do trem!

  3. O bom de ver essas falhas e defeitos que ocorrem no monotrilho da linha 15 prata… é que da para o consórcio que esta construindo a linha 17 ouro fazer o máximo pra evitar que aconteça o mesmo

    1. Eu concordo, infelizmente a maturação do sistema oriunda de inúmeros erros de projeto, falhas sequencias e estruturais, auxiliarão indubitavelmente na operação, construção da Linha 17. Ela vai ter um bônus de já se conhecer o monotrilho.

  4. Na minha opinião seria melhor ter gasto mais e construído um metro convencional. É melhor ter 5 km de metrô funcionando perfeitamente e com maior capacidade do que ter um monotrilho que possui capacidade menor é que sempre apresenta problemas.

  5. Como muitos especialistas já tinham alertado antes mesmo do projeto começar, o sistema não é robusto o suficiente para suportar o peso e a velocidade proposta. Como não dá pra diminuir o número de passageiros, terão que reduzir a velocidade. Se não colocarem mais trens pra suprir os intervalos, cada composição partirá lotada, as plataformas não comportarão, e o tempo total de viagem não será vantajoso.
    Teremos então um corredor de ônibus de luxo.
    Talvez na linha 17 sem passar por Paraisópolis, funcione bem.

  6. A decisão de convocar o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que é um organismo altamente qualificado para uma avaliação dos acontecidos foi uma decisão sensata, pois a grandiosidade do empreendimento não se pode deixar as análises dos fatos ficarem restritas as opiniões dos fabricantes dos trens Bombardier e da empresa de engenharia executora das obras o consórcio CEML sobre o risco de grande perda de segurança e confiabilidade, pois esta demora da definição permite uma série de especulações sobre prováveis elementos estruturais, como, pneus, junta de dilatação, desnivelamento, abrasividade das vias, curvas acentuadas, falha de execução dos próprios carros entre outros, visto que se trata de um protótipo de alta capacidade que foi utilizado de forma inédita neste linha.

    De acordo com a nomenclatura para este tipo de modal temos;
    ”Finger Plate” -Placa metálica protetora da junta de dilatação horizontal e vertical (concreto).
    “Track Switches” – AMV Aparelhos de Mudanças de Via em concreto armado de tamanho e massa colossal, ou seja da mesma secção da viga horizontal.
    “Run Flat” -Anel metálico instalado nas rodas no interior dos pneus para evitar maiores danos em casos de rompimento.
    “Pneus de carga” –Pneus maiores que está apoiado a massa da composição.(Normalmente em duas peças por roda em paralelo).
    “Pneu de guia” –Pneus menores que promovem a estabilidade da composição. (Normalmente em uma peça em cada roda lateral para os modelos menores, ou podendo ser duas paralelas porem espaçadas, ou em duas rodas alinhadas uma em frente a outra em cada lateral na parte inferior para os modelos maiores).
    “Jogo de pneus” – Conjunto de pneus que faz parte de um extremo das composições podendo ser quatro ou seis.

    Os pneus dos monotrilhos assim como na aviação são insuflados com nitrogênio em vez de ar comprimido, e a pressão incorreta dos pneus, é em particular um fator que contribui para acidentes ou incidentes relacionados a pneus e falhas nas rodas. (A grande vantagem do nitrogênio em relação ao ar comprimido é que ele não se dilata, mantendo constante a pressão do pneu, independentemente da temperatura. Na prática, os pneus terão melhor desempenho e menor desgaste mesmo que se aqueçam em uso frequente ou nos dias quentes).

  7. Se a cada pequeno problema ocorrido com o metrô os secretários e políticos da época fossem dar chiliques como Baldy deu agora, não teríamos nenhuma de metrô funcionando.

    Só para comparação, a Linha 3 do Metrô teve seu projeto apresentado em 1972. As obras na Zona Leste foram iniciadas em 1976 e pararam pouco tempo depois por falta de recursos (apesar de várias áreas terem sido desapropriadas). Sim, os políticos da época começaram a construir a linha sem ter dinheiro. Se fosse o Baldy secretário à época, a linha teria ficado parada e não teríamos metrô. Mas os governantes e secretários da época foram pacientes e (mesmo com todas as dificuldades da época) mantiveram o projeto do metrô chegar em Itaquera e na Barra Funda e isso ocorreu em 1988, doze anos depois de iniciadas as obras.

    Ao invés de chiliques, a população quer soluções para o monotrilho chegar até 2030 no Ipiranga e em Cidade Tiradentes como o planejado. Jogar a totalidade da culpa nas empresas não resolve nada. O monotrilho é uma realidade e precisa ter seus problemas corrigidos pelos técnicos, que precisam ser respaldados pelos políticos em suas decisões de resolução. Ir na imprensa criticar os técnicos (como Baldy fez sem nenhuma base técnica) só atrapalha.

    Ser secretário é ser resiliente e contribuir com soluções, não fugir dos problemas e produzir crises de forma gratuita. E Baldy, ao tentar tirar o problema do monotrilho de sua alçada (e jogar para o colo da iniciativa privada), produziu mais uma crise (além da própria do monotrilho em si). Isso demonstra o quão errada foi sua escolha para secretário, pois não demonstra estar à altura do cargo.

    Mas daqui dois anos ele se descompatibiliza e tenta outro mandato por Goiás e nós ficaremos aqui sofrendo com os problemas de sua gestão sofrível (e que levarão um bom tempo para serem sanados).

  8. Sinceramente? Refaçam a linha 15 como um metrô elevado, tipo a Linha 1 na Cruzeiro do Sul. Vai gastar muito? Vai! Vai levar um tempão? Vai! Mas, sinceramente, se é pra ter metrô, que seja decente, não esse monotrenzinho, que, a meu ver, atenderia muito melhor a linha 13 Jade, que vive batendo lata.

    1. As inviabilidades técnica, financeira e jurídica de suas propostas são gritantes que ou você é ingênuo demais ou é um empresário/político corrupto querendo superfaturar obras para faturar lá na frente. Eu acredito na possibilidade de ingenuidade.

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