Há quatro anos um dos maiores retrocessos da mobilidade urbana de São Paulo era protagonizado pela gestão do ex-governador João Doria (sem partido). Em 3 de julho de 2019, o agora ex-político anunciou com pompa o projeto do BRT-ABC, um corredor de ônibus que prometia substituir a Linha 18-Bronze do Metrô custando menos e, sobretudo, sendo de implantação mais rápida.
Desde então o que se viu não tem parecido em nada com o quadro que Doria pintou. Notadamente atrasada, a obra do corredor de ônibus, sob responsabilidade da Next Mobilidade (antiga Metra), empresa de ônibus responsável pela operação do corredor ABD e área 5 da EMTU, está começando a dar os primeiros sinais de existência apenas agora.
Segundo o comunicado publicado pelo governo do estado na época, o BRT poderia ser implantado em 18 meses, a partir do início de sua construção, e teria capacidade para transportar até 340 mil passageiros por dia.
“Hoje, vamos anunciar um novo modal de transporte metropolitano no ABC. Uma decisão importantíssima do Governo do Estado, depois de vários anos de retardo. Será uma opção de menor custo, de menor tempo, de mais eficiência e de menos manutenção”, disse João Doria.
Na prática, o corredor de ônibus vai transportar, se muito, metade da capacidade do monotrilho cancelado e num tempo de viagem 50% maior na melhor das hipóteses (serviço expresso).
De quebra, já custa bem mais que os R$ 680 mil informados no anúncio e pode sair ainda mais caro já que há outros processos em paralelo ocorrendo, como a indenização à concessionária VEM ABC, que teve o contrato da Linha 18 extinto após ficar cinco anos à espera de o governo cumprir sua parte no acordo.
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Se com a Linha 18 o passageiro do ABC ganharia uma integração gratuita com o restante da malha metroferroviária, com o BRT-ABC isso não é garantido já que a Next/Metra vai recuperar seu investimento com o preço da tarifa, bastante cara no Corredor ABD, que ela gerencia desde 1997.
Nesta semana, às vésperas do aniversário de quatro anos do engodo criado pela gestão anterior, o site foi até São Bernardo do Campo conferir in loco como estão as obras do corredor de ônibus.
Terminal São Bernardo
O terminal de ônibus São Bernardo do Campo é o ponto de partida do BRT-ABC. O local que outrora atendia aos ônibus municipais e intermunicipais agora está interditado, com sinais de abandono e sem quaisquer tipo de melhorias visíveis.
O local está cercado por tapumes que mostram fotografias de funcionários trabalhando, possivelmente algo feito nos primórdios do empreendimento, mas que não reflete a situação atual do local.
Por de trás dos tapumes o que se vê é o entulho decorrente da demolição do piso em concreto, que foi removido. A cobertura também foi retirada, deixando a estrutura metálica exposta às intempéries.
Talvez a única grande atualização tenha sido a placa das obras que recebeu uma nova coloração, que remete a atual gestão do governador Tarcísio de Freitas. O valor das obras foi aumentado para R$ 919 milhões e o período igualmente, para 24 meses.
As obras, pelo o que consta na placa, iniciaram-se em fevereiro de 2022, ou seja, mais de 30 meses após o anúncio.
Não bastasse o atraso, os passageiros dos ônibus são furtados de uma qualidade digna de embarque. A quantidade de linhas de coletivo concentradas em apenas uma calçada ao lado do terminal é assustadoramente grande.
Paço Municipal
Na região do Paço Municipal de São Bernardo, parte inicial do trajeto do BRT-ABC, não há nenhum sinal de obra. Depois de mais de um ano do início das intervenções o trecho mais próximo ao ponto inicial de parada sequer tem tapumes, máquinas, ou indicações de melhorias.
Nesta região o BRT vai circundar todo o paço com uma via no sentido Sacomã e outra no sentido São Bernardo do Campo. Neste trecho o BRT estará sujeito a interferência semafórica, o que descaracteriza a operação do serviço que deveria ser, por essência, totalmente segregado.
Avenida Aldino Pinotti
Nesta região surge a primeira edificação, de fato, nova do BRT-ABC. A estrutura metálica do primeiro ponto de ônibus do sistema de coletivos rápidos e as intervenções para a implantação do pavimento de concreto são os pontos de maior visibilidade.
A parada de ônibus pode ser considerada generosa dada a sua ampla cobertura, mas não deverá passar disso. Em que pese a estrutura metálica extravagante a área de embarque é relativamente estreita. A impressão que se tem é de se estar em uma parada de VLT de baixo custo.
A plataforma é levemente alterada, possibilitando uma facilidade no acesso caso sejam empregados ônibus com piso baixo. Foi possível notar dutos onde deverão ser alocados cabos para diversos sistemas.
A premissa do BRT é de haver cobrança prévia ao embarque, portanto, existirão bloqueios nas extremidades do ponto de ônibus.
O pavimento de concreto, ao que se pode notar, está sendo bem executado. Talvez, esta seja de fato uma das poucas melhorias que o BRT pode proporcionar: um pavimento de melhor qualidade na região, o que pode gerar viagens minimamente confortáveis.
Destaca-se o nível de organização e isolamento da obra. Envolta apenas por uma rede, fazendo um verdadeiro papel de “cerca mole”, o acesso às obras do BRT nesta região são absolutamente irrestritas com praticamente nenhuma sinalização de segurança.
Pedaços de madeira estão jogados de qualquer forma na obra. Não existe vigilância no local. Os equipamentos como escavadeiras e plataformas elevatórias ficam expostos, absolutamente largados como se estivessem em um pátio, seguras e protegidas.
O único espaço que está de fato coberto por tapumes é o canteiro de administração da obra. Ali se pode ver alguns containers e um relógio de luz.
Visão geral
Após quase 18 meses de obras é possível arriscar dizer que o BRT-ABC não estará pronto em fevereiro de 2024, como promete o governo. São apenas sete meses para literalmente implantar quase tudo, algo fora da realidade até para um projeto sem complexidade como um corredor de ônibus.
Irresponsabilidade como essas, em que o dinheiro do contribuinte foi jogado no lixo, não podem ser esquecidas com o intuito de evitar outros absurdos no transporte público do estado.
O ideal seria continuar com o monotrilho, mas se continuar, em São Paulo deveria ser feito um viaduto para que estes ônibus seguissem pela Avenida Guamiranga e tivesse um terminal entre a estação Tamanduatei e o Shopping Central Plaza. Na Rua Aida não há condições de passar BRT, além do que vai estragar a praça que foi feita lá. Não sei como nenhum político, seja prefeito, deputado estadual ou vereador da região questionou isto. Também na grande mídia como jornais de grande circulação e canais de televisão aberta pouco ou nada falaram sobre isto. Este BRT é pior que o Expresso Tiradentes ou o Corredor São Mateus Jabaquara. Espero que este BRT não saia. Se sair este BRT logos estará saturado e daqui há vinte anos vão lamentar por não terem construído o monotrilho. Vai ser o barato que vai sair caro. Se o BRT fosse solução a China não investiria tanto em metrô, monotrilho e VLT em suas cidades.
E o povo q reclama de monotrilho, estaria bem melhor do q este BRT
essa cidade só me deixa envergonhado, não vejo a hora de sair daqui e ir pra um lugar com mobilidade decente…
pra quem vê tudo isso e se pergunta “e os políticos?”
conversei com um vereador aqui de SBC e apontei sobre isso, e a única coisa que ele disse foi: “é assim mesmo, não tem oq fazer”
a única coisa que dá a entender é que TODOS sem excessão estão comprados de alguma forma, e não importa o político, sua orientação política, seu partido ou seu cargo, pois do vereador ao presidente (que tbm esteve na cidade) não se importam. o proprio presidente veio aqui e encheu de pompa a dona dessa castrofe aí na fábrica de ônibus elétricos dela… e não há críticas relacionadas a essa catástrofe vindo da mídia pois a imagem do monotrilho como modal ficou extremamente manchada, a linha 17 foi a principal causa pra isso, mas a linha 15, com suas falhas e acidentes não ajudaram a contribuir positivamente.
eu queria a linha 18 de volta mais que tudo, que fosse em monotrilho ou outro modal sobre trilhos, pq é um absurdo a 4a maior cidade do estado de SP estar sujeita a isso…
Na verdade, o papel do grupo político que atualmente governa a cidade foi fundamental para a mudança do monotrilho para o BRT. O então deputado estadual Alex Manente defendeu publicamente a troca; o atual prefeito Orlando Morando e sua esposa Carla Morando foram entusiastas da ideia, e agora que a obra está atrasada, ninguém mais sequer toca no assunto.
Sobre vereador da cidade, creio que você ainda esteja “bem”. Aqui no meu bairro, o vereador Afonso Torres (Afonsinho), quando perguntado do assunto, responde um genérico “Vou verificar” e não dá nenhum retorno para a população. Isso que o modal vai passar pelo bairro e, mesmo com todas as limitações, vai ajudar a “dar um up” num bairro ótimo, mas que está em declínio; algo que aparentemente ele não se importa (vide o desdém com outras demandas importantes da região), pelo visto. Lamentável.
Não foi à toa que aquele boneco de cera, estelionatário eleitoral, calça apertadinha do Dória foi defenestrado da política, saiu da vida pública e voltou para a PRIVADA! Aquele sujeitinho trambiqueiro não pode mais ser eleito nem para síndico de prédio, eu sabia que esse BRT seria uma porcaria e inútil, o monotrilho da Linha 18 seria muito melhor!
Vota na direita que melhora….
apesar do PSDB ser de centro-esquerda, Doria sempre deixou mto claro que é de DIREITA….por isso que ele arrumou encrenca até mesmo no
PSDB
Essa é a forma de administrar de POLITICOS DE DIREITA….
Agora faz o T que melhora…
o maior crime cometido pelo Doria, que deveria pagar a conta por sua canalhice… Essa máfi da metra é um câncer no ABC…
Concordo contigo, Israel. É uma máfia, a METRA no ABC. Quero ver se o governo Tarcísio terá CULHÃO pra enfrentá-los e iniciar de vez o Metrô ABC-SP…ou se será uma extensão do PSDB, que arregou….a seguir cenas dos pxs capítulos…venha Linha 18, 20…ABC precisa de linhas de Metrô há mais de 30 anos!
Sou bem pessimista. Em todos os estudos e análises da linha 20-Rosa, fica claro que a prioridade é o trecho que vai da Santa Marina até Abraão de Morais. O trecho que supostamente vai passar pelo grande ABC é “malandramente” esquecido como uma suposta fase 2.
Que projeto vergonhoso! O ABC merecia a Linha 18-Bronze no lugar desse corredor de ônibus.
Dória e Baldy foram um retrocesso na mobilidade de São Paulo e do ABC Paulista.
Olhando a foto do pavimento da “estação”, já deu para perceber que com 6 meses de uso já vai começar a rachar tudo, embaixo tem terra, depois colocaram uma camada bem fina de pedrinhas e uma camada de concreto que não é nada espessa.
Se o próprio corretor da Next, que foi feito pelo Metrô com melhor qualidade, vivem tendo que trocar placas quebradas, imagina essa Brincadeira Ruim de Transporte que vão economizar em tudo.
O monotrilho também tem seus problemas. Os problemas da linha 15 e demora na conclusão da linha 17 mostram isso. Quem garante que não aconteceria esses problemas no ABC? A fabricante dos trens da linha 15 não fábrica mais peças de reposição, defeitos aparecem na via, e isso reflete na operação, prejudicando a linha 2 verde. Infelizmente o monotrilho mostrou que é um modal bom para quem faz a obra e constrói os trens.
Realmente! Por isso que deveriam ter feito Metrô no lugar do monotrilho.
Mas ainda sim o Monotrilho é infinitamente melhor que um corredor de ônibus que já nasce saturado e não permite integração tarifária como teria com a Linha 18-Bronze do Metrô.
A fabricante do monotrilho fabrica peças de reposição normalmente, tanto que o mesmo modelo de São Paulo foi vendido para o Egito, China e Tailândia. Agora se o Metrô de São Paulo não quer pagar o preço de mercado, então é um problema exclusivo de São Paulo.
A Linha 15 tem transportado mais de 20 milhões de passageiros por ano com conforto e segurança que nenhum BRT poderia oferecer, demonstrando que a escolha foi correta para a região.
Muito cuidado ao criticar o monotrilho. A torcida jovem do monotrilho não descansa. Está sempre pronta pra atacar quem diz umas verdades sobre o modal favorito deles.
Você acha mesmo que não rola nada por trás dessas reformas de pavimento no corredor ABD? Acha mesmo normal que aconteçam o tempo todo e que todos, independente da frequência com que usem o corredor, se deparem o tempo todo com elas? Isso é uma mina de ouro… De dinheiro público indo pro ralo pelos piores motivos…
esse Dória é lixo…deixou diversas família no ABCD em desespero pois achou um jeitinho nas leis pra tomar as empresas de transporte coletivo e entregar o direito de transportar os passageiros para a MILENA empresário dona de 60 empresas provavelmente a troco de apoio político.hoje eu e tantas pessoas são vítimas dessa servegoesse.
Olha a cara do safado na foto, morrendo de dar risada da situação, o que esse canalha deve ter ganhado de dinheiro por trás através desta troca absurda deve ser algo estrondoso…
João Dória ACABOU DE ENTERRAR o PSDB! Foi a última pá de cal que restava pro partido afundar!! O que ELE decidiu neste capítulo, Metrô X EMTU, foi um escândalo de burrice!!! Achou que o povo é burro? Burro foi você, e SE DEUS QUISER, NUNCA saia do papel este BRT, ou VLT, ou Tróleibus, ou como antigamente, BONDE! É tudo a mesma coisa gente!! RETROCESSO!!! Já era, não dá, o povo não aguenta mais tanta corrupção!!! O ABC tá na m…por culpa destes fdp… Eu morava em Santo André e trabalhava na av.Rebouças, em SP (cadê um Metrô que chegasse pelo menos próximo?)…Hoje moro em SP, porque morar no ABC sem Metrô é impossível, pra quem mora em SP e não possui um carro. Portanto povo do ABC, não aceitem menos que um Metrô, chega de retrocesso e anos de descaso!!!
Mickey, desculpe, você vive no mundo da Disney…. BRT melhor que monotrilho ou Metrô? Não à toa, você prefere um bonde, afinal, você tem 100 anos!
Faltou a matéria mencionar o mais recente (mas não menos importante) absurdo desse projeto: a intenção da Metra em operar esse corredor com o inacreditável “trólebus in-motion”, fabricado por eles mesmos via Eletra, que consiste em um ônibus à bateria com alimentação aérea. Segundo eles mesmos, os ônibus serão tracionados e suas baterias abastecidas pela rede aérea em pontos “estratégicos” do corredor, unindo assim toda a poluição visual da rede de trólebus aos estratosféricos custos financeiros e ambientais das baterias! Difícil imaginar quem bolou algo tão terrível para os cofres públicos…
SOU DE são bernardo não existe cidade na região metropolitana de são paulo que sofra mais com falta de transporte. o que o governo estadual faz com o povo de sbc é um escarnio.
Parabéns pela matéria. Enfim alguém foi verificar “in loco” o andamento das obras. É espantoso o silêncio de outros sites de transportes sobre este caso. Inclusive há um outro site, que pertence a um morador da cidade, e que nem assim o cidadão corre atrás de fazer uma matéria minimamente séria sobre as obras.
E a imprensa da região, que deveria estar cobrando e fazendo questionamentos mais pertinentes sobre o tema – como a questão das licenças ambientais do restante do trecho – silencia totalmente sobre o assunto, enquanto faz matérias banais dando atenção a vereadores populistas em reformas de pracinhas, para citar um exemplo corriqueiro.
Sobre a obra em si, agora é aquela frase: “malfeito, feito”. Começou, agora é terminar a obra o quanto antes. Ruim com, pior sem, por mais que possamos pensar o contrário.
E estas obras do BRT vão ficar imensamente prejudicadas por conta de uma comunidade ilegal em cima da Avenida Lauro Gomes do lado de Santo André que a prefeitura e a Next Mobilidade se recusam a remover. Existe um imenso espaço vazio do lado de Santo André mas as pistas dos ônibus vão ser espremidas somente do lado de São Bernardo entre as avenidas Atlântica e Aldino Pinotti contrariando o projeto original que seria dos dois lados do Ribeirão dos Meninos.
O projeto original deste tal de BRT seria dos dois lados da Avenida Lauro Gomes. O lado de Santo André indo para Tamanduateí e o lado de São Bernardo voltando. Encontraram uma favela no caminho e para não ter que remove-la estão construindo as pistas somente do lado de São Bernardo no trecho entre a Aldino Pinotti e Avenida Atlântica. Pergunto: Onde vai passar o ônibus expresso? Onde será a parada Abraão Ribeiro? A via vai ser dividida com os demais veículos e se algum quebrar vai atravancar todo o sistema.
A reportagem não mencionou o trecho que está sendo construído na Avenida Lauro Gomes. Como pode ser apenas de um lado se o projeto original apresentado para o consorcio era dos 2 lados da avenida? Pelo que já da para se ver e que as obras vão ficar muito aquém do esperado. Uma Pena. O ABC merecia coisa melhor.