O Metrô de São Paulo iniciou a operação do novo sistema de monitoramento eletrônico das estações e linhas na quinta-feira, 24. Numa primeira etapa, ele funcionará nas estações Carrão, Guilhermina Esperança e Belém (Linha 3-Vermelha) e gradativamente será estendido às demais estações das Linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha.
Contratado junto ao consórcio Engie Ineo Johnson por R$ 58,6 milhões, o sistema contará com 5.080 câmeras digitais de alta capacidade ao final do projeto. No momento, são 91 equipamentos funcionando nas três estações, enquanto a previsão é que a instalação só seja concluída em 2023.
A tecnologia implantada permitirá que a companhia possa reduzir ou mesmo eliminar ocorrências de risco como invasão de áreas como vias, possíveis tentativas de suicídio ou ataques, e crianças ou animais perdidos.
Além disso, o sistema, por possui inteligência artificial, será capaz de identificar pessoas desaparecidas caso tenham passado pelas estações. Outra possibilidade é identificar objetos deixados ou esquecidos em locais além de ser capaz de contar o número de pessoas que circularam por determinada área.
“Todas essas câmeras vão eliminar pontos cegos das estações e os recursos de inteligência artificial vão nos permitir decisões rápidas, sempre em benefício do passageiro”, explicou Silvani Pereira, presidente do Metrô.
A empresa contratada está também implantando um Data Center capaz de armazenar todas as imagens produzidas por 30 dias. O Metrô também instalará câmeras nos pátios de manutenção, túneis e vias a fim de reforçar a segurança patrimonial.
Discussão sobre privacidade
A licitação que levou à escolha do consórcio Engie Ineo Johnson foi lançada em 2019, mas em 2020 o contrato foi motivo de uma ação na Justiça movida pela Defensoria Pública do Estado em conjunto com diversos órgãos de defesa do consumidor.
No processo, as entidades pediam esclarecimentos sobre a coleta de imagens e como assegurar que elas não seriam usadas de forma indevida. Após resposta do Metrô, que afirmou que a licitação obedeceu à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), a juíza do caso considerou o processo extinto em agosto do ano passado.
Em que pese o fato de o novo sistema ser capaz de identificar pessoas, a substituição da infraestrutura usada atualmente é mais do que urgente. Em muitas estações, o Metrô dispõe de câmeras analógicas de baixíssima resolução e qualidade, o que não tem sido suficiente para impedir ocorrências lamentáveis como a invasão de vias por pichadores e casos como o da criança que acabou atingido por um trem no túnel da estação Santa Cruz em janeiro de 2019.