Assim como publicamos nesta segunda-feira um balanço do Metrô sob a ótica do site, hoje é a vez de abordamos o ano de 2019 na CPTM, a companhia de trens metropolitanos do estado. A primeira novidade na empresa foi a indicação de um quadro interno para o cargo de presidente, Pedro Tegon Moro, que atuou no planejamento e na área finaceira da CPTM.
Sobre o novo presidente, surpreendeu positivamente sua transparência ao utilizar as redes sociais para mostrar as ações da companhia, mais focadas em destacar o trabalho dos funcionários e a criação de uma cultura própria do que apenas promoção pessoal. A CPTM sofre com uma imagem mais desgastada perante à opinião pública e trabalhar para melhorar essa percepção é sem dúvida algo importante, embora a média salarial da empresa seja em geral inferior à do Metrô. Nesse aspecto, indicar um funcionário de longa carreira na empresa, mas com visão moderna de gestão, foi um belo acerto da atual administração.
Veja a seguir os principais fato da CPTM neste ano:
Ambulantes
Pedro já havia adiantado que buscaria uma nova aproximação em relação aos problemas com o comércio ambulante. De fato, a companhia decidiu legalizar a atividade dentro das estações e passou a oferecer orientação para interessados, já em um preparativo para criar áreas de atuação dessas pessoas. Mas a morte de um segurança em agosto fez a empresa também buscar apoio da Polícia Militar para ampliar a vigilância dentro das linhas. É um tema delicado e que não será resolvido de uma hora para outra, mas parece um caminho viável.
Modernização
A CPTM tem buscado reativar contratos de modenização das vias e sistemas e avançar com esses projetos, porém, ainda há um longo caminho até que os intervalos sejam reduzidos e o serviço fique mais confiável. A companhia também tem procurado interessados em oferecer tecnologia para que as estações exibam o tempo de chegada dos trens às plataformas. Em novembro, a empresa MPE foi selecionada para atualizar os circuitos de via do trecho entre as estações Tatuapé e Calmon Viana, da Linha 12-Safira, com o objetivo de reduzir o intervalo dos trens para 3 minutos, o que deve beneficiar a Linha 13-Jade também.
Entrega de novos trens
Após um longo atraso, as empresas CAF e Rotem concluíram a entrega dos trens das séries 8500 e 9500, nada menos que 65 composições que hoje são utilizadas em sua maioria nas linhas 7-Rubi e 11-Coral. Isso permitiu que antigos trens fossem baixados do inventário e praticamente todas as viagens sendo realizadas em unidades com ar-condicionado, por exemplo. Já a nova Série 2500, que será usada na Linha 13-Jade, teve seis unidades entregues pela chinesa CRRC e deve entrar em operação em janeiro. No entanto, a prometida licitação de mais trens não ocorreu como previsto.
Agilidade na solução de problemas
Certamente, um dos pontos altos do ano na CPTM foi a visão mais prática para resolver certos problemas operacionais. O mais vistoso, sem dúvida, foi a troca de trens da Linha 10-Turquesa, que operava com os velhos Série 2100 trazidos da Espanha. Lentos e problemáticos, eles tornavam a viagem no ramal uma eternidade. A atual gestão foi ágil em alterar um contrato de PPP da Linha 8-Diamante, que dispõe de 36 trens da Série 8000, cuja parte deles não era usada, e promoveu uma troca de composições que envolveu também a Linha 9. No fim, 12 trens da Série 7000 acabaram sendo enviados para a Linha Turquesa, o que permitiu reduzir o tempo de viagem e melhorar o serviço.
Além desse episódio, vale relembrar também a extensão da Linha 7 até o Brás e a melhoria do fluxo da na estação Guaianases como exemplos de que uma maior atenção aos problemas faz diferença.
Obras
Sem tantos recursos como o Metrô, a CPTM concentrou seu foco nas obras de reconstrução da estação Francisco Morato (Linha 7) e na retomada dos trabalhos na extensão da Linha 9-Esmeralda até Varginha. No entanto, apenas a estação Mendes-Vila Natal tem avançado dentro do esperado por enquanto. Nos projetos de expansão, por outro lado, ainda encontram-se em compasso de espera.
Linha 13-Jade
Vale aqui destacar o caso da Linha 13. Inaugurada em 2018, o ramal ainda demonstra atrair uma demanda muito baixa, que hoje se situa em 15 mil usuários por dia contra 120 mil esperados. As principais causas disso são a falta de trens próprios e de um sistema de controle de trens funcional. Com isso, os intervalos estão altos, na casa de 20 minutos, o que deixa a linha pouco atraente para potenciais usuários. Esse cenário deverá mudar em 2020 com a entrada em serviço da Série 2500 e, espera-se, com o avanço da sinalização, mas a Linha Jade esbarra na concepção falha de seu trajeto inicial, que a leva apenas até a estação Engenheiro Goulart. Talvez tivesse sido mais coerente incluir a modernização das vias da Linha 12 desde o princípio para que todos os trens pudessem ir até a estação Brás, onde há mais demanda.
Novas receitas não-tarifárias
Da mesma forma que no Metrô, também a companhia tem buscado ampliar as receitas que não envolvam a venda de bilhetes. Nesse sentido, as iniciativas mais interessantes são as que preveem a concessão de espaços dentro das estações, sobretudo as de maior movimento como Luz, Brás e Palmeiras-Barra Funda. Esta última, aliás, está em vias de se tornar uma nova centralidade em sua região com estudos para que sua estrutura dê lugar a shoppings, prédios comerciais e outras atividades a fim de gerar receita para o governo. Outro exemplo disso está na concessão de um espaço de ligação dentro da estação Brás em conjunto com o Metrô e que deve ser licitado em 2020.
Concessão de linhas e Trem Intercidades
O ano de 2019 foi marcado também pela evolução dos projetos de concessão de três linhas da CPTM e a implantação do Trem Intercidades. Trata-se de um tema controverso afinal a companhia tem buscado se modernizar e deverá ao mesmo tempo perder grande parte de sua área de atuação. Apesar disso, o processo deve tornar-se realidade ainda em 2020.
O primeiro deles é a concessão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda para a iniciativa privada. O edital deverá ser publicado em 2019 e prevê que os dois ramais serão modernizados. A futura estação João Dias, que será construída pela Tegra em forma de doação, deverá contar com apoio da concessionária privada, inclusive.
Já o projeto do Trem Intercidades entre São Paulo e Americana é o mais avançado e incluirá também a Linha 7-Rubi. O governo do estado avançou com a modelagem do projeto neste ano e espera mostrá-lo à sociedade no início de 2020. Entre as novidades está a criação de um serviço parador entre Francisco Morato e Campinas e a possível adoção de trens movidos a biodiesel, que eliminariam os custos de eletrificar parte do trajeto. Há até a possibilidade de que as duas licitações acabem unidas para torná-las ainda mais atraentes.
Resta saber como será feita essa separação de praticamente metade da companhia em um momento em que ela parece mais valorizada do que nunca esteve desde que foi criada em 1992.
Pelo o que conheço dento, Ricardo, vc não parece ser uma dessas pessoas mas o texto deu a entender que a concessão é algo do tipo: “Dar linhas incríveis de mão beijada para a iniciativa privada”.
Obviamente a concessão objetiva gerar caixa para a própria CPTM modernizar suas outras linhas e a concessionária tb ficará responsável por obras de modernização (imagino que a instalação de um CBTC seja inclusa).
Aposto que muitos virão com esse discurso mas certamente, se fosse a concessão de uma linha “ruim” (tipo a L10 talvez) estes mesmos falariam “O governo sucateou tudo para vender a.preço de banana à iniciativa privada”
Com a concessão, pelos menos não irão inventar de fazer greves (e boa parte por motivos políticos)
Foi também o ano da desinformação, já que a empresa não informa mais em seu aplicativo oficial quando ocorrerão manutenções juntamente com seus intervalos. A única forma que encontrei para saber é chegando na estação e procurando a placa de informações.
Que em 2020 seja o ano de corrigir isso.