O Metrô de São Paulo entregou nesta semana a nova subestação de energia Iguatemi que deverá ampliar o fornecimento de energia para a Linha 15-Prata do monotrilho. O site esteve presente no local e vai mostrar, de forma detalhada, a importância e o funcionamento da nova estrutura.
Ao contrário de muitas obras, a subestação Iguatemi foi construída relativamente distante da Linha 15-Prata, estando localizada a cerca de 1 km da estação Jardim Colonial. Apesar de não serem tão conhecidas, as subestações têm papel fundamental para o funcionamento das linhas metroferroviárias.
A subestação Iguatemi é classificada como uma Subestação Abaixadora de Tensão. Isso se deve a sua principal função que é a de receber a energia em alta tensão (88.000V) proveniente das linhas de transmissão e realizar a diminuição desta grandeza (22.000V), para que possa ser enviada para a Linha 15-Prata.
Agora a Linha 15-Prata conta com duas subestações de energia para alimentar suas vias. A ideia é que o trecho entre Vila Prudente e Jardim Planalto seja alimentado pela SE São Lucas e o trecho entre Sapopemba e a estação Jardim Colonial seja alimentado pela SE Iguatemi.
Vale ressaltar que as duas subestações poderão fornecer energia para todos os trechos futuros da Linha 15-Prata, o que inclui a extensão até Ipiranga, no trecho oeste, Jacú-Pêssego no tramo leste e o novo pátio Ragueb Chohfi em construção.
O presidente do Metrô, Silvani Pereira, destacou a importância da Subestação Iguatemi para a operação da Linha 15-Prata, ouça a declaração:
Por dentro da SE Iguatemi
Para explicar de fato o funcionamento e a relevância desta Subestação Primária é necessário mostrar os principais processos executados pelos equipamentos que vão desde a recepção, medição, segurança, transformação, controle e envio para a Linha 15.
Tudo se inicia com as linhas de transmissão. Estas são as tradicionais torres de alta tensão que costumam cortar as cidades e que distribuem energia para diversas estruturas. Essa linha de transmissão de responsabilidade da Enel fornece 88kV diretamente para a SE Iguatemi.
Duas linhas trifásicas de 88kV são captadas por uma torre que fará a conexão entre a linha da Enel e a SE Iguatemi. Na parte externa estão presentes alguns equipamentos de segurança como para raios que protegem as estruturas de surtos elétricos.
A energia transmitida é enviada para uma estrutura coberta onde existem uma série de equipamentos. O gerente de empreendimentos da Linha 15-Prata, Roberto Torres, comentou sobre as vantagens da proteção:
Dentro do galpão estão alocados alguns equipamentos responsáveis pela medição e proteção do circuito em alta tensão em 88kV. Inicialmente, as linhas passam por um conjunto de equipamentos que realizam a parametrização dos níveis de tensão e corrente. A parte interna está dividida em duas partes, cada uma para cada conjunto trifásico.
Esses equipamentos são denominados como Transformador de Potência, que mede o nível de tensão das linhas em Volts, e o Transformador de Corrente, que mede a corrente em Amperes. Esse primeiro conjunto é de responsabilidade da Enel e apenas a distribuidora pode realizar intervenções nestes equipamentos.
Após o primeiro conjunto de medições a energia passa pelo primeiro conjunto de disjuntores. Novos transformadores de corrente e potência realizam medições, estes sob responsabilidade do metrô antes de serem remetidos ao barramento.
O barramento, localizado na parte central do galpão, é responsável por realizar a distribuição de energia de uma das linhas para todo o conjunto. No caso em questão, a linha 1 foi energizada enquanto a linha 2 permanecia com os disjuntores abertos. O barramento distribui a energia da linha 1 para a 2, possibilitando a alimentação dos dois transformadores.
Os transformadores são os equipamentos responsáveis por realizar o rebaixamento da tensão de 88kV proveniente da Enel. Estes dois grandes equipamentos, denominados como T1 e T2, conseguem fornecer uma potência de 33,3MVA. Após a transformação para média tensão, os 22kV são remetidos via cabeamento subterrâneo para as salas técnicas.
Nas salas técnicas estão dispostos equipamentos de controle de outros transformadores, denominados como T3, T4 e T5. Numa primeira é possível visualizar os equipamentos de controle de média tensão (22kV). Os cubículos podem ser manipulados através de uma interface digital, por botoeiras e também por ferramentas especiais.
Os transformadores T3 e T4 são responsáveis pela alimentação em baixa tensão da Subestação Iguatemi, através deles a energia em 22kV é transformada para valores menores como 480V e 220V, alimentando os sistemas auxiliares e de iluminação. O T5 é o transformador que recebe energia em 22kV proveniente da estação Jardim Colonial, sendo importante para a alimentação e controle da SE em caso de falta de energia da mesma.
Existe ainda uma sala isolada das demais onde é realizado o controle do sistema de alta tensão da SE Iguatemi. Os cubículos presentes neste local controlam os equipamentos dentro do galpão, onde passam os 88kV.
O controle dos equipamentos de alta tensão pode ser realizado de quatro formas diferentes: Localmente, manobrando o equipamento manualmente; nos cubículos através das botoeiras e IHM; no painel digital através de comandos em computador; e remotamente através do CC15 (Centro de Controle da Linha 15-Prata).
Todo o cabeamento de 22kV é armazenado em um porão de cabos onde é remetido aos pontos de interesse. Juntamente a esse porão de cabos está uma sala de bombas responsáveis pela segurança do local em caso de incêndios.
Próximos passos
Para aprimorar ainda mais a operação da SEP Iguatemi ainda deverão ser realizados testes especiais com a circulação de trens durante a madrugada. Além disso, é previsto que os sistemas de proteção também sejam testados, a fim de se garantir a alimentação da linha em caso de queda de alguma das subestações.
Um acordo operacional foi firmado com a Enel para que seja possível suprir energia em caso de demanda extra para qualquer uma das duas SEP, assegurando a estabilidade da operação da Linha 15-Prata em situações críticas.
Em linhas gerais, a nova subestação primária Iguatemi é uma estrutura moderna e bastante segura. Sua construção levou em conta uma série de regras que garantem a integridade dos operadores do sistema. Para a Linha 15, abre-se a possibilidade para ampliar o carrossel e ofertar mais lugares para a população.
Parabéns pelo seu artigo
Conseguiu explicar muito bem , com palavras simples, o funcionamento do sistema elétrico de uma rede metroferroviária.
O objetivo destas matérias é justamente esse: Tentar desmistificar os sistemas mais complexos.
Grato pelo retorno!
Parabéns Jean! Excelente matéria! Tenho uma dúvida: como foi o acesso à essas salas? Metrô forneceu algum tipo de EPI para quem estava presente? Pq de acordo com a NR10 para acessar esses espaços é obrigatório o uso de EPI…
Durante toda a visita fomos acompanhados com uma comitiva de engenheiros e especialistas que prestavam todas as orientações sobre a segurança no local.