Confira como é o funcionamento da subestação Iguatemi da Linha 15-Prata

A nova subestação conta com equipamentos de ponta e possibilidade de controle remoto que permitirão melhorias na operação da Linha 15-Prata
Cubículos de controle em média tensão (Jean Carlos)

O Metrô de São Paulo entregou nesta semana a nova subestação de energia Iguatemi que deverá ampliar o fornecimento de energia para a Linha 15-Prata do monotrilho. O site esteve presente no local e vai mostrar, de forma detalhada, a importância e o funcionamento da nova estrutura.

Ao contrário de muitas obras, a subestação Iguatemi foi construída relativamente distante da Linha 15-Prata, estando localizada a cerca de 1 km da estação Jardim Colonial. Apesar de não serem tão conhecidas, as subestações têm papel fundamental para o funcionamento das linhas metroferroviárias.

A subestação Iguatemi é classificada como uma Subestação Abaixadora de Tensão. Isso se deve a sua principal função que é a de receber a energia em alta tensão (88.000V) proveniente das linhas de transmissão e realizar a diminuição desta grandeza (22.000V), para que possa ser enviada para a Linha 15-Prata. 

Agora a Linha 15-Prata conta com duas subestações de energia para alimentar suas vias. A ideia é que o trecho entre Vila Prudente e Jardim Planalto seja alimentado pela SE São Lucas e o trecho entre Sapopemba e a estação Jardim Colonial seja alimentado pela SE Iguatemi. 

Vale ressaltar que as duas subestações poderão fornecer energia para todos os trechos futuros da Linha 15-Prata, o que inclui a extensão até Ipiranga, no trecho oeste, Jacú-Pêssego no tramo leste e o novo pátio Ragueb Chohfi em construção.

O presidente do Metrô, Silvani Pereira, destacou a importância da Subestação Iguatemi para a operação da Linha 15-Prata, ouça a declaração:

Por dentro da SE Iguatemi

Para explicar de fato o funcionamento e a relevância desta Subestação Primária é necessário mostrar os principais processos executados pelos equipamentos que vão desde a recepção, medição, segurança, transformação, controle e envio para a Linha 15.

Tudo se inicia com as linhas de transmissão. Estas são as tradicionais torres de alta tensão que costumam cortar as cidades e que distribuem energia para diversas estruturas. Essa linha de transmissão de responsabilidade da Enel fornece 88kV diretamente para a SE Iguatemi.

Duas linhas trifásicas de 88kV são captadas por uma torre que fará a conexão entre a linha da Enel e a SE Iguatemi. Na parte externa estão presentes alguns equipamentos de segurança como para raios que protegem as estruturas de surtos elétricos.

 A energia transmitida é enviada para uma estrutura coberta onde existem uma série de equipamentos. O gerente de empreendimentos da Linha 15-Prata, Roberto Torres, comentou sobre as vantagens da proteção:

Dentro do galpão estão alocados alguns equipamentos responsáveis pela medição e proteção do circuito em alta tensão em 88kV. Inicialmente, as linhas passam por um conjunto de equipamentos que realizam a parametrização dos níveis de tensão e corrente. A parte interna está dividida em duas partes, cada uma para cada conjunto trifásico.

Esses equipamentos são denominados como Transformador de Potência, que mede o nível de tensão das linhas em Volts, e o Transformador de Corrente, que mede a corrente em Amperes. Esse primeiro conjunto é de responsabilidade da Enel e apenas a distribuidora pode realizar intervenções nestes equipamentos.

Após o primeiro conjunto de medições a energia passa pelo primeiro conjunto de disjuntores. Novos transformadores de corrente e potência realizam medições, estes sob responsabilidade do metrô antes de serem remetidos ao barramento.

O barramento, localizado na parte central do galpão, é responsável por realizar a distribuição de energia de uma das linhas para todo o conjunto. No caso em questão, a linha 1 foi energizada enquanto a linha 2 permanecia com os disjuntores abertos. O barramento distribui a energia da linha 1 para a 2, possibilitando a alimentação dos dois transformadores.

Barramento ligando a Linha 1 com a Linha 2 (Jean Carlos)

Os transformadores são os equipamentos responsáveis por realizar o rebaixamento da tensão de 88kV proveniente da Enel. Estes dois grandes equipamentos, denominados como T1 e T2, conseguem fornecer uma potência de 33,3MVA. Após a transformação para média tensão, os 22kV são remetidos via cabeamento subterrâneo para as salas técnicas.

Transformadores (Jean Carlos)

Nas salas técnicas estão dispostos equipamentos de controle de outros transformadores, denominados como T3, T4 e T5. Numa primeira é possível visualizar os equipamentos de controle de média tensão (22kV). Os cubículos podem ser manipulados através de uma interface digital, por botoeiras e também por ferramentas especiais.

Os transformadores T3 e T4 são responsáveis pela alimentação em baixa tensão da Subestação Iguatemi, através deles a energia em 22kV é transformada para valores menores como 480V e 220V, alimentando os sistemas auxiliares e de iluminação. O T5 é o transformador que recebe energia em 22kV proveniente da estação Jardim Colonial, sendo importante para a alimentação e controle da SE em caso de falta de energia da mesma.

Existe ainda uma sala isolada das demais onde é realizado o controle do sistema de alta tensão da SE Iguatemi. Os cubículos presentes neste local controlam os equipamentos dentro do galpão, onde passam os 88kV. 

O controle dos equipamentos de alta tensão pode ser realizado de quatro formas diferentes: Localmente, manobrando o equipamento manualmente; nos cubículos através das botoeiras e IHM; no painel digital através de comandos em computador; e remotamente através do CC15 (Centro de Controle da Linha 15-Prata).

Todo o cabeamento de 22kV é armazenado em um porão de cabos onde é remetido aos pontos de interesse. Juntamente a esse porão de cabos está uma sala de bombas responsáveis pela segurança do local em caso de incêndios.

Próximos passos

Para aprimorar ainda mais a operação da SEP Iguatemi ainda deverão ser realizados testes especiais com a circulação de trens durante a madrugada. Além disso, é previsto que os sistemas de proteção também sejam testados, a fim de se garantir a alimentação da linha em caso de queda de alguma das subestações. 

Um acordo operacional foi firmado com a Enel para que seja possível suprir energia em caso de demanda extra para qualquer uma das duas SEP, assegurando a estabilidade da operação da Linha 15-Prata em situações críticas.

Em linhas gerais, a nova subestação primária Iguatemi é uma estrutura moderna e bastante segura. Sua construção levou em conta uma série de regras que garantem a integridade dos operadores do sistema. Para a Linha 15, abre-se a possibilidade para ampliar o carrossel e ofertar mais lugares para a população.

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4 comments
  1. Parabéns pelo seu artigo
    Conseguiu explicar muito bem , com palavras simples, o funcionamento do sistema elétrico de uma rede metroferroviária.

    1. O objetivo destas matérias é justamente esse: Tentar desmistificar os sistemas mais complexos.
      Grato pelo retorno!

  2. Parabéns Jean! Excelente matéria! Tenho uma dúvida: como foi o acesso à essas salas? Metrô forneceu algum tipo de EPI para quem estava presente? Pq de acordo com a NR10 para acessar esses espaços é obrigatório o uso de EPI…

    1. Durante toda a visita fomos acompanhados com uma comitiva de engenheiros e especialistas que prestavam todas as orientações sobre a segurança no local.

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