CPTM fará estudo de “naming rights” de parte de suas estações

Assim como Metrô, companhia pensa em vender direitos de nomeação de suas estações. Por enquanto, estudo envolve poucas paradas como Vila Olímpia, Luz, Brás e Mooca
Estação Aeroporto Guarulhos
Marcas de empresas aéreas na estação? Com o Naming Rights isso será possivel. (Jean Carlos/SP Sobre Trilhos)

O ano de 2020 não foi fácil para a CPTM e 2021 também não promete dar trégua. Diante da mais grave crise sanitária da nossa história, as empresas de transporte lutam para manter suas operações enquanto enfrentam um grande dilema financeiro. A queda do número de passageiros fez com que o rombo fiscal para essas empresas atingissem números preocupantes. É diante desse cenário que a CPTM está firmando um convênio para estudar uma promissora fonte de receitas para a empresa: o naming rights, ou direito de nomeação em português. Apesar das vantagens financeiras, o projeto de rebatizar algumas estações esbarra em algumas questões delicadas.

Situação da CPTM

A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos em sua nova gestão está determinada a ampliar as receitas não tarifárias. Esses valores são aquelas provenientes de atividades acessórias como publicidade, aluguel de espaços e direito de passagem na malha ferroviária. A grande vantagem da exploração dessas atividades é fornecer a empresas um grande espaço para se obter visualizações orgânicas de seu conteúdo além de propiciar ações de fomento ao empreendedorismo com a locação de espaços para comercio.

Durante o ano de 2020, a CPTM acumulou um prejuízo líquido próximo ao 1 bilhão de reais. Tendo em vista esse forte rombo é que ganha força a ideia de promover novas ações para o ac[umulo de receitas a fim de atingir o tão almejado equilíbrio financeiro, o poderá trazer a sustentabiliade da companhia ao longo prazo.

O convênio

O convênio firmado se refere a prestação de serviços para estudos técnicos especializados para a avaliação da utilização de ‘naming rights‘. As estações que serão objeto do estudo contemplam praticamente todas as linhas da CPTM, sendo elas as estações Vila Olímpia (Linha 9), estação Mooca (Linha 10), estação da Luz (Linhas 7, 11 e 13) e a estação Brás (Linhas 7, 10, 11, 12 e 13). As estações escolhidas possuem características diferentes, o que sugere que o estudo aplicado a elas pode servir de base para modelagens em outras estações.

A contratada para o estudo foi a Fundação Instituto de Pesquisas Economicas (FIPE). O prazo para a execução das anáises é de 3 meses e o investimento que será dispendido é da ordem de R$ 250.050,00.

Extrato de Contrato
Extrato de Contrato (DOE)

Pontos positivos

Os “naming rights” são basicamente a concessão dos direitos de nome de algum lugar para uma empresa, mediante pagamento. Nesse caso, falamos de estações que poderiam ter seus nomes alterados por um certo período de tempo através do pagamento de um valor, geralmente anual. Esses valores podem variar bastante conforme as estações e seu nível de importância, o que poderia gerar uma quantidade bastante significativa de receitas acessórias. No Brasil ficou famoso o caso da estação Botafogo/Coca-Cola, estação do Metrô do Rio de Janeiro que passou pelo processo de concessão de seu nome.

Pontos negativos

Entretanto, nem tudo são flores. Apesar de ser uma maneira criativa de se obter maiores ganhos com o empréstimo do nome das estações, existe um forte risco financeiro, geográfico e inclusive estético.

No aspecto financeiro, a troca do nome da estação pode gerar uma reação em cadeia negativa. Esse efeito dominó se refere aos custos para se aplicar a alteração de nomes em cada local onde ele será empregado. Imagine que cada mapa de linha em centenas de composições, estações precisará ser substituído, além de avisos sonoros e qualquer documento oficial. Todas essas mudanças têm um preço e esse custo pode variar de R$ 600 mil até R$ 800 mil.

Sob o aspecto geográfico temos a questão da toponímia. A palavra é difícil, mas possui uma importância enorme no dia a dia das pessoas. A toponímia se refere ao estudo dos nomes dos lugares. Cada estação no sistema metroferroviário passou por um detalhado estudo de nomes para que eles pudessem representar da forma mais fiel o local onde estão construídas.

Um caso bem interessante de alterações de nome em estações são as de Roosevelt e Ponte Pequena, que para alguns pode até soar familiar, mas para outros é algo totalmente desassociado da nossa realidade. Essas estações são, respectivamente, Brás (CPTM) e Armênia.

No primeiro caso a mudança de nome trouxe um benefício geográfico, uma vez que deixou de homenagear o presidente americano Franklin D. Roosevelt para citar de o nome do local onde a parada está inserida. Isso facilita na localização para pessoas que eventualmente desconheçam a região. No caso de Armênia foi feito o oposto, a mudança deixou de privilegiar o local para servir como homenagem a comunidade armênia em São Paulo.

Algumas alterações mais recentes incluíram nomes de clubes de futebol e inclusive, o que aparenta ser uma nova tendência da classe política, as estações que homenageiam figuras bastante conhecidas (ou não) do nosso quadro de representantes do povo. As estações na Linha 10 como as de Estação São Caetano do Sul – Prefeito Walter Braido e Ribeirão Pires – Antônio Bespalec são um exemplo das alterações que causam um efeito bastante característico no nome das estações.

O risco é que com o ‘naming rights’ possa vir a descaracterizar os nomes das estações e essa ação acabe virando uma tendência, que inclusive pode estimular as mudanças pela inclusão de nomes da política brasileira. Basta imaginar como seria a situação da Estação Prefeito Celso Daniel – Santo André com uma concessão de seus direitos de nome.

Estação São Caetano
Placa da estação de São Caetano antes da mudança de nome. Clareza nas informações essenciais (Jean Carlos/SP Sobre Trilhos)

Conclusão

O assunto é delicado e precisa ser tratado com seriedade. No Metrô os estudos já estão em estágio avançado e inclusive contam com apresentações mais realistas. Na CPTM o que temos adiante é um estudo que vai embasar mudanças profundas a médio prazo nas principais estações de trem da região metropolitana. Apesar do potencial de receita extra que pode ser adquirido, o quanto as mudanças podem favorecer ou desfavorecer a população? Elas têm o risco de remover a identidade geográfica das paradas? Quais nomes ou marcas poderão ser aceitos? Haverá contrapartidas suficientes por parte das empresas interessadas?

Muitas dessas perguntas poderão ser sanadas por esse estudo que foi contratado pela CPTM. Para outras questões que possam vir a surgir, uma dose de bom senso pode ser o suficiente para julgar se há mais prós ou contras nas mudanças futuras.

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  1. Qual a razao d SEMPRE utilizarem palavras e expressoes em INGLES ????? Parem com isso cambada d cabeçudus, nosso idioma e o Portugues, parem d “control C” nos americanos. Se ao menos vcs soubessem English, mas vcs nao sabem merda alguma, entao escrevam e utilizem o nosso idioma. Sei q USA domina o mundo todo, sei q USA é o melhor pais do mundo, sei q vcs invejam tremendament os americanos, sei q vcs fazem tudinho igual aos americanos, sei q os negros brasileiros ADORARIAM ser igual aos negros americanos, MAS vcs nao sao, vcs sao brasileiros e sabem APENAS falar e escrever ( mais ou menos ) o idioma d Camoes, entao ……….

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