A CPTM realizará no dia 26 de fevereiro um novo leilão de inservíveis, materiais e equipamentos que na maior parte dos casos se transformará em sucata. A novidade é que a rodada de ofertas, a primeira de 2021, incluirá a Série 2100, os famosos “trens espanhois”, comprados usados pela companhia na década de 90.
O leilão em questão inclui apenas parte da frota da Série 2100, que ainda tem algumas composições ativas na CPTM. Inclusive, uma delas foi usada na reestreia do Expresso Linha 10 na semana passada, no lugar da Série 3000, normalmente escalada para a função.
Em empresas ferroviárias é normal que uma grande quantidade de insumos seja adquirida para manutenção dos mais diversos equipamentos. Quando esses componentes se tornam inservíveis geralmente é feito um leilão com todo o material. Dormentes, trilhos, equipamentos eletrônicos e até mesmo trens completos tem como destino final a sua venda em leilões.
Os equipamentos
No total, o leilão de itens inservíveis da CPTM conta com 94 lotes, cada um deles apresentando um tipo de material diferente. A diversidade é sempre grande, indo das pilhas de dormentes inservíveis até bancos de trens, vidros quebrados (geralmente para-brisas quebrados), papel, óleo, fios de cobre, etc. A lista é diversa, mas vamos nos ater aos itens mais significativos desse leilão, o material rodante.
O leilão de material rodante ten um total de 127 veículos inclusos desde vagões, locomotivas e trens unidade. Os destaques são os trens da Série 1700, que operaram na Linha 7-Rubi, os já citados trens da Série 2100, que foram em grande parte desativados em decorrência da renovação de frota na Linha 10-Turquesa, e vagões de serviço que atualmente não tem mais serventia. Três carros da série 5000 tambem estão inclusos, mas vale lembrar que esses carros não fazem parte da frota operacional na Linha 8-Diamante.
Por fim temos uma das locomotivas LEW, que tiveram seu plano de revisão geral cancelado pela CPTM recentemente. Essas máquinas serão repostas no quadro de tração por duas novas locomotivas de modelo PR-22 encomendadas pela Progress Rail.
O leilão ocorrerá de forma semelhante ao do ano passado, com alguns carros sendo leiloados individualmente, abrindo a possibilidade para que pessoas físicas e jurídicas possam fazer os lances específicos no material. Dessa forma é possível que o destino desses trens possa ser algo mais nobre do que o mero corte, uma vez que o interessado que arrematar o trem poderá dar a destinação que lhe aprouver ao material.
A divisão dos lotes dos trens está definida da seguinte forma:
Quantidade de lotes | Material |
---|---|
16 Lotes individuais | Carros da série 1700 (7), 2100 (8) e Locomotiva LEW (1) |
2 Lotes TUE | 4 carros da série 1700 (8 carros ao total) |
1 Lote TUE | 3 carros da Série 2100 |
2 Lotes (50 veículos) | Carros da Série 1700 (3), 2100(90), 5000 (3) e Vagões (4) |
Conclusão
A venda de material é uma forma da CPTM conseguir angariar fundos com o material inservível. As ações quase sempre são bem sucedidas levantando receita que poderá ser revertida ao caixa da empresa podendo ser aplicado em uma série de projetos que trarão melhorias para os passageiros. No caso particular dos trens, a iniciativa de publicar lotes individuais é uma forma de incentivar empresas ou até mesmo entusiastas a adquirirem trens para usos diversos como restaurantes temáticos ou até mesmo a preservação, que de certa forma poderia ser uma bandeira que a própria CPTM poderia erguer.
O preço dos lotes dos trens está avaliado em R$43.592,00 por carro e a data do leilão está marcada para 26/02/2020 às 10h. Vale observar que no leilão anterior cinco vagões da Série 1700 foram disputados por vários interessados e acabaram arrecandando R$ 268,5 mil para a CPTM, ou R$ 53.700 por unidade em média – o lance inicial era de R$ 40.550,00.
Creio que os trens usados espanhóis foram doados à CPTM e não vendidos, não é? Naquele início de anos 1990 a Espanha emergia como nova potência europeia (Repsol, Iberdrola, Santander, BBVA, Telefónica) e Madrid esbanjava sofisticação, renovando frotas de trens seminovos. Doá-los era mostra de poder e a ao mesmo tempo um bom negócio, dado que lucrariam fornecendo a manutenção das composições. No estagnado estado brasileiro de FHC, a humilhação da cidade mais rica do país receber doações de um país novo-rico foi encarada como normal e inevitável… A CPTM só operava sucata e os espanhóis, com ar-condicionado e outros “luxos”, eram um avanço incrível, mesmo sendo considerados ultrapassados na Espanha.
o 2100 era uma sucata já na espanha. na epoca o gov. mario covas foi até a espanha obter financiamento para a compra de trens para o expresso leste, e voltou na bagagem com esta “doaçao” do 2100 como condicionante no processo. a partir dai se abriu as portas para a industria ferroviaria espanhola em SP.
Não sabia que haviam sido doados, apenas que eram de 2ª mão. Mas apesar disso, como bem disse, eram trens confortáveis e superiores às latas de inox herdadas da FEPASA
O trem padrão do Expresso Linha 10 é o 2100 há bastante tempo, aliás, é o único lugar onde ele pode prestar um bom serviço, pois roda sozinho e não atrapalha o carrossel da Linha 10. O 3000, pelo seu desenpenho, roda no carrossel principal, mas apenas em caso de não haver 7000 e 7500 suficientes.
Os trens foram doados mas o governo de São Paulo pagou pela reforma , que foi feita na Espanha.
As pessoas esquecem que somos um país pobre e que esta doação ajudou muito a população de SP, embora os trens estivessem em situação bem ruim na época , com graves problemas estruturais que exigiram a colocação de reforços para os trens não dobrar no meio..
Quem está lendo aqui e trabalhou na CPTM na época sabe do que estou falando…
Mas com tudo isso, eram melhores que os trens em uso na época
Só deveria ser permitido o leilão caso já tivessem sido adquiridos e entregues trens em quantidade suficiente para substituir os supostamente inservíveis. A CPTM está encolhendo sua frota sem garantia de novas aquisições e isso vai se refletir em problemas no futuro a curto e médio prazo.
Em um momento onde faltam recursos para a aquisição de trens novos, esses trens poderiam ser reformados a um custo de até 1/3 de um trem novo e circularem por mais 20 anos. Hoje a frota da CPTM é menor que a existente em 1996.