A paralisação das obras no Complexo Rapadura, na região do Jardim Textil, Zona Leste de São Paulo, em agosto do ano passado, por conta do protesto de moradores a respeito da derrubada de árvores de uma praça parece longe de uma solução, mas já afeta o cronograma de construção da Linha 2-Verde do Metrô, que tem previsão de entrega até 2026.
De acordo com um documento enviado pela companhia ao Tribunal de Justiça de São Paulo em abril, o início das escavações do “tatuzão”, equipamento responsável por abrir cerca de 8 km de túneis da extensão até Penha, deverá ocorrer em 08 de janeiro de 2022.
Para isso, é preciso que a vala onde a tuneladora será montada seja escavada e concretada a fim de criar uma espécie de “berço” para o equipamento. No entanto, o atraso de oito meses provocado pela paralisação do canteiro, já impossibilita que esse cronograma seja cumprido.
Com apenas oito meses pela frente, seria praticamente impossível preparar o canteiro, iniciar as escavações e a preparação para que o equipamento, em fabricação na Alemanha, possa ser montado a tempo. Como o processo segue indefinido na Justiça, é seguro afirmar que a obra como um toda será afetada em sua meta de entrega a partir de 2025.
O cronograma apresentado pelo Metrô ao relator do pedido de Agravo de Instrumento, o desembargador Miguel Petroni Neto, prevê que o “tatuzão” chegue à primeira estação, Vila Formosa, dentro de um ano. Este canteiro, inclusive, começou a ser escavado nos últimos dias, com objetivo de preparar a passagem do equipamento.
A primeira fase de construção dos túneis deverá se encerrar em maio de 2023, após a passagem por quatro estações. Depois disso, o shield será levado até o VSE Padre João, perto da estação Penha, onde voltará a ser montado e seguirá até o Complexo Rapadura novamente, onde encerrará as escavações em julho de 2024.
Segundo a companhia, “o atraso na execução das obras nesse local, impacta diretamente todas as obras das demais estações e de toda Linha 2”. A petição do Metrô diz ainda que a paralisação tem causado um prejuízo mensal de R$ 5,3 milhões ao erário público, além de perda de arrecadação de R$ 18,4 milhões em futuras receitas tarifárias e não-tarifárias.
Após ter as obras suspensas por conta de um processo movido pelo Ministério Público estadual, o Metrô apelou para a 2ª instância a fim de liberar os trabalhos enquanto não há um julgamento na 1ª instância. Nesse processo, a companhia cita um balanço social de R$ 950 milhões em valores anuais de benefícios sociais trazidos pela extensão da Linha 2 e que estão sendo perdidos enquanto o caso não é resolvido.
De derrubada de árvores para sítio arqueológico
O caso da praça Mauro Broco teve como motivação a derrubada de mais de 300 árvores determinada pelo Metrô a fim de utilizar a área para servir de entrada e saída da tuneladora e no futuro um estacionamento subterrâneo para trens.
A Cetesb, companhia ambiental do estado, havia dado autorização para a supressão das árvores, mas moradores alegaram que o local possuía vegetação nativa além de fauna bastante diversa. Após tentativas de conciliação, o MP entrou com pedido de suspensão das obras, no que foi atendido pelo juiz Jose Eduardo Cordeiro Rocha, que solicitou a preservação da área, onde se constatou existirem vestígios arqueológicos.
Após o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ligado à União) confirmar a existência de sítios arqueológicos em parte da área, o MP e o juiz de 1ª instância entenderam que o caso deveria ser remetido para a Justiça Federal.
No entanto, o Metrô conseguiu que o caso permanecesse na Justiça de São Paulo graças ao agravo de instrumento, porém, não foi atendido quanto à liberação das obras mesmo após o próprio IPHAN estipular que apenas dois pontos no terreno deverão ser preservados, autorizando a ocupação das demais áreas.
O órgão federal justificou a autorização afirmando que “o estudo geológico apresentado pelo empreendedor ao IPHAN, e o comprometimento dele com o monitoramento diário das movimentações dos estratos geológicos, por meio de tecnologia de precisão em engenharia, possa minimizar os efeitos negativos sobre o Sítio Complexo Rapadura”.
Uma imagem anexada ao processo mostra as duas áreas onde existem os achados arqueológicos (triângulos) e que estão fora do escopo da obra, assim como boa parte das árvores antes ameaçadas (pontos em verde).
A Cetesb, por sua vez, negou que houve irregularidade na análise técnica da área, observando que o IPHAN nunca pediu a paralisação das obras “desde que se mantivesse a vegetação na área do ‘círculo envoltório’ referente ao sítio arqueológico”, explicou a companhia em sua defesa.
A agência ambiental, no entanto, acusou o MP de criar “argumentações preciosistas e sem nenhum efeito prático, tudo na tentativa de desconstruir a atuação estatal”. A Cetesb afirma ainda que o Ministério Público “pretende apenas dar azo ao repúdio popular contra as obras pretendidas na área”.
“Proximidade assustadora das obras”
O Ministério Público de São Paulo considerou tanto a autorização ambiental da Cetesb quanto o parecer do IPHAN sem fundamentos idôneos. O órgão diz que a realização das obras no local, “além de implicarem em risco o patrimônio arqueológico, já fartamente comprovado, o colocarão em uma posição secundária no contexto humano e social”.
O MP diz ainda que a anuência dos órgãos de preservação “não condiz com a realidade das supressões previstas e da influência direta na ADA pela proximidade assustadora das obras”.
O posicionamento do MP segue em linha com o clamor dos moradores que se levantaram contra obra e que exigem que o canteiro seja transferido para outro local e que o espaço seja preservado.
É isso ai, ditadura e deixar a região mais arida ainda, com arvores que levam anos, senão decadas para atingir a fase adulta, não SERVE!
qUE DESAPROPRIE AREAS DAS FABRICAS!!
Ditadura seria obrigar milhões de pessoas a ficar sem metrô por conta do desejo de 20 moradores do Jardim Textil que são contra a obra do metrô sem nenhum motivo justo (dado que a obra não vai afetar o local de forma significativa).
Sabia que quase 100% da Grande SP era composta de mata atlântica? Alguem derrubou um monte de árvores centenárias pra fazer o lugar que vc mora, inclusive daqueles moradores que são contra a obra. É a vida né.
Infelizmente essa extensão só sai no final dessa década, sendo otimista…
Já não bastava a corrupção e ineficiência do poder público, agora estamos sujeitos a ideologia ambientalista que coloca a natureza acima do ser humano. Uma obra como esta que poderá beneficiar milhões de pessoas sendo prejudicada pela ditadura ambientalista.
Quero deixar bem claro que não sou a favor da destruição do meio ambiente, porém sou totalmente contra a esse fanatismo ecológico. Nenhum país se desenvolve sem explorar seus recursos naturais, graças a esses recursos que a sociedade desfruta de tecnologias que nos trazem qualidade de vida.
Para os ambientalistas de plantão, uma linha de metrô tira milhares de carros das ruas, aliviando o problema da poluição do ar nas cidades, reduz o número de congestionamentos e acidentes de trânsito.
Por essa exagerada preocupação com derrubada de árvores, muitos bairros de São Paulo ficam sem energia com a queda de árvores (não remanejadas) sobre a rede elétrica, isso quando elas não caiem sobre carros e calçadas matando motoristas e pedestres.
Pelo visto teremos mais um atraso considerável até a Penha. Considerando o atual cenário dentro do cronograma previsto serão 4 estações entregues até 2025 chegando a Vila Formosa.
A associação dos bairros também poderia ceder um pouco para avançar neste quesito, só vem atrapalhando e prejudicando o coletivo a população em geral.