A ViaMobilidade, concessionária das linhas 8 e 9 de trens metropolitanos, efetivou neste sábado, 26, a devolução do último trem da Série 7000, cedido em caráter de empréstimo, para a CPTM.
A concessionária recebeu no começo da concessão 34 composições da CPTM. Foram 7 trens da Série 8500, 8 trens da Série 7500 e 19 trens da Série 7000.
A devolução dos trens se iniciou efetivamente no final de janeiro de 2024 com o retorno da primeira unidade da Série 8500. Em julho do mesmo ano os trens da Série 7500 passaram a ser entregues para a CPTM. A Série 7000 começou a ser devolvida a partir de dezembro de 2024.
Os trens das séries 7000 e 7500 passaram pela Revisão F, de complexidade elevada. Todas as composições tiveram inspeções por parte de um auditor independente antes de retornarem para a empresa estatal.

O atraso
Segundo o contrato de concessão, a devolução de todos os trens deveria ter sido finalizada em 30 de abril de 2024. Praticamente um ano depois, no final de abril de 2025, a concessionária cumpriu o determinado em contrato.
O que foi estipulado para ocorrer em 34 meses acabou ocorrendo em 46 meses. O atraso na devolução dos trens gerou, por parte da CPTM, problemas de planejamento relacionados à obsolescência de parte considerável de sua frota de trens.

Um dos principais entraves para o atraso de um ano na devolução foi a igualmente atrasada compra de trens da Alstom. A entrega do último trem, que deveria ocorrer em dezembro de 2023, só aconteceu de fato em dezembro de 2024.
O resultado prático foi um efeito dominó de grandes proporções. A ViaMobilidade se via impossibilitada de devolver os trens tendo em vista que a falta dos unidades da Alstom poderia gerar um grande desfalque operacional.

Trem remanescente
Ainda existe uma composição remanescente da CPTM no Pátio Presidente Altino. Trata-se do trem H556 que foi cedido em convênio no começo da concessão. O trem foi utilizado e, por motivos desconhecidos, passou meses sendo canibalizado, ou seja, teve suas peças removidas para servir de estoque para outros trens.
Segundo apuração do site, esta composição está em fase de remontagem pelas equipes da ViaMobilidade. Não existe, porém, prazo para que o trem efetivamente retorne para a empresa pública.

Consequências
As consequências para a concessionária foram, literalmente, avassaladoras em termos de negócios. O efeito dominó gerou uma série de penalidades que, somadas, chegam ao valor de R$ 846 milhões. O montante deverá ser atualizado levando em consideração a devolução do último trem, indicando que ele será ainda maior.
O governo de São Paulo pretende realizar a compensação das penalidades através de investimentos que neutralizem as multas. Em suma, a ViaMobilidade teria que investir o valor de suas infrações em melhorias nas linhas 8 e 9 tais como a implantação do ETCS e a Alça de Ceasa para a interligação da Linha 9-Esmeralda a partir da Imperatriz Leopoldina.

Um prejuízo desta ordem é significativo para a perspectiva de receitas da empresa. Segundo apurou o site, existe até a possibilidade de venda da concessão, apesar de não haver pressa para que tal evento seja consolidado. As mudanças entram no mesmo enquadramento adotado para a Divisão de Aeroportos da Motiva (ex-CCR).