O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta segunda-feira, 5, a retomada das obras da Linha 6-Laranja pela nova concessionária Linha Universidade. A empresa dará início aos trabalhos na terça-feira, 6, data em que o prazo de caducidade, seguidamente postergado, se esgotaria, exigindo que o governo fizesse uma nova licitação.
A previsão de entrega da linha de 15,3 km e 15 estações é de 2025, embora as previsões durante a arbitragem fosse de 2028, afirmou o secretário dos Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, que retornou ao cargo na semana passada. O executivo também revelou que um pequeno trecho entre Brasilândia e a estação Água Branca, poderá ser aberto antes, em 2024, o que permitiria a conexão com as linhas 7 e 8 da CPTM.
A concessionária que construirá e assumirá a Linha 6 adquiriu a parte da Move São Paulo na Parceria Público-Privada estabelecida em 2013. A obra estava parada desde setembro de 2016 por falta de recursos. Na semana passada, a Linha Universidade lançou debêntures de R$ 1 bilhão no mercado para financiar o projeto que deve custar ao todo cerca de R$ 15 bilhões, do qual metade será bancado por ela. A empresa, no entanto, conseguiu outro bilhão de reais em incentivos fiscais.
Ao mesmo tempo em que a nova concessionária assume, a Move São Paulo quitou sua multa com o estado, de R$ 51 milhões e encerrou os processos que movia contra o governo para ser indenizada. A empresa recebeu R$ 210 milhões da Linha Universidade por sua parte na sociedade.
A Linha 6-Laranja deveria ter sido inaugurada até maio de 2020, segundo o cronograma original. Agora, a nova empresa tem a chance de tocar o projeto com rapidez já que todas as áreas necessárias já estão desapropriadas, afirmou Baldy. A escavação dos túneis com dois tatuzões deverão começar num prazo curto já que o equipamento e o poço de onde partirão já estão encaminhados.
“É o maior projeto de infraestrutura que estará em execução no Brasil”, disse o secretário da STM. “Ele contará com 22 trens em operação e irá gerar 9 mil empregos diretos na sua construção e com mil empregos aproximadamente durante a sua operação”, completou. A PPP da Linha 6 previa um contrato de 25 anos, dos quais 19 para operação, mas não se sabe se a mudança de concessionária alterou esse prazo.
O ramal totalmente subterrâneo deveria ter sido construído e operado pelo Metrô de São Paulo, mas o governo Alckmin decidiu transformá-la numa PPP plena, o que atrasou a licitação. O ex-governador a batizou de “linha das universidades”, mas o projeto acabou famoso por conta da manifestação de moradores de Higienópolis contrários a uma estação no bairro. Uma moradora, ao ser entrevistada, soltou a famosa frase em que dizia ser contra o Metrô por conta da “gente diferenciada” que circularia no bairro.
A licitação, lançada no início da década, teve apenas um consórcio com proposta apresentada, mas logo em seguida o projeto passou por problemas legais com as desapropriações. A operação Lava Jato, por sua vez, tornou as sócias da Move, as construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC impossibilitadas de receber empréstimos do BNDES.
Acho esse prazo de 2025 muito otimista, além de nem ser ano eleitoral.