Pouco mais de seis anos após os primeiros imóveis começarem a ser derrubados na região de Santo Amaro, a Linha 5-Lilás passou a contar com mais três estações nesta quarta-feira (06). Em clima eleitoral, com direito a aliados do governador o conclamando a se candidatar a presidente em 2018, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) inaugurou as estações Alto da Boa Vista, Borba Gato e Brooklin, que passam a funcionar em operação assistida entre segunda a sábado, inclusive feriados, das 11h às 15h.
Foram vários anos de obras, problemas e promessas não cumpridas. Prometida para 2014, a expansão da Linha 5, que ainda deverá chegar à Chácara Klabin, ficou parada sete meses em 2011 após o jornal Folha de São Paulo revelar os vencedores dos lotes da obra. Sem uma prova cabal de conluio (quando empresas combinam preços para burlar a licitação), o governo decidiu seguir em frente com a obra em maio de 2011. Dois meses depois já eram vistos imóveis demolidos para dar lugar aos canteiros de obras.
Mas o atraso no cronograma obrigou a gestão Alckmin a postergar os prazos, primeiro para 2015, depois 2016 e agora 2017, com exceção da estação Campo Belo, prevista para 2018. Na cerimônia de inauguração no interior da estação Brooklin, o governador lançou um desafio ao secretário Clodoaldo Pelissioni e ao presidente do Metrô, Paulo Menezes: entregar mais seis estações (Eucaliptos, Moema, AACD-Servidor, Hospital São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin) até o final do ano. São menos de 120 dias, como lembrado pelo próprio Alckmin, prazo muito curto, como já constatou este blog. Nada impedirá que Geraldo Alckmin as inaugure até março quando estará às vésperas de uma possível campanha presidencial (caso seja indicado pelo seu partido).
Poeira e iluminação natural
As três novas estações acrescentam 2,8 km à extensão total do Metrô (incluindo aí a Linha 4, administrada pela ViaQuatro). Agora são 81,1 km de extensão em seis linhas, e 71 estações, de acordo com a companhia. Somados às linhas da CPTM, como defende este blog, a Grande São Paulo chega agora a 338,6 km de trilhos operacionais. É uma rede que transportou em 2016 mais de 1,7 bilhão de passageiros, quase o mesmo que o conhecido Metrô de Nova York (1,757 bilhão) e seus 380 km.
Quando estiverem em operação plena, dentro de dois a três meses, segundo o Metrô, elas movimentarão cerca de 60 mil pessoas diariamente, metade delas em Brooklin. Em comum, as três exibem enormes cúpulas ovais de vidro que permitem a passagem de luz para seus interiores, reduzindo gastos com eletricidade. Brooklin, por exemplo, tem amplas áreas com iluminação natural enquanto as demais possuem pequenas clarabóias.
O acabamento das três também difere: enquanto Brooklin exibe um prédio técnico todo em vidro negro as duas outras tiveram apenas brises aplicados às janelas, um resultado bem ruim e tido como resultado da redução de custos. Os espaços para bicicletas também são diferentes. Se em Brooklin (novamente) existe um bicicletário dentro do prédio técnico, em Borba Gato e Alto da Boa Vista existem apenas paraciclos na parte externa da estação.
Em comum, são estações com grande área construída e vários pisos, necessários em parte pela profundidade por onde foram escavados os túneis. Terminadas parcialmente, Borba Gato e Alto da Boa Vista estrearam em meio à poeira que se espalhava na plataforma enquanto o trem saía da estação. Algo que deve persistir nas primeiras semanas de operação.
Trem cheio
Nesse primeiro dia de operação assistida, o movimento foi grande de curiosos que aguardaram por muitos anos a abertura dessas estações. Nessa primeira fase, apenas um trem faz o percurso por uma via, indo e voltando até Adolfo Pinheiro, onde os passageiros que quiserem seguir viagem precisarão pagar o bilhete de R$ 3,80. A região, com ocupação bastante diversificada (escolas, empresas, um fórum, comércio e residências e prédios) vive com o trânsito carregado mesmo tendo dois corredores de ônibus. Espera-se que a partir do momento em que operar em período integral entre Capão Redondo e Brooklin, a Linha 5 retire parte desse movimento das ruas.
Já o objetivo final, chegar até Chácara Klabin e Santa Cruz, o que conectará finalmente a Linha 5 ao restante da rede do Metrô, é algo que só deverá ocorrer em meados de 2018, apesar da promessa do governador. Mesmo que abra novos trechos nos próximos meses, eles ficarão em operação assistida por um bom tempo até que a linha seja concedida à iniciativa privada e que a operação esteja segura o suficiente para absorver os mais de 800 mil passageiros que diariamente a usarão quando estiver completa.