Nesta terça-feira (04) o secretário de Parcerias em Investimentos, Rafael Benini, acompanhado de comitiva formada por jornalistas, funcionários da CPTM e demais autoridades, realizou uma viagem entre São Paulo e Campinas para avaliar o trecho onde será implantado o Trem Intercidades.
O site teve a oportunidade de participar desta viagem que contou com uma entrevista exclusiva com o secretário, em que foram reveladas novas informações sobre a mudança do formato de licitação e também sobre projetos futuros.
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A mudança da licitação
Os critérios de julgamento da licitação do TIC mudaram. Anteriormente o governo financiaria 80% das obras, sendo que o critério de seleção seria o maior desconto sobre a oferta pública.
Atualmente, o critério de seleção passou a ser o desconto da chamada Contraprestação Pecuniária e o desconto do financiamento público das obras. Questionamos o secretário se haveria mudanças quanto a adesão dos concorrentes ao certame.
“Eu acho que não. Por que que a gente mudou essa questão do aporte para a contaprestação? É uma decisão de mais de espaço fiscal do Estado. Então, hoje eu não tenho esse espaço para pegar esse financiamento que estava sendo previsto no outro projeto, e eu também não tinha gente querendo me emprestar. Então, o que a gente achou do espaço fiscal: R$ 6 bi. Então a capacidade do estado financiar hoje é R$ 14 bi.”
Sobre o financiamento, Benini comentou que haverá fontes de origem nacional e internacional
“Então, a gente está correndo com o Banco do Brasil, sempre foi uma parceira do Governo do Estado de São Paulo. A gente está querendo fechar um financiamento até o final ano com eles que vai dar aí entre 40 e 50% desse valor.
O restante aí, eu já fechei com o Banco do Brasil, não tem outro mercado dentro do Brasil. Então, a gente até já mandou uma carta para o Cofiex, que aprova empréstimo externo.
E daí é interessante, porque tem um monte de gente querendo entrar nesse pool desse sindicato de bancos.Sim, a gente quer fazer via BID, porque o BID é o parceiro que ajudou a estudar o projeto. Então ele vai ser o líder desse sindicato, mas tem a Agência Francesa de Desenvolvimento, tem os espanhóis também querendo participar. Então o BID vai centralizar isso pra dar os outros R$ 3,5 bi de financiamento.”
O prazo de entrega do TIC
O prazo de entrega do TIC está estimado para o ano de 2031 caso o contrato seja assinado em 2024, ou seja, são 7 anos de obras. Questionamos o secretário Benini sobre essse tempo de implantação:
“E assim, o tempo de obra, é sete anos pro TIC começar a funcionar, acho que que é factível, até daria para antecipar um pouco.”
Previsão de demanda e competição com o ônibus
A previsão de demanda para o TIC é de 60 mil passageiros por dia num cenário de maior maturidade do projeto. Questionamos o secretário Benini quanto a esta questão e a competição com o modo rodoviário:
“Então, acho que uma outra ideia muito boa que tiveram: a Linha 7 e o TIM eu pago por disponibilidade [do serviço]. E o TIC, qual a concorrência do TIC? É o fretado, não é a linha normal [de ônibus].”
“A gente dá liberdade pro privado, e tem algumas coisas, a tarifa máxima é R$ 64, mas para o privado competir com o fretado tem que reduzir essa tarifa.”
Diminuir o valor da tarifa será um diferencial na atração de demanda. Outros fatores como driblar os impactos relativos ao trânsito nas grandes rodovias podem pesar favoravelmente na escolha do TIC como meio preferencial de deslocamento entre as cidades.
Benini ainda complementa sobre a importância do TIC:
“Uma coisa que a gente não capta é que é um projeto disruptivo. Existe também o impacto que isso vai ter na demanda, da ‘interiorização’ da população”.
Investimentos futuros
Abordamos também com o secretário a questão relativa à chegada do trem até a cidade de Americana, como está disposto no edital do TIC.
Diante disso, o secretário Benini traçou um futuro bastante promissor para o projeto dos Trens Intercidades:
“É a mesma coisa do investimento contingente da Linha 8 e 9. A minha ideia é levar o TIC para Araraquara, de Campinas para Araraquara direto.”
“A gente quer fazer nesse mandato ainda mais um TIC. O caminho natual é Sorocaba, mas a equipe técnica vê São José dos Campos como mais fácil de implantar.”
O grande desafio que o TIC Sorocaba representa é a geometria de via muito desfavorável. As vias deverão ser completamente reformuladas para se permitir viagens em velocidades mais elevadas entre as duas regiões metropolitanas.
Quanto a ordem dos projetos, o secretário Benini revela inclusive a intenção de criar um quinto eixo de TIC após os quatro projetos principais:
“A gente vai fazer Sorocaba ou São José dos Campos, e o outro (TIC) a gente vai deixar pronto no começo do próximo governo. O próximo que a gente quer fazer é Sorocaba-Campinas, passando por Viracopos. Eu penso ser possível fazer Sorocaba indo até a Mogiana,” explicou.
Confira a entrevista na íintegra:
Menos secretário, menos
Faz uma linha de cada vez, pé no chão…
Ambicioso querer trem até Araraquara, mas não custa sonhar…
Nossa,como a burrocracia atrapalha tudo,é só usar a própria CPTM junto com a rumo Mrs p implantação dos trens de passageiros,enquanto não fz as licitações privadas a CPTM vai lucrando com serviços, continuar Jundiaí a campinas,tá fácil é recuperar todo trecho.
Como CPTM vai lucrar com o serviço se ela nem será a responsável por operar?
É muito ambicioso um trem até Araraquara. Não deixa de ser importante chegar até lá, mas a Região Administrativa Central tem maior demanda que a de Campinas?. Uso exemplo de Americana que seria deixada de fora do TIC para levar direto para Araraquara.
Americana tem uma rede de transportes metropolitano que conecta as seguintes cidades: Santa Bárbara d’ Oeste, Nova Odessa, Sumaré. Fora a conectividade rodoviária entre Americana, Limeira e Piracicaba. Todas essas cidades juntas somam mais de 2 milhões de habitantes, sua demanda seria menor que a Região Central?
Fora os problemas de infraestrutura, pois para chegar em Araraquara o trem passa pela Cuesta onde possivelmente sua velocidade seria afetada por conta do relevo. Também tem que contar o maior investimento para a remodelação dos entornos da malha, visto que as cidades que cresceram a partir da ferrovia assim passando pornum processo de estrangulamento da mesma.
Qual a justificativa para deixar de levar o TIC até Americana?
Levar até a região Administrativa Central, onde situa-se Araraquara, tem maior demandar?
É compreensível o desejo de levar para outras regiões, mas primeiro deveria manter os pés na realidade, e trabalhar na Macro metrópole.
Para chegar em Araraquara, o trem precisaria subir a Cuesta, ou seja, provavelmente a velocidade do trem precisaria ser reduzida no trecho. Seria necessário mais investimentos em desapropriações e remodelações de via, pois, as cidades cortadas pela linha férrea, cresceram estrangulando a linha.
Americana está a cerca de 40km de Campinas e possui grande importância na região, principalmente pela sua infraestrutura rodoviária.
As pessoas das cidades próximas que não são mais cortadas pela ferrovia se beneficiariam do TIC, como por exemplo Piracicaba, Santa Barbara d’ Oeste, e até mesmo as cidades limítrofes ou ligadas no sistemas metropolitano de transporte, como Nova Odessa e Sumaré e até mesmo Limeira. Podendo somar mais de 2 milhões de pessoas beneficiadas.