Em reviravolta, espanhola Acciona teria se tornado favorita a ficar com a Linha 6-Laranja

Segundo jornal Valor, espanhois assumiram as negociações com a Move São Paulo após dificuldades com grupo chinês CR20
Linha 6-Laranja: mais uma postergação (Divulgação)

A poucos dias de ver decretada oficialmente a caducidade do contrato de construção e operação da Linha 6-Laranja de metrô, o consórcio Move São Paulo corre contra o tempo para apresentar um comprador para a concessão. Segundo o jornal Valor Econômico, agora a espanhola Acciona seria a favorita a fechar negócio pelo ramal de 15,3 km de extensão.

A Acciona foi uma das empresas que se interessaram em assumir o projeto, parado desde 2016 por falta de recursos financeiros nas sócias Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, afetadas pela operação Lava Jato. Mas os espanhois ficaram em segundo plano após a CR20 tomar a dianteira e ter negociado por semanas os termos da venda da concessão. No entanto, segundo o jornal, mais uma vez os chineses teriam endurecido a negociação, assim como ocorreu com outra empresa do país no ano passado.

Com a dificuldade e o prazo se esgotando – em tese a caducidade será decretada na próxima segunda-feira, 11 de novembro – a Move teria reaberto as conversas com a Acciona, mas sem deixar de continuar tentando aparar as arestas com a CR20. Agora, a concessionária busca apresentar um acordo preliminar com o governo do estado a fim de evitar a caducidade.

Fontes do Valor também estimaram o preço pela concessão: cerca de R$ 200 milhões. Apesar disso, as construtoras deverão seguir ligadas ao projeto já que a responsabilidade pela sua construção é do Consórcio Metropolitano Linha 6, que inclui a subsidiária da UTC, a Constran.

Carreira recente

Fundada em 1997, a Acciona é um conglomerado surgido da união das empresas Entrecanales y Tavora e Cubiertas y MZOV e logo em seguida chegou ao Brasil. A construtora já ergueu estações do Metrô de São Paulo e Fortaleza e esteve à frente de projetos conhecidos como a criação da Sala São Paulo no prédio da estação Júlio Prestes. A empresa era responsável pelos lotes 4 e 6 do Rodoanel Norte, obra que está paralisada há vários meses por conta de irregularidades e atrasos. Embora negue ter sido atingida pelas suspeitas, a Acciona teve o contrato rescindido de forma unilateral pela Dersa.

Uma das tuneladoras da Linha 6-Laranja que hoje está desmontada no Brasil em um canteiro de obras

Já a situação da Linha 6-Laranja permanece em uma incômodo impasse. Surgida como a primeira parceira público-privada plena na área de transporte sobre trilhos, a linha deveria estar pronta no ano que vem, segundo cronograma divulgado na época do início das obras, em 2014. Mas pouco mais de dois anos depois, a Move São Paulo suspendeu os trabalhos por não ter obtido um empréstimo do BNDES com juros subsidiados.

Desde então, o governo tenta encontrar uma forma de retomar o projeto. A gestão Alckmin deu um longo tempo para que a Move encontrasse uma solução, incluindo a venda da concessão, mas no início de 2018 acabou anunciando o início das tratativas para a caducidade do contrato, ou seja, a perda de seu valor por abandono de uma das partes.

Seu sucessor, João Doria, no entanto, preferiu buscar uma saída negociada com a venda da concessão para evitar a judicialização da questão. Meses atrás, surgiram os primeiros grupos interessados, a CR20, braço da gigante chinesa CRCC, a Acciona e a desconhecida KT2, empresa sediada num paraíso fiscal dos EUA. Mesmo assim, a Move São Paulo não tem conseguido aceitar as condições oferecidas pelos interessados, mesmo sob risco de perder o contrato.

Resta saber se o governo do estado voltará a prorrogar a vigência da caducidade, como fez em agosto às vésperas da data prevista para valer.

Total
0
Shares
Antes de comentar, leia os termos de uso dos comentários, por favor
2 comments

Comments are closed.

Previous Post

Novas estações da Linha 15-Prata do Metrô podem ser inauguradas até o fim de novembro

Next Post

Dois novos trens da Série 2500 desembarcam no Brasil neste sábado

Related Posts