O termômetro da situação das grandes construtoras do país, quase todas envoltas com a operação Lava Jato, pode ser percebido em três licitações realizadas pelo Metrô na semana passada. Os três lotes licitados envolvem a fase de conclusão de trechos da Linha 5-Lilás, obras cujo valor conjunto pode chegar a quase 400 milhões de reais, e não tiveram a participação dessas empreiteiras.
Os lotes em questão estão hoje nas mãos de parte delas – a estação Campo Belo, por exemplo, é construída pela Mendes Junior. Em vez disso, empresas menores deram lance para concluir o pátio Guido Caloi e as estações AACD-Servidor e Hospital São Paulo, além da já citada Campo Belo.
No lote que engloba as estações AACD, Hospital São Paulo e o estacionamento de trens do Parque das Bicicletas o menor lance foi feito pela empresa Construcap por um valor de R$ 101 milhões . Já na estação Campo Belo, a menor proposta veio do consórcio Ferreira Guedes – Paulitec: R$ 82,3 milhões.
No caso do pátio Guido Caloi, onde serão feitas as principais atividades de manutenção dos trens, o consórcio Hersa-MPD ofereceu R$ 159 milhões pelo serviço.
Dificuldades de crédito
A ausência de nomes como Odebrecht, Camargo Correa, Andrade Gutierrez e OAS pode ter a ver com o porte das licitações, que são menores do que essas empresas estão acostumadas a se interessar, mas também é um sinal que a falta de crédito na praça devido ao fato de serem investigadas na Lava Jato tenha impedido que elas pudessem participar.
Entre as empresas que participaram dos certames, há nomes com experiência em obras públicas e mesmo do Metrô, há de se reconhecer. A homologação dessas licitações ainda será realizada quando serão apontados os vencedores de fato.
Se o fato é uma tendência ou um caso isolado poderemos ter certeza nesta quarta-feira, quando o Metrô fará a abertura dos envelopes com as propostas para as obras de conclusão da Linha 4-Amarela, marcada para esta manhã.