Entenda como os trens da Linha 15-Prata circularão “sem operadores”

Companhia deverá executar seu plano em duas fases com acompanhamento constante dos resultados. Trens serão monitorados remotamente por meio do centro de controle operacional
Trens da Linha 15-Prata deverão circular sem operadores (Jean Carlos)
Trens da Linha 15-Prata deverão circular sem operadores (Jean Carlos)

Como revelado pelo site, o Metrô de São Paulo pretende colocar em prática a partir de agosto o plano para a “operação desassistida” de trens na Linha 15-Prata, ou seja, sem a necessidade de operadores a bordo das composições.

Nesta terça-feira, 16, a companhia realizou uma apresentação à imprensa no Centro de Controle Operacional (CCO) da Linha 15-Prata no Pátio Oratório para compreender melhor as futuras mudanças.

Estiveram presentes na reunião o Gerente de Operações, Milton Junior, o chefe de departamento de Operação Centralizada e Tráfego, Marcio Stevani, e assessor técnico e especialista, Carlos Timóteo.

Linha projetada para UTO

O primeiro tópico a ser esclarecido é o sistema de sinalização em operação na Linha 15-Prata. Atualmente as composições do monotrilho são comandadas pelo sistema CBTC da Bombardier (atual Alstom).

O modelo de sistema previa, desde sua concepção, a operação totalmente desassistida, ou seja, sem a presença de um condutor na “cabine”. Na maioria das viagens o operador apenas realiza a supervisão e atuações pontuais quando necessário.

A proposta do Metrô é de elevar o nível de automação. O padrão GoA3, empregado atualmente na Linha 15-Prata, insere o componente humano como agente supervisor em campo. A proposta é eliminar o agente supervisor em campo e tornar o processo 100% remoto, o chamado GoA4.

Consoles de sinalização e monitoramento dos trens e sistemas no CCO da Linha 15-Prata (Jean Carlos)
Consoles de sinalização e monitoramento dos trens e sistemas no CCO da Linha 15-Prata (Jean Carlos)

Operação faseada

A remoção dos operadores de trem não deverá ocorrer de forma total e imediata. O Metrô estuda o processo de retirada dos operadores em duas fases distintas. Como já dito, a primeira etapa deverá ter início em agosto.

Durante a primeira fase, os operadores de trem continuam embarcados, mas sem realizar atuações. Foi escolhido especialmente o domingo para se aplicar a nova estratégia, por ser um dia com menor movimentação de pessoas.

Após as primeiras experiências, o Metrô irá avaliar diversos aspectos da operação, dentre eles a reação dos passageiros, indicadores de desempenho e qualidade. A ampliação deverá ser gradual.

Na segunda fase os operadores já devem sair de dentro dos trens. A companhia estima que o quadro de operadores deve ser reduzido de 100 para 70 funcionários.

Os 30 operadores que deixarão de atuar na Linha 15-Prata deverão ser realocados para outras linhas. Foi ressaltado que não haverá demissões de qualquer funcionário realocado.

Os 70 operadores remanescentes deverão cumprir papel semelhante ao de “operador circulante”, estando estrategicamente posicionados para atuações de maior nível de complexidade, conforme instruções do CCO.

Os trens deverão ter monitoramento constante através do CCO (Jean Carlos)
Os trens deverão ter monitoramento constante através do CCO (Jean Carlos)

Monitoramento constante

O processo de saída dos operadores de trens não significa necessariamente a não supervisão das composições. Ao contrário de teorias conspiratórias, a operação automatizada dos trens é algo trivial no modal ferroviário.

Para isso o Metrô de São Paulo possui uma série de ferramentas especiais que permitem a visualização do status de cada um dos trens em suas diversas disciplinas. Além do tradicional sistema de sinalização, que permite a visualização da localização dos trens, é possível também monitorar o estado dos sistemas embarcados no monotrilho.

Nesse sentido foi criado um posto no Centro de Controle Operacional que permitirá a visualização de todos os parâmetros do trem, bem como das 28 câmeras de seguranças dentro de cada composição.

Em caso de alguma falha no trem, o CCO tem a capacidade de visualizar qual a natureza do problema, sua abrangência e intensidade. Dependendo do tipo de situação, o agente especializado terá condições de atuar remotamente para solucionar a questão.

Em linhas gerais, por mais que o sistema UTO (sem operadores no trem) seja desassistido fisicamente, ele é completamente monitorado virtualmente garantindo a segurança da operação.

Todas as câmeras dos trens são monitoradas em tempo real pelo CCO (Jean Carlos)
Todas as câmeras dos trens são monitoradas em tempo real pelo CCO (Jean Carlos)

Resolução de pendências

O site abordou alguns pontos que são referentes às pendências técnicas do monotrilho, sobretudo relacionados ao sistema de sinalização e telecomunicações.

Uma das questões levantadas era sobre a segurança e a cobertura da rede do CBTC, cujas informações são transmitidas via rádio. O Metrô confirmou que o sistema possui uma série de redundâncias que permitem a operação de forma segura, mesmo que algum tipo de equipamento apresente problemas.

Em termos de comunicação, o Metrô chegou a analisar junto à Alstom pendências existentes no sistema de radiocomunicação como zonas de sombra, o que dificultava a comunicação entre funcionários e o CCO. Tais pendências já foram resolvidas, segundo a companhia.

Por fim, uma outra questão pendente era a utilização dos intercomunicadores de emergência. Segundo relatos obtidos pelo site, o sistema apresenta falhas para que o passageiro se comunique direto com o CCO.

O Metrô ressaltou que a questão dos intercomunicadores é relativa às configurações do trem. A proposta é de que ao longo do processo de retirada dos operadores esta questão possa ser plenamente resolvida.

Todos os trens e sistemas são monitorados remotamente (Jean Carlos)
Todos os trens e sistemas são monitorados remotamente (Jean Carlos)Todos os trens e sistemas são monitorados remotamente (Jean Carlos)

Conclusão

O plano de retirada dos operadores de trem até pode soar como alarmante e potencialmente perigoso à primeira vista. Entretanto, o Metrô tem encarado a situação com bastante cautela preservando a segurança operacional da Linha 15-Prata e dos passageiros.

Os aspectos da operação faseada, do monitoramento constante, amadurecimento dos sistemas e de seu funcionamento permitem hoje que o Metrô possa adotar uma operação menos dependente do fator humano.

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A virtualização dos sistemas, além do aumento da capacidade computacional e de telecomunicações, permitem operações totalmente desassistidas em campo como ocorre com a Linha 4-Amarela e futuramente com a Linha 6-Laranja, casos práticos onde a medida é e será adotada.

Vale lembrar que o próprio Metrô planeja a operação de nível GoA4 nos 44 novos trens da Frota R, que serão encomendados neste ano.

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5 comments
  1. Por que esse circo todo? A L15 já operava sem condutor… o funcionário ficava presente por pura pressão do sindicato, inclusive por diversas vezes era possível ver o funcionário sentado, mexendo no celular enquanto o trem seguia sua rota. Vale lembrar também que havia funcionário presente com a desculpa que ele poderia agir em caso de falhas mas o último grande acidente onde duas composições se chocaram o tal funcionário que deveria intervir estava de costas para a via e também mexendo no celular….

    1. Vc não leu a matéria não é msm? Como sr. Jean escreveu a linha atualmente opera com o CBCT GoA3, q não é totalmente automatizado e necessita dos operadores, não tem nada haver com “pressão sindical”

      1. Mickey, a Linha 15-Prata opera de forma automática. O pessoal do Metrô afirmou ontem que os trens circulam sem interferência dos operadores, que estão lá apenas em caso de alguma necessidade. Veja a definição do padrão GoA3:

        GOA 3: Operação de trem sem maquinista – O operador está a bordo do trem para apoiar operações de recuperação e atendimento aos passageiros conforme necessário.

  2. Estranho é a linha 15 (que foi projetada para ser driverless desde sua implantação, a exemplo da linha 4), é ainda ter operadores …

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