A expansão da Linha 2-Verde do Metrô em direção ao município de Guarulhos é aguardada desde 2014 quando o governo do estado assinou os contratos de construção do novo trecho. Com quase 14 km de extensão, a obra no entanto foi dividida em duas fases pela atual gestão, que levará o ramal até a estação Penha primeiro e depois até a futura estação Dutra, já deixando os limites da capital paulista.
Mas o que os usuários da linha talvez não saibam é que mesmo essa primeira fase, com oito estações, também deverá ser inaugurada em dois momentos diferentes. A informação, embora já tenha sido ventilada nos últimos anos, foi confirmada ao site pelo Metrô após resposta via Solicitação de Informação ao Cidadão (SIC).
Segundo o planejamento da companhia, será dada prioridade para o trecho que compreende as estações Orfanato, Água Rasa, Anália Franco e Vila Formosa. A razão é que a tuneladora de 10,35 m de diâmetro que será usada nas escavações fará seu trabalho primeiro a partir do poço Rapadura (próximo à estação Guilherme Giorgi) em direção à Vila Prudente. Quando concluir essa etapa, o equipamento será desmontado e levado para outro poço, ao lado da estação Penha, de onde escavará em direção ao futuro estacionamento Rapadura, concluindo a construção dos túneis.
Serão quase 5 km na primeira escavação, parte dela realizada por outro método, o NATM, que envolve um trabalho mais delicado e demorado para conectar o novo trecho ao túnel após a estação Vila Prudente. Segundo o Metrô, o tempo total de trabalho do “tatuzão” é estimado em mil dias, ou seja, cerca de dois anos e nove meses. Esse lote é de responsabilidade do consórcio Linha 02 Verde – Vila Prudente – Dutra, formado pelas empresas Galvão Engenharia, S.A Paulista de Construções e Comércio e Sacyr Construcción do Brasil.
Como o trecho Penha-Rapadura só será iniciado após a conclusão da primeira escavação, haverá uma diferença significativa entre as duas fases. Ao levar a Linha 2 até Vila Formosa, o Metrô deve atrair cerca de 90 mil passageiros a mais por dia no ramal e precisará de um incremento de trens de pelo menos 10 unidades.
Nessa fase também será construída a base para a futura plataforma da Linha 16-Violeta, que cruzará com a Linha 2-Verde na estação Anália Franco. Será uma situação semelhante ao que ocorreu na estação Chácara Klabin, que previu a chegada da Linha 5-Lilás durante sua construção.
As quatro estações da segunda fase, Guilherme Giorgi, Nova Manchester, Aricanduva e sobretudo Penha deverão atrair um número imenso de passageiros para a Linha 2, que passará a receber um fluxo diário de quase 380 mil pessoas graças à conexão com as linhas 3-Vermelha e 11-Coral. Quando atingir esse estágio, o ramal passará a contar com 22 novos trens no total. Vale lembrar que essa encomenda terá algumas características interessantes como passagem livre entre os vagões, algo que não existe ainda nas linhas 1, 2 e 3. Com bitola de 1,6 metro e alimentação elétrica por terceiro trilho, essas composições deverão manter o posto de operador a despeito do ramal já operar com sistema CBTC, que em seu nível máximo de automação permite o chamado UTO (trens sem cabine de comando).
Até antes da crise do coronavírus, o governo do estado previa inaugurar o novo trecho em 2025. As construtoras contratadas, inclusive, já estão iniciando a ocupação dos canteiros, porém, a quarentena causada pela pandemia pode atrapalhar esse planejamento.
Ignorando aspectos monetários, creio que neste projeto o Metrô também erra no planejamento da execução. Se a linha fosse até Tiquarita iria contribuir muito mais para a distribuição do fluxo de passageiros por todo o sistema.
Da mesma forma eu vejo como um erro também manter o projeto da linha 19 – Celeste somente até o Anhangabaú. Deveriam estender até a Linha 2 – Verde, Brigadeiro, pois com certeza iria distribuir muito bem o fluxo vindo da Zona Leste e Guarulhos.
Com o projeto do jeito que está, a Linha 2 – Verde vai ficar saturada e a o pessoal vai novamente ser direcionado para o Centro de SP, deixando ainda mais congestionadas as estações na região. Os projetos, assim, vão aumentar o fluxo, mas não permitir uma distribuição muito adequada como pretendido, sendo que veremos questões como ocorriam principalmente na interligação da Consolação com a Paulista por alguns anos, o que só diminuiu com a entrega do trecho completo da Linha 5 – Lilás.