Vencida por empresas com situação financeira precária, a licitação de expansão da Linha 2-Verde do Metrô em direção à Penha e posteriormente Guarulhos parecia um certame morto. Leiloada em 2013 e com contrato assinado em 2014, o projeto esteve em compasso de espera até meados deste ano quando a gestão Doria decidiu retomá-lo. Com parte das construtoras envolvida na Lava Jato e em recuperação judicial, causou estranheza que o governo do estado visse nesses grupos alguma esperança de realizar os serviços previstos.
A fragilidade dessas empresas ficou bastante clara nesta quarta-feira (11) após serem divulgados aditivos aos contratos dos lotes vencidos pela Mendes Júnior. A construtora, uma das mais tradicionais do país, está atualmente em recuperação judicial e teve seu contrato rescindido unilateralmente pelo governo do estado por conta de problemas na execução das obras do Rodoanel Norte. No entanto, ela venceu nada menos que quatro dos oito lotes da obra de 14 km que praticamente duplicará o movimento de passageiros da Linha 2.
Para contornar o problema, o governo do estado assinou três aditivos admitindo a entrada do grupo chinês PowerChina em três dos quatro lotes – o último está suspenso enquanto as desapropriações são realizadas. Assim como muitas empresas da China, a PowerChina é uma estatal gigante e que consta da lista das 500 maiores empresas do mundo da Fortune – é a 161ª colocada em 2019. A subsidiária brasileira foi aberta em julho do ano passado, mas a PowerChinha já atua no Brasil há mais tempo por meio de uma empresa coligada.
Segundo declarou ao jornal Valor Econômico, o secretário Alexandre Baldy (Transportes Metropolitanos) considerou a entrada da empresa chinesa fundamental para que as obras de expansão da Linha 2-Verde possam ser iniciadas em 2020.
Enfim, chineses nas obras de infraestrutura
Os três lotes em que a PowerChina participará a partir de agora envolvem as estações Orfanato, Água Rasa, Anália Franco, Guilherme Giorgi e Nova Manchester, além de túneis, terminal de ônibus e outras construções menores. No total, os contratos somam um valor de cerca de R$ 1,54 bilhão em valores da época.
Desde julho, o governo do estado autorizou que as empresas contratadas produzam os projetos executivos que darão subsídios para as obras civis de fato. A expectativa é de a ordem de serviço para início dos trabalhos ocorra em meados de 2020. A maior parte dos terrenos desapropriados já está de posse do Metrô, o que certamente facilitará a instalação de canteiros.
Segundo a secretaria, a extensão da Linha 2 até a Penha terá 8,3 km e custo estimado em R$ 5,5 bilhões. Embora não tenha citado prazos, o governo já estimou concluir o trecho até 2025, aproximadamente. Além da Mendes Júnior, fazem parte dos consórcios contradados empresas como a Cetenco, F. Guedes, Ghella, Consbem, Galvão Engenharia, Somague, Acciona (que deve assumir também a Linha 6) e a CRASA, que substituiu outra empresa do grupo, a CR Almeida, atualmente inidônea em São Paulo.
Com a participação da PowerChina nas obras da Linha 2, enfim o país assumirá uma obra de infraestrutura no estado após participarem de algumas licitações e terem demonstrado interesse em outros projetos como o da Linha 17. O governador Doria chegou a visitar a China em agosto para apresentar os projetos mais relavantes na área, porém, até então os chineses não chegaram a mostrar muita agressividade nesses leilões. Espera-se que esse quadro possa melhorar em 2020 quando teremos algumas concessões importantes na rede metroferroviária. Há uma grande expectativa sobre o trabalho dessas empresas no Brasil onde é preciso mais do que apenas dinheiro para destravar projetos.