O leilão de concessão das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, da CPTM, não “restará vazio”, como se diz no jargão das licitações, mas terá uma disputa menor do que faziam crer declarações de integrantes do governo e reportagens da grande mídia.
Como revelado nesta terça-feira, 25, apenas dois grupos compareceram à sessão pública de entrega de envelopes com as propostas, a CCR S.A. e a Comporte Participações S.A.
Em ata, a gestão estadual confirmou o credenciamento dos dois grupos, que atuam na operação sobre trilhos no país. Ou seja, nada de “europeus” ou “chineses”, como chegou-se a cogitar.
Não está claro ainda se as duas empresas vão disputar a chamada concessão do Lote Alto Tietê sozinhas ou se terão algum parceiro. A CCR tem feito uma parceria com o Ruasinvest Participações enquanto o Comporte venceu a concessão do Trem Intercidades Eixo Norte em sociedade com a chinesa CRRC.

Esses detalhes serão conhecidos na sexta-feira, 28, quando está marcado o leilão na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3.
A novidade nessa concessão foi a realização da entrega de envelopes três dias antes do certame, em vez disso ocorrer instantes antes da abertura do leilão. Trata-se de uma boa estratégia já que evita-se algum tipo de constrangimento e dá ao governo a opção de cancelar o leilão se não houver interessados.
Conhecimento de causa
A nova ausência de grandes operadores estrangeiros ou empresas de investimentos do exterior reforça a impressão que as concessões brasileira ainda carecem de atratividade e, sobretudo, previsibilidade.
O caos inicial que tomou conta da operação das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, assumidas pela ViaMobilidade (da parceria CCR e RuasInvest) dá bem uma ideia de como esses contratos podem tornar-se um mau negócio.

No caso do Lote Alto Tietê, o governo do estado buscou tornar a concessão o mais prevísivel e segura possível ao eliminar a necessidade de investimento em material rodante (novos trens) e sobretudo ao bancar praticamente todo investimento previsto.
Os ganhos, para Tarcísio de Freitas, estão na gestão mais eficiente da iniciativa privada, que pode tirar do papel projetos que estão há anos evoluindo lentamente nas mãos da CPTM, se muito.
Diante desse cenário, a disputa entre CCR e Comporte não surpreende. As duas já têm conhecimento de causa nesse tipo de operação, sobretudo a primeira.
Onde estão os demais concorrentes?
Seria sadio que novos players entrassem nesse jogo, a fim de não vermos uma malha sobre trilhos dominada por um grupo ou mesmo dois. Mas, por enquanto, essa hipótese parece difícil.
Além de CCR e Comporte, apenas a Linha Uni (Acciona) prestará esse tipo de serviço com a Linha 6-Laranja. Sua ausência no leilão era esperada já que o grupo espanhol está debruçado nos estudos da Linha 16-Violeta, do Metrô.
Esse projeto, que exige grande investimento, tempo e expertise em construção, se adequa mais ao perfil da Acciona além de ter sinergias com a Linha 6.
Cogitava-se que um consórcio formado pelas empresas Webuild (Itália), Sacyr e Keolis (França) seria o “terceiro concorrente” na concessão, mas não foi desta vez.
Outra que andou conversando com o governo e teria até aparecido na sessão de ontem foi a Transdev, também da França. O que as impediu de participar, no entanto, difícil saber.
Em Janeiro salvo engano lembro que publicaram uma notícia referente a empresas pedindo pro Governo adiar o Leilão, para terem mais tempo de estudar os projetos e tudo mais. Provavelmente, quem moveu essa petição foram as empresas francesas e o Governo as ignoraram completamente, como se tivessem armando o cenário pra uma dessas duas ganhar o certame. Agora o jeito é torcer pelo Comporte, pois a CCR ganhar já torna isso um monopólio… Estava ansioso pra que alguma das francesas vencessem o leilão mas infelizmente o Governo não ajudou.
Deveria ser suspenso esse leilão!
Só dois participantes com experiência em transporte ferroviário questionável!
O que será que há de errado nessa concessão para nenhum grupo estrangeiro se interessar?
Eu me sentiria mais confiante sobre essa concessão se algum grupo europeu ou asiático conseguisse tomar conta dessas linhas.
O que há de errado se chama Brasil. Esse já é um investimento arriscado, some isso ao fato do Brasil ser uma país arriscado de se investir e você entenderá o porque de haverem poucos investidores internacionais dispostos a colocar seu dinheiro aqui.
E não precisa ir muito longe para entender a insegurança jurídica e fiscal no Brasil, basta olhar o embate entre o IPHAN e a Linha UNI no caso da Linha 6
A conjuntura internacional influiu também. Com os EUA vivendo e promovendo instabilidade, fica difícil atrair empresas estrangeiras.
Podemos falar em fracasso em caso de apenas uma empresa participar efetivamente do leilão.
E quem lê o texto pensa que as Linhas 8 e 9 estavam com uma gestão pública ótima antes da concessão quando, na realidade, estavam estagnadas e com investimentos parados por má gestão por parte da CPTM (a Linha 8 não recebia um trem novo desde 1980 enquanto a Linha 9 tinha duas subestações de energia essenciais no papel).
Temos que tomar cuidado em não confundir os problemas reais da concessão com os problemas inventados por políticos e um grupo da imprensa movido por motivos políticos. Há interesse político e eleitoral de alguns em classificar a concessão das Linha 8 e 9 como um fracasso imutável, quando a realidade está bem longe disso.
“Linha 8 não recebia um trem novo desde 1980”
É isso que quer dar aula de conjuntura internacional, gestão pública e interesse político-eleitoral aplicadas no setor dos transportes galera
Alugar trens em um contrato condenado pelo TCE foi o máximo que a CPTM fez pela Linha 8 (e olha que a ideia original da CPTM era apenas reformar a série 5000 via PPP). Tem gente que se contenta com migalhas.
Deixava a CCR com o Alto Tietê e o Comporte com 10 / 14 vlt
“Os ganhos, para Tarcísio de Freitas, estão na gestão mais eficiente da iniciativa privada, que pode tirar do papel projetos que estão há anos evoluindo lentamente nas mãos da CPTM, se muito.”
estamos vendo mesmo a eficiência e os projetos saindo do papel nas mãos da iniciativa privada ….